- ID
- 5448772
- Banca
- Instituto Consulplan
- Órgão
- Prefeitura de Formiga - MG
- Ano
- 2020
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
O poder da juventude
Em janeiro de 1942, o escritor Mário de Andrade (1893-
1945) respondeu a uma carta que recebera de Fernando
Tavares Sabino (1923-2004), a quem de chofre sugeriu que
assinasse apenas Fernando Sabino. “Antes de mais nada: eu
achava que os estreantes deviam pôr nos seus livros a idade
que têm. Que idade tem você? Isso importa extraordinariamente nesse caso como o seu, por causa justamente das
possibilidades fartas. Se você está rodeando os vinte anos,
de vinte a vinte e cinco como imagino, lhe garanto que o seu
caso é bem interessante, que você promete muito. E o livro,
neste caso, é bom. Mas se você já tem trinta ou trinta e cinco
anos, já estudou muito (você parece de fato se preocupar
com a expressão linguística) e está homem-feito, não lhe
posso dar aplauso que valha.” Sabino tinha 18 anos e era
mais conhecido em Belo Horizonte pelas vitórias nos
campeonatos de natação do que por sua disposição de
mergulhar fundo na literatura. O resto é história, um encontro
marcado com a boa ficção e a crônica de excelência. Que
idade boa de ter, 20 anos — embora Paul Nizan, em Áden,
Arábia (1931), um clássico das letras francesas do século XX,
tenha alertado, um tanto derrotista: “Não me venham dizer
que é a mais bela idade da vida. Tudo ameaça um jovem de
destruição: o amor, as ideias, o afastamento da família, o
ingresso no meio dos adultos. Custa-lhe aprender o seu lugar
no mundo”.
Ter 20 anos é poder sonhar, poder errar e intuir que
haverá muito tempo ainda para correções e aprendizado —
é saber que o mundo, de um jeito ou de outro, conseguirá,
sim, um lugarzinho para a juventude e sua inesgotável força
transformadora. [...]
(Por “Da Redação”. Publicado em VEJA de 8 de janeiro de 2020. Edição
nº 2668. Adaptado.)
Depreende-se corretamente do texto que: