- ID
- 627661
- Banca
- FCC
- Órgão
- TCE-SE
- Ano
- 2011
- Provas
-
- FCC - 2011 - TCE-SE - Analista de Controle Externo - Coordenadoria de Engenharia
- FCC - 2011 - TCE-SE - Analista de Controle Externo - Coordenadoria de Informática
- FCC - 2011 - TCE-SE - Analista de Controle Externo - Coordenadoria Jurídica
- FCC - 2011 - TCE-SE - Analista de Controle Externo - Coordenadorias Técnicas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.
A dor como destino
Outro dia, folheando desavisadamente um livro de
Schopenhauer (há autores que jamais devemos frequentar
desavisadamente...), deparei-me com este trecho:
Trabalho, aflição, esforço e necessidade constituem
durante toda vida a sorte da maioria das pessoas. De
fato: se todos os desejos, apenas originados, já estivessem
resolvidos, o que preencheria então a vida humana?
Que se transfira o homem a um país utópico, em que
tudo cresça sem ser plantado, em que as aves revoem já
assadas, e cada um encontre logo sua bem-amada. Ali
os homens morrerão de tédio ou se enforcarão; promoverão
guerras, massacres e assassinatos para se proporcionarem
mais sofrimento do que o posto pela natureza.
Será mesmo que sofremos porque precisamos? É da
nossa natureza ocupar-nos com nossos desejos insatisfeitos,
sem os quais vivemos infelizes pela falta de uma causa para
viver? Nosso grande poeta Drummond, um schopenhaueriano
empedernido, chegou a escrever: “Estamos para doer, estamos
doendo". E outro Andrade, o Mário, garantiu-nos: “A própria dor
é uma felicidade".
De minha parte modestíssima, ouso dizer: se um dia me
sentir absolutamente feliz, tentarei não me matar. Talvez também
não conte para ninguém, para que não me matem. De inveja.
(Bráulio Ventura, inédito)
A observação de que há autores que jamais devemos frequentar desavisadamente justifica-se em virtude de que há textos, como o transcrito de Schopenhauer, que