A concepção do trabalho como princípio educativo é a base para a orga-
nização e desenvolvimento curricular em seus objetivos, conteúdos e méto-
dos. Considerar o trabalho como princípio educativo equivale a dizer que o ser humano é produtor de sua realidade e, por isto, dela se apropria e pode
transformá-la. Equivale a dizer, ainda, que é sujeito de sua história e de sua
realidade. Em síntese, o trabalho é a primeira mediação entre o homem e
a realidade material e social. O trabalho também se constitui como prática
econômica porque garante a existência, produzindo riquezas e satisfazendo
necessidades. Na base da construção de um projeto de formação está a com-
preensão do trabalho no seu duplo sentido – ontológico e histórico. Pelo pri-
meiro sentido, o trabalho é princípio educativo à medida que proporciona a
compreensão do processo histórico de produção científica e tecnológica, como
conhecimentos desenvolvidos e apropriados socialmente para a transformação
das condições naturais da vida e a ampliação das capacidades, das potencia-
lidades e dos sentidos humanos. O trabalho, no sentido ontológico, é princípio
e organiza a base unitária do Ensino Médio. Pelo segundo sentido, o trabalho
é princípio educativo na medida em que coloca exigências específicas para o
processo educacional, visando à participação direta dos membros da sociedade
no trabalho socialmente produtivo. Com este sentido, conquanto também or-
ganize a base unitária, fundamenta e justifica a formação específica para o
exercício de profissões, estas entendidas como forma contratual socialmente
reconhecida, do processo de compra e venda da força de trabalho. Como razão
da formação específica, o trabalho aqui se configura também como contexto.
Do ponto de vista organizacional, essa relação deve integrar em um mesmo
currículo a formação plena do educando, possibilitando construções intelectu-
ais mais complexas; a apropriação de conceitos necessários para a intervenção
consciente na realidade e a compreensão do processo histórico de construção
do conhecimento.
COMENTÁRIO BASEADO NA - D C N PÁGINA 217