TEXTO 1
Leitura e escola
As situações de ensino, no formato oficinas de
leitura, círculos literários, projetos de narrativas de
ficção, sequências didáticas com diferentes
gêneros na escola, dentre outras atividades,
permitem, ou deveriam permitir a comunicação, o
estar com o outro, a interlocução, a dialogia da
leitura (Bakhtin, 1995 e 2003), o fazer-ser leitor em
seus modos de ler, conhecendo seus princípios e
operações ao/para ler variados escritos. O que
representa um modo de sair de seu cotidiano e
retornar a ele mais enriquecido, pois pleno de
possibilidades de um ensino desenvolvente, que
permita a humanização do indivíduo (Davidov,
1986; Libâneo, 2004).
Para Davidov (1986), crianças e jovens vão à
escola para aprender a cultura e internalizar os
meios cognitivos de compreender o mundo e
transformá-lo. Para isso, é necessário pensar -
estimular a capacidade de raciocínio e julgamento,
melhorar a capacidade reflexiva. Nessa direção,
Libâneo (2004) aponta que a "didática", hoje,
precisa comprometer-se com a qualidade cognitiva
das aprendizagens e esta, por sua vez, está
associada à aprendizagem do pensar. Cabe-lhe
investigar como se pode ajudar os alunos a se
constituírem como sujeitos pensantes, capazes de
pensar e lidar com conceitos, argumentar, resolver
problemas, para se defrontarem com dilemas e
dificuldades da vida prática. A razão pedagógica
está também, associada, inerentemente, ao valor,
a um valor intrínseco, que é a formação humana,
visando ajudar os outros a se constituírem como
sujeitos, a se educarem, a serem pessoas dignas,
justas, cultas.
Para adequar-se às necessidades contemporâneas
relacionadas com as formas de aprendizagem, a
"didática" precisa fortalecer a investigação sobre o
papel mediador do professor na preparação dos
alunos para o pensar - problematiza Libâneo
(2004). Mais precisamente: será fundamental
entender que o conhecimento supõe o
desenvolvimento do pensamento e que
desenvolver o pensamento supõe metodologia e
procedimentos sistemáticos do pensar. Para essa
empreitada, a teoria do ensino desenvolvente é
oportuna. Nesse caso, a questão está em como o
ensino pode impulsionar o desenvolvimento das
capacidades cognitivas mediante a formação de
conceitos teóricos. Ou, em outras palavras, o que
fazer para estimular as capacidades investigadoras
dos alunos ajudando-os a desenvolver habilidades
mentais (Libâneo, 2004, p.1-4).
Assim, falamos do sujeito aprendiz na constituição
de si mesmo, como agente de sua personalidade,
já na relação com as diversas conquistas humanas,
no processo de confrontação com as obras de arte
(Snyders, 1993) - em nossa delimitação de estudo,
o tornar-se membro efetivo de uma comunidade de
leitores em vista de uma "cultura em si, para uma
cultura para si", de uma "literatura em si para uma
literatura para si", de um "leitor em si' para um leitor
para si" (...)
GIROTTO, CGGS., SOUZA, RJ., and DAVIS, CL.
Metodologias de ensino – Educação literária e o
ensino da leitura: a abordagem das estratégias de
leitura na formação de professores e crianças. In:
DAVID, CM., et al., orgs. Desafios contemporâneos
da educação [online]. São Paulo: Editora UNESP;
São Paulo: Cultura Acadêmica, 2015. Desafios
contemporâneos collection, pp. 277-308
O Texto 01 apresenta uma concepção pedagógica
que considera as atividades de leitura, nas mais
diversas situações de ensino, fundamentais à
formação humana das crianças e jovens. A partir
do que o referido texto apresenta, pode-se
compreender como papel fundamental da escola,
no tocante à formação de leitores: