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ID
599632
Banca
CESGRANRIO
Órgão
Petrobras
Ano
2011
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                         PALAVRA PEJORATIVA
          O uso do termo “diferenciada” com sentido negativo ressuscita o preconceito de classe


“Você já viu o tipo de gente que fica ao redor das estações do metrô? Drogados, mendigos, uma gente diferenciada.” As palavras atribuídas à psicóloga Guiomar Ferreira, moradora há 26 anos do bairro Higienópolis, em São Paulo, colocaram lenha na polê- mica sobre a construção de uma estação de metrô na região, onde se concentra parte da elite paulistana. Guiomar nega ser a autora da frase. Mas a autoria, convenhamos, é o de menos. A menção a camelôs e usuários do transporte público ressuscitou velhos preconceitos de classe, e pode deixar como lembran- ça a volta de um clichê: o termo “diferenciada”. A palavra nunca fora usada até então com viés pejorativo no Brasil. Habitava o jargão corporativo e publicitário, sendo usada como sinônimo vago de algo “especial”, “destacado” ou “diferente” (sempre para melhor). – Não me consta que já houvesse um “diferenciado” negativamente marcado. Não tenho nenhum conhecimento de existência desse “clichê”. Parece-me que a origem, aí, foi absolutamente episódica, nascida da infeliz declaração – explica Maria Helena Moura Neves, professora da Unesp de Araraquara (SP) e do Mackenzie. Para a professora, o termo pode até ganhar as ruas com o sentido negativo, mas não devido a um deslizamento semântico natural. Por natural, entenda-se uma direção semântica provocada pela configuração de sentido do termo originário. No verbo “diferenciar”, algo que “se diferencia” será bom, ao contrário do que ocorreu com o verbo “discriminar”, por exemplo. Ao virar “discriminado”, implicou algo negativo. Maria Helena, porém, não crê que a nova acepção de “diferenciado” tenha vida longa. – Não deve vingar, a não ser como chiste, aquelas coisas que vêm entre aspas, de brincadeira – emenda ela. [...] MURANO, Edgard. Disponível em: . Acesso em: 05 jul. 2011. Adaptado

Segundo os compêndios gramaticais, existem duas possibilidades de escritura da voz passiva no português. Na frase abaixo, encontra-se uma delas:
“A palavra nunca fora usada até então com viés pejorativo no Brasil." (L. 13-14)
A outra possibilidade de escritura, na forma passiva, na qual o sentido NÃO se altera é:

Alternativas
Comentários
  • A  questão pede a transformação da VP analítica (aquela que tem o verbo SER como auxiliar) para a VP sintética (que tem a particula SE):


    Nota-se que na frase com vp analítica há dois verbos: FORA USADA  (verbo auxiliar+verbo principal)

    Para passar para a vp sintética, deve-se usar o verbo principal (usar) no tempo verbal que está o verbo auxiliar (fora ->preterito mais que perfeito). Claro, concordando com o sujeito.

    Por isso, a alternativa B está correta.


    "A palavra nunca se usara até então com viés pejorativo no Brasil"
    ---> verbo USAR é vtd, como tem a particula SE, VTD + SE , O OD VIRA SUJEITO, ou seja "a palavra".
  • Resumindo...

    Existem dois tipos de voz passiva, a analítica e a sintética
     
     
    voz passiva analítica  -->  é aquela com locução verbal (verbo auxiliar + verbo principal no particípio) –  "fora usada".
     
     
    voz passiva sintética --->  verbo + “se” (pronome apassivador) – . "usara-se", no caso, por causa da palavra "nunca", será "se usara".

    Obs: Ocorre voz passiva sintética apenas com verbos transitivos diretos.

    As outras alternativas estão incorretas devido à conjugação do verbo "usar". Devemos manter o mesmo tempo e modo da voz analítica.
  • Vamos ver se entendi:

    a) A palavra nunca se usou  até então...
    Verbo usar está na 3 pessoa do singular  no pretérito perfeito do indicativo. A sua correspondente na voz passiva analítica será:
    A palavra nunca foi usada até então...
    Verbo  ser no pretérito perfeito do indicativo:
    Eu fui
    Tu fostes
    Ele foi


    d) A palavra nunca se usava até então ...
    Verbo usar está na  3 pessoa do singular no pretérito imperfeito do indicativo. A sua correspondente na voz passiva analítica será:
     
    A palavra nunca era usada até então ...
    Verbo  ser no pretérito imperfeito do indicativo:           
    Eu era
    Tu era
    Ele era
     

     e) A palavra nunca se usaria até então ...
    Verbo na 3 pessoa do singular no futuro do pretérito do indicativo.
    Verbo ser na 3 pessoa do singular no futuro do pretérito do indicativo:   ele seria
    A palavra nunca seria usada até então...
  • Se a forma verbal está na voz passiva, o sujeito da oração não pratica a ação do verbo.

     

        Exemplos:

     

        (1) As árvores são cortadas.

        (2) Cortam-se árvores.

     

    Veja que o sujeito nos dois exemplos é a expressão “as árvores”. E não é esse sujeito que pratica a ação de cortar.

     

    Há dois tipos de voz passiva: analítica e sintética. 

     

    A voz passiva analítica é aquela com locução verbal (verbo auxiliar + verbo principal no particípio) – veja o exemplo (1).

     

    A voz passiva sintética é aquela com verbo + “se” (pronome apassivador) – veja o exemplo (2). Ocorre voz passiva sintética apenas com verbos transitivos diretos.

     

     

    Vejamos a frase do enunciado dessa questão:

     

    “A palavra nunca fora usada até então com viés pejorativo no Brasil.”

     

    Temos uma locução verbal: “fora usada” (verbo auxiliar “fora” + verbo principal no particípio “usada”) ---- Trata-se, portanto, da voz passiva analítica.

     

    É importante encontrarmos o sujeito da oração e, se houver, o agente da passiva, isto é, o ser que pratica a ação de “usar”:

     

    Sujeito: a palavra

    Agente da passiva: não foi expresso na sentença. (veja que não podemos saber quem nunca usou a palavra com viés pejorativo no Brasil)

     

    Para passarmos essa sentença para a voz passiva sintética, vamos seguir alguns passos:

     

    1) Veja o tempo e o modo do verbo auxiliar da locução “fora usada”:

     

    “fora” = verbo “ser” na 3ª pessoa do singular do pretérito mais que perfeito do indicativo

     

    2) Conjugue o verbo principal da locução “fora usada” nos mesmos tempo e modo do verbo auxiliar da passiva analítica:

     

    “fora usada”: verbo principal = “usar”

    “usar”: usara (3º pessoa do singular do pretérito mais que perfeito do indicativo

     

    3) Acrescente o “se” (partícula apassivadora) ao verbo principal:

     

    “usara-se”

     

    4) Volte à sentença, retire a locução verbal “fora usada” e insira o verbo “usara” com a partícula apassivadora, fazendo as correções necessárias:

     

    A palavra nunca se usara até então com viés pejorativo no Brasil.

     

    Veja que o “nunca” atrai o pronome “se” para antes do verbo.

     

    Observação: muitas vezes encontramos o sujeito da voz passiva sintética após o verbo, como no exemplo “Cortam-se árvores”.