Leia-se o trecho:
“O sol acordou feliz.”
"Sol" é um substantivo que nomeia um astro, algo inanimado, sem vida. Ele não acorda feliz, visto que isso é uma ação intrínseca a seres vivos, em especial seres humanos. Ora, essa conferência de ações, qualidades ou sentimentos humanos a seres inanimados chama-se animismo, personificação ou prosopopeia. Também é utilizada para emprestar vida e ação, não necessariamente humanas, a seres inanimados, a coisas. Exs.:
“O carrinho tem pouco serviço e passa mor parte do tempo no depósito.” (Monteiro Lobato)
“Os sinos chamam para o amor.” (Mario Quintana)
“(...) o sol, no poente, abre tapeçarias...” (Cruz e Sousa)
“Um frio inteligente (...) percorria o jardim...” (Clarice Lispector)
“A noite surpreendeu-os sorrindo.” (Murilo Rubião)
“O sangue latejava-me surdamente nos pulsos, no peito, na testa.” (Clarice Lispector)
Inspecionemos os itens:
a) Metonímia
Incorreto. Pode ser definida como relações reais de ordem qualitativa que levam a empregar metonimicamente uma palavra por outra, a designar uma coisa com o nome de outra. Exs.: ler Raul Pompeia (ler a obra de Raul Pompeia), ingerir o copo de cachaça (ingerir o líquido, a cachaça);
b) Hipérbole
Incorreto. É a figura do exagero, do excesso. Servem-se dela para deformar a realidade. Exs.:
“Rios te correrão dos olhos, se chorares!” (Olavo Bilac)
“Os autos voam pela via central, e cruzam-se pedestres em todas as direções.” (Monteiro Lobato)
c) Prosopopeia
Correto. Vide detalhamento inicial;
d) anacoluto
Incorreto. É o rompimento da estruturação lógica da oração. Exs.:
“O relógio da parede, eu estou acostumado com ele.” (Rubem Braga)
“Essas criadas de hoje, não se pode confiar nelas.” (Aníbal Machado)
“Eu, não me importa a desonra do mundo.” (Camilo Castelo Branco)
“Almas penadas, isso nem era bom falar.” (Monteiro Lobato)
“Os meus primos, esses ninguém podia com eles.” (José Lins do Rego)
“O meu avô, nunca o vi rezando.” (José Lins do Rego)
e) onomatopeia
Incorreto. É a atribuição a certos sons linguísticos, ou grupamento deles, de capacidade especial para imitir, ou, de certo modo, sugerir determinados ruídos naturais. Exs.: cri-cri, zum-zum, tique-taque, plic-plic, etc.
Letra C
A questão é sobre figuras de linguagem e quer saber qual a figura de linguagem presente em “O sol acordou feliz.” . Vejamos:
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A) metonímia
Errado.
Metonímia: consiste em usar uma palavra por outra, com a qual se acha relacionada. Essa troca se faz não porque as palavras são sinônimas, mas porque uma evoca a outra. Há metonímia quando se emprega, por exemplo:
O autor pela obra: Nas horas de folga lia Camões. [Camões = a obra de Camões]
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B) hipérbole
Errado.
Hipérbole: é uma afirmação exagerada. É uma deformação ela verdade que visa a um efeito expressivo.
Ex: Chorou rios de lágrimas.
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C) prosopopeia
Certo. O "sol" não "acorda feliz", já que isso é uma ação intrínseca a seres humanos. Há aqui, portanto, uma personificação, também chamada de prosopopeia e animização.
Personificação: é a figura pela qual fazemos os seres inanimados ou irracionais agirem e sentirem como pessoas humanas. É um precioso recurso da expressão poética. Por meio desta figura, também chamada prosopopeia e animização, empresta-se vida e ação a seres inanimados.
Ex.: A Morte roubou-lhe o filho mais querido.
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D) anacoluto
Errado.
Anacoluto: é a quebra ou interrupção do fio da frase, ficando termos sintaticamente desligados do resto do período, sem função. O termo sem nexo sintático coloca-se, em geral, no início da frase para se lhe dar realce.
Ex.: "Essas criadas de hoje não se pode confiar nelas."
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E) onomatopeia
Errado.
Onomatopeia: Consiste no aproveitamento de palavras cuja pronúncia imita o som ou a voz natural dos seres. É um recurso fonêmico ou melódico que a língua proporciona ao escritor.
Ex.: "Pedrinho, sem mais palavras, deu rédea e, lept! lept! arrancou estrada afora."
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Referência: CEGALLA, Domingos Pascoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa, 48.ª edição, São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008.
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Gabarito: Letra C