- ID
- 5496235
- Banca
- Itame
- Órgão
- Prefeitura de Colinas do Sul - GO
- Ano
- 2020
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
O desgaste das lives e a banalização da pandemia
Gregory Combat
Desde o início da pandemia, o formato das lives
se tornou grande alavanca do uso das redes com
apresentações de todos os segmentos, com destaque para
as atrações musicais que chegaram a alcançar mais de 3
milhões de pessoas em tempo real. De acordo com os
dados da plataforma do Google Trends, que monitora as
palavras-chave mais buscadas na internet, entre abril e
maio, ocorreram picos de buscas pela palavra “live”.
Marília Mendonça, que alcançou 3,31 milhões de
espectadores simultâneos, e Jorge e Mateus, que tiveram
3,24 milhões, demonstram a potência do formato que
começou a disputar em níveis de equidade a audiência em
horário nobre da televisão aberta.
Não só na música, como no teatro, literatura,
dança, as lives possibilitaram novas formas de conexão e
interação. Mas como isso tudo aconteceu em uma
explosão e saída emergencial para toda uma cadeia
produtiva, a saturação no número de transmissões
começou a diluir o público. Pense, por exemplo, em
milhares de canais tentando chamar a atenção do
espectador para suas demandas.
E não só do espectador que se vive uma live,
muitas são pensadas para exibição dos patrocinadores,
para exibirem suas marcas ou montarem a cenografia de
acordo com seu conteúdo. Tudo evoluiu tão rápido que
começamos a ter comerciais dentro das transmissões ao
vivo. O nível de visibilidade e a nova forma de
distribuição do mercado se reestruturaram nesse curto
período de tempo.
Já no último mês nos deparamos com um
declínio agudo tanto no interesse do público e da busca
pelas lives, como na produção dos próprios artistas nessa
plataforma.
Esse desinteresse reflete também a flexibilização
e o processo de retorno gradual às atividades, depois de
mais de 150 dias de confinamento. A meu ver, elas
também estão ligadas a outro detalhe: quando surgiram,
as lives tinham uma finalidade social de mobilização que
unia as pessoas em um momento de exceção e dúvida,
mas com o passar do tempo se tornaram apenas mais uma
atração comum, mesmo para quem permanece em casa.
[..]
O que precisamos insistentemente questionar é
que todos esses processos estão ligados, em nosso país, a
banalização da pandemia. Enquanto acontece a
flexibilização, chegamos ao marco de mais de 100 mil
mortes [...].
Considerando as escolhas linguísticas feitas pelo autor, pode-se dizer que: