SóProvas


ID
5568376
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
FUNPRESP-JUD
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Filosofia em dois desenhos

    Fui caminhar. E na calçada me deparei com um estranho indivíduo. Carregava um saco plástico enorme que, pelo perfil do conteúdo, calculei estivesse cheio de latinhas. Mal acabei de pensar, o homem se acocorou na calçada. Extraiu de alguma parte uma pedra branca parecendo ser cal prensada, e com ela começou a desenhar no cimento.
    Parei para ver, atraída pelo ritual que se esboçava. O homem desenhou dois círculos um diante do outro, quase encostados, e dentro deles desenhou duas setas convergentes.
    Levantou-se, olhou sua obra com satisfação, andou cinco ou seis passos e, novamente, se acocorou. Continuava com a pedra de cal na mão.
    Mas o desenho que fez foi diferente. Riscou dois traços, colocados na mesma distância dos dois círculos, e atrás deles desenhou duas setas que apontavam uma para a outra.
    Segui adiante refletindo sobre o que havia presenciado. A primeira coisa que me veio à cabeça foi a Serra da Capivara, que visitei numa ida a Teresina para algum congresso ou palestra. Trouxe de volta a louça que a arqueóloga franco-brasileira Niéde Guidon, há muitos anos responsável pelo sítio arqueológico, ensinou os locais a fazerem para terem uma fonte de subsistência. Louça com impressos os mesmos desenhos estampados na rocha, que se acredita serem vestígios de uma cultura paleoamericana. Pois, como um ser primitivo, o homem havia estampado seus pensamentos e sua visão interior na mais moderna das rochas: o cimento.
    Havia reparado que o homem estava muito sujo e desgrenhado. Calçava havaianas de sola já bem fininha e roupas indefinidas. Provavelmente era mais um morador de rua. E como morador de rua, usava a mesma calçada em que dormia para se expressar. Usava a calçada, único bem que lhe pertencia, como se fosse papel para desenhar ou escrever. Porque não há dúvida de que, ao desenhar, aquele homem estava escrevendo.
    Estava escrevendo a sua dificuldade para se comunicar. Preso dentro de um círculo, pouco adiantava que as setas apontassem em direção uma da outra. Ele não conseguia obedecer à ordem das setas, pois continuava contido pela linha que delimitava o círculo.
    Coisa idêntica dizia o segundo desenho, agora com um traço, uma parede, um muro, impedindo-o de obedecer ao comando das setas.
    Pode até ser que o homem, através de seus desenhos estivesse desenvolvendo uma teoria filosófica sobre a incomunicabilidade dos seres humanos. Que, se por um lado não conseguem viver sozinhos (significado das setas instando à comunicação), por outro lado não conseguem se entender (significado dos círculos e dos traços impeditivos).
    Avançando nessa teoria, chegaríamos à conclusão de que tudo o que é coletivo resvala no pessoal. Assim como os desenhos do homem, tão íntimos e pessoais, destinavam-se a quem quer que passasse naquela exata calçada de Ipanema.

Adaptado de: https://www.marinacolasanti.com/2021/09/filosofiaem-dois-desenhos.html [Fragmentos]. Acesso em: 18 set. 2021.

Considerando os aspectos linguísticos do texto de apoio e os sentidos por eles expressos, julgue o seguinte item. 


Em “Avançando nessa teoria chegaríamos à conclusão de que tudo o que é coletivo resvala no pessoal.”, os vocábulos “que” pertencem a mesma classe gramatical e apresentam a mesma função textual: retomar um termo previamente exposto na oração.

Alternativas
Comentários
  • Cadê os comentários da galera ? :( kkkk

  • ótima questão de prova.

  • pouca gente estudando essa semana. kkkkk
  • Mas que tipo de gente que fica aí nos feriadão da virada do ano estudando?

    Depois querem reclamar que estão sozinhos e ninguém ajuda a comentar as questões.

    Vão curtir, beber, fazer umas festinhas poxa.

    Ops. Eu também estou aqui estudando.

  • 1° Que > Conjunção Integrante - Introduz OSSCL

    2° Que > Pronome Relativo e está acompanhado de um pronome Demonstrativo O (AQUILO)

    caso esteja errado, pv, corrija.

  • Acertei, mas se dormir no ponto perde a questão! 1° "que" conjunção integrante, 2° "que" pronome relativo

    Gabarito: E

    PMPI, ja to cansado! kkkkk, vai que cole!

  • 1º "que" - CONJUNÇÃO INTEGRANTE

    “Avançando nessa teoria chegaríamos à conclusão de que: chegaríamos à conclusão DISTO.

    2º "que" - PRONOME RELATIVO

    "tudo o que é coletivo resvala no pessoal.” : retoma um termo anterior.

  • Gabarito: E

    Comado da questão: Em “Avançando nessa teoria chegaríamos à conclusão de que tudo o que é coletivo resvala no pessoal.”, os vocábulos “que” pertencem a mesma classe gramatical e apresentam a mesma função textual: retomar um termo previamente exposto na oração.

    Observe o seguinte: no comando da questão ela quer saber se o "que" é ou não um pronome relativo, pois fala em retomar um termo anterior.

    No trecho dado temos a expressão "de que", posposto ao substantivo abstrato 'conclusão'.

    Aqui, temos de relembrar o conceito de orações subordinadas substantivas.

    Orações subordinadas substantivas completiva nominal

    Exercem o papel de complemento nominal, ou seja, completa o sentido do nome da oração. Ela sempre é inserida por uma preposição.

    • Todos nós temos esperança de que a humanidade pare de destruir o planeta.

    • Sinto necessidade de que você me deixe um pouco sozinho.

    Bem, feito isso, é só lembrar que para saber se é ou não conjunção integrante o "que" em caso, é só substituir por (ISSO).

    (...) chegaríamos à conclusão de que

    (...)chegaríamos à conclusão disso

    Obs: O "de" no (disso) apareceu devido à regência do termo conclusão.

  • “Avançando nessa teoria chegaríamos à conclusão de que tudo o que é coletivo resvala no pessoal.”

    O "que" é uma conjunção integrante (Dá pra trocar por DISSO)

    O "que" é um pronome relativo (Dá pra introduzir AQUILO antes do que)

    Outro exemplo;

    A que chegou é engenheira. (introduzindo o Aquela) fica;

    Aquela que chegou é engenheira. (Pronome relativo)

    Lembrando que o PRONOME RELATIVO - recupera o termo antecedente.

  • Em “Avançando nessa teoria chegaríamos à conclusão de que tudo o que é coletivo resvala no pessoal.”, os vocábulos “que” pertencem a mesma classe gramatical e apresentam a mesma função textual: retomar um termo previamente exposto na oração.

    Em outras palavras: a questão quer saber se o QUE é pronome relativo.

    Vejamos:

    Avançando nessa teoria chegaríamos à conclusão disso______________

    __________________________________________________________tudo o que é coletivo resvala no pessoal.

    Logo, o QUE apresenta o substantivo. Temos uma oração substantiva.

    Qual conclusão chegaria avançando nessa teoria? De que tudo que é coletivo resvala no pessoal.

    O que na questão é uma conjunção integrante, apresentando uma oração subordinada substantiva.

    !!! Conjunções integrantes são conjunções subordinativas que introduzem orações substantivas, ou seja, orações que atuam como um substantivo na frase, desempenhando funções de sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicado nominal e aposto. Conjunções integrantes: que, se.

    Gabarito: errado

  • Minha contribuição.

    Conjunções subordinativas integrantes

    Ex.: Eu sei que vai chover. (isto)

    Ex.: Não sei se vai chover. (isto)

    Pronomes relativos: que, quem, onde, cujo, quanto, o qual, a qual, os quais, as quais.

    Ex.: Este é o livro que chamou minha atenção.

    Abraço!!!

  • O Pestana alerta sobre a construção do "O" antes do "QUE". Na verdade, trata-se de um pronome relativo antecedido de um pronome demonstrativo.

    Tudo O QUE é coletivo resvala no pessoal = Tudo AQUILO O QUAL é coletivo resvala o pessoal.

  • Que venha pelo menos uma assim na prova, para não estragar o velório.