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ID
5547061
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Osasco - SP
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto de Marcos Rey, para responder à questão.


O coração roubado


    Eu cursava o último ano do primário e como já estava com o diplominha garantido, meu pai me deu um presente muito cobiçado: “O coração”, famoso livro do escritor italiano Edmondo de Amicis, best-seller1 do gênero infantojuvenil. À página de abertura, lá estava a dedicatória do velho com sua inconfundível letra esparramada. Como todos os garotos da época, apaixonei-me por aquela obra-prima, tanto que a levava ao grupo escolar para reler trechos no recreio.
    Justamente no último dia de aula, o das despedidas, após a festinha de formatura, voltei para a classe a fim de reunir meus objetos escolares, antes do adeus. Mas onde estava “O coração”? Onde? Desaparecera. Tremendo choque. Algum colega na certa o furtara. Não teria coragem de aparecer em casa sem ele.
    Ia informar à diretora quando, passando pelas carteiras, vi o livro bem escondido sob uma pasta escolar. Mas era lá que se sentava o Plínio, não era? Plínio, o primeiro da classe em aplicação e comportamento, o exemplo para todos nós. Inclusive o mais bem limpinho, o mais bem penteadinho, o mais tudo. Confesso, hesitei2 . Desmascarar um ídolo? Então peguei o exemplar e o guardei na minha pasta. Caladão. Sem revelar a ninguém o acontecido.
    Passados muitos anos, reconheci o retrato de Plínio num jornal. Advogado, fazia rápida carreira na Justiça.
    E, quando o desembargador Plínio já estava aposentado, mudei-me para meu endereço atual. Durante a mudança, alguns livros despencaram de uma estante improvisada. Um deles era “O coração”. Saudades. Havia quantos anos não o abria? Lembrei-me da dedicatória do meu falecido pai. Procurei e não a encontrei. Teria a tinta se apagado? Na página seguinte havia uma dedicatória. Mas não reconheci a caligrafia paterna: “Ao meu querido filho Plínio, com todo o amor e carinho de seu pai”.

(Coleção Melhores Crônicas – Marcos Rey. Seleção Anna Maria Martins. Global, 2010. Adaptado)

1 best-seller: livro que é sucesso de vendas
2 hesitei: fiquei na dúvida

Assinale a alternativa correta a respeito do texto.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: A

    a) Em – já estava com o diplominha garantido (1º parágrafo) –, entende-se que o autor possuía boas notas para ser aprovado. → Correto. A gente entende isso quando lê o trecho completo: "Eu cursava o último ano do primário e, como/visto que já estava com o diplominha garantido, meu pai me deu um presente muito cobiçado."

     O pai lhe deu o presente cobiçado, pois o filho estava com o diploma garantido, isto é, já estava aprovado.

     

    b) Em – lá estava a dedicatória do velho com sua inconfundível letra (1º parágrafo) –, entende-se que o pai tinha uma letra indecifrável. → Errado. Ao dizer que a letra do pai é inconfundível, o autor nos revela que a letra de seu pai é facilmente reconhecida por ele, e não indecifrável.

     

    c) Em – após a festinha de formatura, voltei para a classe (2º parágrafo) –, entende-se que a comemoração foi muito pomposa. → Errado. Quando o autor utiliza o substantivo (festa) no diminutivo (festinha), quer dizer que a festa foi simples, e não pomposa. É como quando alguém faz aniversário e o familiar diz: "Vamos fazer só um bolinho para não passar em branco" rsrs.

     

    d) Em – fazia uma rápida carreira na Justiça (4º parágrafo) –, entende-se que Plínio trabalhou poucos anos na área da Justiça. → Errado. Quando o autor nos diz que Plínio fez uma rápida carreira, quer nos dizer que ele rapidamente avançava, progredia na carreira dentro da Justiça.

     

    e) Em – Na página seguinte havia uma dedicatória (último parágrafo) –, entende-se que na página do livro havia uma advertência. → Errado. Dedicatória é a inscrição afetuosa que marca um presente ou lembrança, como livro, retrato etc., e não uma advertência.

     

    Espero ter ajudado.

    Bons estudos! :)

  • Quanto à alternativa (D):

    Advogado, fazia rápida carreira na Justiça. → Ascensão rápida na carreira, tanto que se tornou desembargador.

  • Até entendo que o fato de Plínio se tornar desembargador torna a assertiva incorreta. Mas, no período em que se insere, “rápida” está no feminino para qualificar a carreira. Se estivesse funcionando como advérbio do verbo ‘fazer’, entendo que seria no sentido de subir rápido na carreira. Ao meu ver, o adjetivo está empregado incorretamente, deveria ser um advérbio para dar o sentido de ‘fazer carreira rápido’.