Instrução: Leia o texto a seguir para responder à questão.
Saber parar
Vamos começar pelo final, para ninguém aí querer pular para a última linha. A ansiedade é uma
antiga conhecida da nossa espécie e tem uma função importante: preparar o corpo e a mente para decisões e
ações ligeiras numa situação de forte estresse. Por exemplo, a de esbarrar com um predador faminto numa
savana africana. A questão é que o ambiente e os desafios de hoje mudaram muito desde a Pré-História. Os
predadores agora são outros e atendem pelo nome de excesso de estímulos – de informação, de tarefas, de
metas.
Essas batalhas diárias podem deixar feridas, dor e dúvida. E o pior é que fomos ensinados a passar
por cima de tudo isso e seguir pleníssimos, apesar do peso. Como se fôssemos máquina. E aí o mecanismo
natural que nos salva de tantos perigos nunca tem trégua. Fica ligado constantemente, trazendo problemas e,
muitas vezes, a necessidade de buscar ajuda profissional para ajustá-lo. Porque somos humanos.
Não sei bem de que forma chegamos até aqui, na normalização do ato de sorrir para o outro enquanto
por dentro a gente chora. Deve ter a ver com nossa visão equivocada do que é ser forte. Achamos que só tem
valor aquele que dá conta de tudo, supera limites, alcança o primeiro lugar. Se essas vitórias alcançam a
saúde física e emocional do tal ser perfeito, poucos parecem se importar. Mas quem disse que precisa ser
assim? Quem determinou que não podemos parar, desistir, recomeçar?
[...] O desacelerar pode estar na leitura de um livro, num gole de chá, em uma atividade física, em
não fazer nada.[...]
(KEDOUK, Márcia. In: Revista TODOS, 10/2021.)
No penúltimo parágrafo, as duas perguntas feitas pela autora podem ser consideradas retóricas. O que
justifica serem assim chamadas?