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ID
5460955
Banca
VUNESP
Órgão
EsFCEx
Ano
2021
Provas
Disciplina
História
Assuntos

As constantes reclamações, não só aquelas publicadas em periódicos da Corte, mas também as diversas cartas e petições enviadas para a Secretaria de Polícia da Província, informavam que os habitantes destes mocambos praticavam frequentes roubos na região, principalmente pirateando barcos, carregados de produtos, que navegavam os rios. Segundo as denúncias, os quilombolas usavam canoas – que mantinham escondidas nos manguezais dos inúmeros riachos afluentes do Iguaçu e Sarapuí — em seus assaltos e, “para evitarem os insultos dos salteadores – [quilombolas], alguns mestres daquelas lanchas têm pactuado com eles, pagando-lhes tributo de carne, farinha, etc.”. As dificuldades alegadas pelas autoridades para destruir os mocambos eram, entre outras, sua localização em regiões pantanosas de difícil acesso e a “conivência” com os quilombolas de comerciantes, taberneiros, cativos das plantações vizinhas, escravos remadores e lavradores.

(Flávio dos Santos Gomes, Quilombos do Rio de Janeiro no século XIX. In: Flávio dos Santos Gomes e João José Reis (orgs.), Liberdade por um fio: história dos quilombos no Brasil)

A partir do excerto, é correto afirmar que, em geral, as comunidades de escravos fugidos

Alternativas
Comentários
  • A história dos mocambos e dos quilombos, assim como das culturas africanas que foram trazidas para o Brasil, são pouco conhecidas pela população brasileira. E, apesar de História da África ser , em tese, obrigatória nos currículos escolares, não existe em grande parte das escolas do país, até mesmo porque o professorado ainda não tem formação para tal. Ainda é um conhecimento de especialistas dentro do grupo de historiadores. Via de regra a questão dos africanos trazidos para serem escravos é vista de forma episódica e o preconceito os trata como “ inferiores" e de “ culturas primitivas" .

    Há vasto estudo sobre a escravidão negra e nativa mas , pouco sobre culturas e povos africanos que vieram para cá. No entanto, já existe a disponibilidade de uma bibliografia , como a obra da qual foi retirado o trecho transcrito na questão. E, por exemplo “Quilombos e Quilombolas" por Alexandre Lobão. Ou ainda Mocambos e quilombos de Flávio dos Santos Gomes. Uma das alternativas apresenta uma conclusão correta acerca dos mocambos e quilombos 

    A)CORRETA- A proposta de organização dos mocambos e sua reunião em quilombos era de permitir a sobrevivência e segurança de escravos fugidos. E, não apenas africanos mas, muitas vezes, também nativos. Daí, era necessária uma localização estratégica que propiciasse segurança mas também a possibilidade de trocas , com pequenos proprietários, comerciantes e mascates , do necessário à manutenção da comunidade. 

    B) INCORRETA- Havia, é claro, a necessidade de proteção da comunidade. Daí a tendência à busca de locais mais isolados. Porém, os mocambos e quilombos, apesar de terem produção agrícola e artesanal, não eram totalmente auto-suficientes. 

    C) INCORRETA- Os pequenos proprietários que comerciavam com os quilombolas não eram , necessariamente, contra o status quo. Era uma questão de sobrevivência e lucros. 

    D) INCORRETA- A fuga de escravizados poderia ser auxiliada por quilombolas mas não em tal escala que ameaçasse a segurança do quilombo. Além disso, a produção de vestimentas era para consumo dentro da própria comunidade. 

    E) INCORRETA – Não era exatamente o saque que garantia alimentos para os quilombos, embora existissem. E sempre havia liderança , normalmente escolhida de acordo com as tradições e costumes mais comuns entre as culturas africanas. 

    Gabarito do Professor: Letra A.