• na primeira (BRINCADEIRA), a espontaneidade é dominante e não se tem regras fixas.
• na segunda (JOGO), as regras da interação efinem claramente quem é quem e que papéis se devem cumprir.
• na terceira (OUTRO GENERALIZADO), o indivíduo tem acesso a todos os papéis de sua comunidade, sendo capaz de ver-se neles, compreendendo o comportamento dos outros e a eles respondendo, adequadamente, durante o curso da interação à vida social.
"Mead tenta desenvolver, em Mind, self and society e outros escritos, uma ontogênese do self, classificando seu desenvolvimento em três fases. Numa primeira fase, preparatória, a criança imita as ações dos outros, que procuram 'socializá-la': aponta para objetos, inclusive para ela própria, emitindo sons similares aos que ouve de outras pessoas quando observa situações correlatas. Entretanto, a interação, nesse estágio, não passa de imitação, pois não comporta uma compreensão simbólica. Já é possível a emergência de um significado, pois 'se o gesto indica ao outro organismo o comportamento subsequente (ou resultante) desse organismo, então há significado'."(p. 50)
"A fase seguinte é a da 'brincadeira' (play), que ocorre durante a aquisição da linguagem. Durante esse período, a criança assume a perspectiva das pessoas que respeita, que teme ou com que se identifica; tais indivíduos, os 'outros significantes', funcionam como modelos de papéis para o comportamento da criança. (...) Tais pessoas ou personagens são responsáveis pela emergência do self, e isso ocorre com um significante de cada vez. (...) A brincadeira é uma atividade individual, sujeita a regras próprias para cada indivíduo." (p.51-2)
"O terceiro estágio do desenvolvimento do self é representado pela atividade do 'jogo', que envolve a necessidade de assumir diversas perspectivas simultaneamente, e não apenas em relação a um determinado 'outro significante'. A criança, no jogo, deve não só tomar o papel do outro, assim como faz na brincadeira, mas assumir os vários papéis de todos os participantes no jogo, e guias suas ações convenientemente. A criança passa a incorporar em seu jogo as reações dos outros jogadores em suas diferentes posições; essa reação organizada é o que Mead chama de 'outro generalizado' que acompanha e controla a conduta e que faz emergir o self na experiência do indivíduo (1925, p. 269-70). Nessa fase, o self incorpora perspectivas múltiplas, parciais, constituindo um self unitário a partir do 'outro generalizado', a sociedade. (...) A hipótese de internalização do 'outro generalizado' para explicar o self social seria adequada para a justificação da multiplicidade de identidades, papéis sociais e perspectivas que convivem nas sociedades contemporâneas do mundo em processo de globalização?" (p. 52-3)
Fonte: Jordão Horta Nunes