SóProvas


ID
5477317
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
BANESE
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto CB1A1-I

    Em meados dos anos 80 do século passado, Haroldo de Campos tentava definir o sentimento geral de uma época marcada pela descrença no projeto estético e ideológico proposto pelo Modernismo. De acordo com o termo criado por ele, estaríamos vivendo um tempo pós-utópico.

    A designação me parece mais precisa que pós-moderno por dois motivos. Primeiro, porque evita certas ambiguidades — por exemplo, supor que se trata de um período cujo objetivo é encerrar definitivamente a modernidade, o “pós” sugerindo a ruptura radical, e não uma redefinição de caminhos. Depois, porque aponta para a diferença principal entre o imaginário estampado na produção estética ― não só a literária ― da primeira metade do século (e um pouco além) e aquele que temos vivenciado desde, pelo menos, o final dos anos 60 do século passado.

    Tanto a geração de 20 quanto a de 30 eram guiadas por um projeto definido, ousado. Havia uma luta, havia algo a ser combatido: o gosto aristocrático, a mesmice burguesa, para os modernistas da Semana de Arte Moderna de 1922; o atraso político, a opressão, as desigualdades sociais, no caso da geração seguinte. Por mais que existam diferenças entre esses dois momentos do Modernismo, há, em ambos, algo de missionário.

    No balanço do movimento modernista feito por Oswald e, sobretudo, Mário de Andrade, destacam-se, como crítica, o caráter superficial do movimento, sua “festividade”, seu descompromisso com questões estruturais mais “sérias”, o não enfrentamento das mazelas sociais, econômicas e políticas que mereceriam atenção prioritária. Mesmo reconhecendo as inestimáveis contribuições do movimento no sentido de ser um preparador das mudanças sociopolíticas posteriores, Mário condena certa ignorância dos modernistas acerca das verdadeiras condições culturais (em sentido lato) do país.

Flávio Carneiro. No país do presente: ficção brasileira do início do século XXI. Rocco Digital. Edição do Kindle (com adaptações). 

Com relação às ideias, aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, julgue o item que se segue.


Infere-se do texto que Haroldo de Campos defende que o termo “pós-utópico” é mais adequado que o termo “pós-moderno” para definir o sentimento de descrença no projeto estético e ideológico proposto pelo Modernismo.

Alternativas
Comentários
  • GAB E

    Creio que mesmo no infere-se , o termo ´´mais adequado``   torna a questão errada .

    Em nenhum momento ele prega por essa superioridade ( mais adequado ) .

  • Infere-se do texto que Haroldo de Campos defende que o termo “pós-utópico” é mais adequado que o termo “pós-moderno”. Errado

    Haroldo Campos cunhou o termo "Pós-Utópico". Quem defende que esse termo é mais adequado é o autor do texto, e não ele.

  • Errado

    "A designação me parece mais precisa que pós-moderno por dois motivos"

    infere-se que o autor do texto defende o termo “pós-utópico” como mais adequado que o termo “pós-moderno e não Haroldo Campos.

  • Como falado pelos colegas, o texto traz de forma explícita que a defesa do termo "pós-utópico" como sendo mais adequado que o termo “pós-moderno” é feita somente pelo autor do texto no segundo parágrafo.

    Acredito que a maior confusão gerada é saber se o fato de Haroldo Campos ter criado o termo "pós-utópico" significa necessariamente que ele defendia o termo como sendo mais adequado que o "pós-moderno" para se referir a esse período, o que, na minha opinião, configura extrapolação.

  • Eu ja teria reprovado nessa prova, errei umas três questões de interpretação.

  • Gabarito: E

    Haroldo de Campos apenas intitulou o termo "Pós-utópico". Quem defende que esse termo é mais adequado que o "Pós-modernidade" é o autor do texto, senão vejamos:

    "A designação me parece mais precisa que pós-moderno (...)"

  • Cai na pegadinha rs...

  • As questões de inferências se limitam na maior parte das vezes a simplesmente serem reescrituras de momentos do texto, ou de uma dada passagem do texto. Nessa hora, é muito mais necessário atenção à leitura do que o texto disse, para ver se é possível admitir tal possibilidade de reedição do texto. Pouquíssimas são as questões que, de fato, sejam de fato para se inferir algo. Lembrando que inferir não é reescrever, mas sim saber o que avaliar o que tal passagem do texto tem como pré-argumento a permitir que tal afirmação seja veiculada, ou avaliar se tal argumento é uma decorrência possível de ser afirmada tão-somente em função do co-texto"

  • Minha contribuição.

    Interpretação de texto: consiste em saber o que se infere (conclui) do que está escrito. Os comandos de interpretação (está fora (além) do texto) são:

    Depreende-se/infere-se/conclui-se do texto que...

    O texto permite deduzir que...

    É possível subentender-se a partir do texto que...

    Qual a intenção do autor quando afirma que...

    O texto possibilita o entendimento de que...

    Com o apoio do texto, infere-se que...

    O texto encaminha o leitor para...

    Pretende o texto mostrar que o leitor...

    O texto possibilita deduzir-se que...

     

     

    Compreensão de texto: consiste em analisar o que realmente está escrito, ou seja, coletar dados do texto. Os comandos de compreensão (está no texto) são:

    Segundo o texto...

    O autor/narrador do texto diz que...

    O texto informa que...

    No texto...

    Tendo em vista o texto...

    De acordo com o texto...

    O autor sugere ainda...

    O autor afirma que...

    Na opinião do autor do texto...

    Fonte: Colaboradores do QC

    Abraço!!!

  • Quem acha a designação do termo 'pós-utópico' mais adequado é o autor do texto e não Haroldo de Campos.

  • Haroldo de Campos criou o termo, apenas.

    Quem defende é o autor do texto, Flávio Carneiro.

  • creio que houve extrapolação, portanto errado

    aprovado em concurso em 2021. Glória a Deus

  • CLARO, O SUJEITO CRIARIA UM TERMO, QUE ELE NÃO ACREDITARIA PERTINENTE, PARA DEFINIR ALGO.

    GÊNIO

  • eu não entendo o sentimento de quem justifica esses gabaritos.

    pq raios, Deus meu, meu pai, Haroldo Campos usava o termo "pós-utópico" e não pós-modernismo, se não por achar que esse termo era mais adequado?

    isso daí, o CESPE muda o gabarito de certo pra errado, antes de dar bom dia.

  • tem que pensar que alguém, um autor, ta escrevendo o texto e cita o Haroldo. affffffffffffffffff

  • Infere-se do texto que Haroldo de Campos defende que o termo “pós-utópico” é mais adequado que o termo “pós-moderno” para definir o sentimento de descrença no projeto estético e ideológico proposto pelo Modernismo. "ERRADA"

    (...) Haroldo de Campos (...). De acordo com o termo criado por ele, estaríamos vivendo um tempo pós-utópico.

      

      A designação me parece mais precisa que pós-moderno por dois motivos. [Quem defende é o autor do texto, Flávio Carneiro.]

    HAROLDO DE CAMPOS >>> criou o termo 'pós-utópico'.

    FLAVIO CARNEIRO, AUTOR DO TEXTO, >>> defende que o termo “pós-utópico” é mais adequado que o termo “pós-moderno”

  • A única coisa que é possível inferir do texto é que Haroldo de Campos criou o termo "pós-utópico".

    Quem diz que o termo "pós-utópico" é melhor em face de "pós-modernismo" é o autor do texto, Flávio Carneiro.

    Sejam literais pessoal. A assertiva questiona se "Haroldo de campos defende...". Volte ao texto e veja se Haroldo está defendendo alguma coisa. Se não estiver a assertiva é errada. No caso em tela ele só foi citado como criador de "pós-utópico".

  • Haroldo tentava definir mas não defende ...

  • A designação me parece mais precisa que pós-moderno por dois motivos...

    Flávio Carneiro. No país do presente: ficção brasileira do início do século XXI. Rocco Digital. Edição do Kindle (com adaptações). 

  • Quando a Cebraspe cobra inferência, ela quer o que se pode deduzir, de forma lógica, do texto. Não o que está escrito.

    Se Haroldo de Campos criou o termo "pós-utópico", não cabe inferir que ele o defende como melhor?