SóProvas


ID
5559013
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
SEDUC-AL
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 14A1-I


    As línguas são, de certo ponto de vista, totalmente equivalentes quanto ao que podem expressar, e o fazem com igual facilidade (embora lançando mão de recursos bem diferentes). Entretanto, dois fatores dificultam a aplicação de algumas línguas a certos assuntos: um, objetivo, a deficiência de vocabulário; outro, subjetivo, a existência de preconceitos.

    É preciso saber distinguir claramente os méritos de uma língua dos méritos (culturais, científicos ou literários) daquilo que ela serve para expressar. Por exemplo, se a literatura francesa é particularmente importante, isso não quer dizer que a língua francesa seja superior às outras línguas para a expressão literária. O desenvolvimento de uma literatura é decorrência de fatores históricos independentes da estrutura da língua; a qualidade da literatura francesa diz algo dos méritos da cultura dos povos de língua francesa, não de uma imaginária vantagem literária de se utilizar o francês como veículo de expressão. Victor Hugo poderia ter sido tão importante quanto foi mesmo se falasse outra língua — desde que pertencesse a uma cultura equivalente, em grau de adiantamento, riqueza de tradição intelectual etc., à cultura francesa de seu tempo.

    Igualmente, sabe-se que a maior fonte de trabalhos científicos da contemporaneidade são as instituições e os pesquisadores norte-americanos; isso fez do inglês a língua científica internacional. Todavia, se os fatores históricos que produziram a supremacia científica norte-americana se tivessem verificado, por exemplo, na Holanda, o holandês nos estaria servindo exatamente tão bem quanto o inglês o faz agora. Não há no inglês traços estruturais intrínsecos que o façam superior ao holandês como língua adequada à expressão de conceitos científicos.

    Não se conhece caso em que o desenvolvimento da superioridade literária ou científica de um povo possa ser claramente atribuído à qualidade da língua desse povo. Ao contrário, as grandes literaturas e os grandes movimentos científicos surgem nas grandes nações (as mais ricas, as mais livres de restrições ao pensamento e também — ai de nós! — as mais poderosas política e militarmente). O desenvolvimento dos diversos aspectos materiais e culturais de uma nação se dá mais ou menos harmoniosamente; a ciência e a arte são também produtos da riqueza e da estabilidade de uma sociedade.

    O maior perigo que correm as línguas, hoje em dia, é o de não desenvolverem vocabulário técnico e científico suficiente para acompanhar a corrida tecnológica. Se a defasagem chegar a ser muito grande, os próprios falantes acabarão optando por utilizar uma língua estrangeira ao tratarem de assuntos científicos e técnicos.


Mário A. Perini. O rock português (a melhor língua para fazer ciência). In: Ciência Hoje, 1994 (com adaptações). 

Considerando os sentidos e os aspectos linguísticos do texto 14A1-I, julgue o item a seguir. 


O emprego da expressão “ai de nós!” (quarto parágrafo) indica que o texto foi construído com base na modalidade coloquial da língua portuguesa. 

Alternativas
Comentários
  • ai de nós!

    foi apenas uma ilustração da linguagem coloquial. Isso n justifica que o texto em sua completude tem esse caráter.

  • A maior parte do texto está no sentido formal da Língua Portuguesa, com correção gramatical e diversos argumentos elaborados. A presença de uma ou outra expressão coloquial não torna o texto integralmente coloquial, atentem-se ao todo.
  • GAB [Errado]✓ só um trechinho foi escrito na linguagem coloquial, não o texto inteiro.
  • O caso em tela é uma interjeição, ou melhor, uma locução interjetiva. Trata-se de de um recurso da linguagem afetiva ou emocional. Essa pequena locução não dá ao texto aspectos de uma estruturação coloquial, na verdade a construção se dá de acordo com as regras formais. Como dito anteriormente, foi apenas um recurso que o autor utilizou para construção de seu texto.

  • A linguagem coloquial, informal, natural ou popular é uma linguagem utilizada no cotidiano em que não exige a atenção total da gramática, de modo que haja mais fluidez na comunicação oral. Na linguagem informal usam-se muitas gírias e palavras que na linguagem formal não estão registradas ou têm outro significado. Wikipédia
  • Observação: não generalizar ! Nas questões que solicitem o sentido, é fundamental ler o texto na íntegra !
  • a expressão sim, coloquial/informal.

    O texto culto/formal.