SóProvas


ID
5651254
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
DPE-DF
Ano
2022
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      As forças da natureza são obviamente indiferentes a modos de produção, tempo e espaço. Mas são as estruturas sociais que determinam as consequências, o grau de sofrimento e quem morre mais. Em 1989, o terremoto de São Francisco, de intensidade 7,1 na escala Richter, causou a morte de 63 pessoas e deixou cerca de 3.700 feridos. Em 2010, o terremoto em Porto Príncipe, no Haiti, de magnitude 7,0 na escala Richter, matou mais de 300 mil pessoas e deixou 300 mil feridos. Dez meses depois, uma epidemia de cólera matou 9 mil pessoas. 

      Quando a natureza atinge a existência humana, o impulso primário é buscar o culpado mais à mão no imaginário. Pode ser Deus, a cruel natureza ou o enigmático ente a que se denomina destino. Mas muito frequentemente destino é uma expressão que encobre com um véu de irracionalidade o que é apenas obra humana. 

      O vírus atinge o planeta. O vírus ameaça a humanidade. Planeta ou humanidade designam tanto os habitantes de Manhattan, da Avenue Foch, em Paris, do Leblon, no Rio de Janeiro, ou dos Jardins, em São Paulo, como também designam os 800 milhões de pessoas que passam fome no mundo, segundo dados da Organização das Nações Unidas (2017). No planeta vive o 1% das pessoas que detém renda maior que os restantes 99% da população mundial. Vivem 42 pessoas cuja riqueza é igual à de 3,7 bilhões dos mais pobres que lutam para sobreviver, para suprir necessidades básicas. Vivem os que têm renda para ficar em casa e fazer suas compras de alimentos pela Internet, os que não vão comer hoje por causa da pandemia e os que já não comiam antes da pandemia. Vivem os que podem se isolar e os que moram em aglomerados miseráveis, em um cômodo apenas, para os quais as palavras “confinamento”, “isolamento” ou “quarentena” são piadas de mau gosto. Vivem 4,5 bilhões de pessoas que não têm saneamento nem água encanada, desprovidas das condições mínimas de higiene.


Internet:<revistacult.uol.com.br> (com adaptações).

No que se refere às ideias, aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item que se segue.


A supressão do sinal indicativo de crase na expressão “à mão” (primeiro período do segundo parágrafo) alteraria o sentido do texto e prejudicaria sua coerência.

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: CERTO

    “Quando a natureza atinge a existência humana, o impulso primário é buscar o culpado mais à mão no imaginário.” (sentido de algo mais perto do imaginário).

    “à mão” - locução adverbial feminina indicando a maneira de como é feito tal coisa.

    “a mão” - substantivo mão, o sinal indicativo de crase alteraria o sentido do texto e prejudicaria sua coerência. 

  • Gab: C

    Complementando o comentário da guerreira Suelem.

    A crase é proibida por três critérios:

    • Crase diante de palavras no masculino
    • Crase no singular diante de palavras no plural
    • Crase diante de pronomes indefinidos

    _________________________________

    Crase facultativa se dá em três casos:

    ATÉ SUA MARIA

    • 1 - Após a preposição até

    Ex: Fui até a secretaria / Fui até à secretaria

    • 2 - Diante de pronomes possessivos femininos no singular (sua, minha, nossa)

    Ex: Referi-me a sua professora / Referi-me à sua professora

    • 3 - Antes de nomes próprios femininos

    Ex: Entregarei tudo a Maria / Entregarei tudo à Maria 

    _________________________________

    • Palavra masculina, crase não se anima
    • E antes de verbo, crase sai de perto
    • Antes de pronome, simplesmente some
    • Palavra repetida, crase nem se aproxima
    • Se é cardinal, crase passa mal
    • Loc. feminina, aí crase combina
    • E "à moda de", crase adora aparecer
    • E na hora exata, crase novamente ataca
    • Trocando "a" por "ao", crase é crucial
    • Antes de mulher, crase se quiser

    Fonte: guerreiros do Qc

  • pra quem ficou como dúvida em relação ao '' à mão '', no caso em questão, a expressão está ligada ao modo como as pessoas levam em conta os eventos sobrenaturais, portanto, a supressão do sinal indicativo de crase alteria o sentido e a coerência.

    exemplificando

    Guardanapos bordados à mão ( modo como o guardanapo foi bordado )

  • Leia-se um excerto:

    "(...) o impulso primário é buscar o culpado mais à mão no imaginário."

    A marcação da crase se dá para evitar possível ambiguidade. Consequentemente, preserva a coerência textual.

    Certo.

  • Sem a crase o sentido ficaria assim:

    "O impulso primário é buscar o culpado mais a mão no imaginário". Ou seja, buscar o culpado e buscar a mão no imaginário.

    O sentido foi alterado e o trecho não tem coerência nenhuma.

    Gab.: Certo (Prejudicaria tanto o sentido quanto a coerência)

  • Importante diferenciar:

    COERÊNCIA: se o trecho continua tendo LÓGICA após a alteração.

    SENTIDO: se o trecho MUDA a ideia original após a alteração

  • Que estranho que ficou essa expressão à mão.