Atenção: As questões de números 16 a 20 referem-se ao texto seguinte.
Entrou na cidade por acaso. Cidade não, cidadezinha, um ovo de codorna, porque era tão pequenina que dava dó. Cinco ruas,
ou quatro, e uma incompleta, uma bodega, um bar, uma padaria e a agência do correio, onde o funcionário dormia o dia todo por falta
de carta e telegrama. Quase ninguém sabia ler, pudera. Missa, uma vez por mês, quando o padre da paróquia vizinha aparecia e,
assim mesmo, com pressa. A praça era tão miúda que a igreja lhe tomou toda a área. Na feira, qualquer carneiro que se abatesse, em
lugar da vaca, daria para a população inteira e ainda se jogaria a sobra para os cachorros, que não eram tantos assim. Urubu não
aparecia, porque a carniça era diminuta, não dando para satisfazer a um bando, sendo melhor parar e pairar em lugar maior. A
prefeitura funcionava numa casa alugada, duas salas e o sanitário no fundo do quintal, que, por muito tempo, foi a única obra erguida
no centro urbano, e, assim mesmo, porque o prefeito sofria de incontinência urinária. Mas o motorista sentiu alguma coisa o atraindo,
uma força o puxando para dentro da cidade, talvez um recado para dar, algo velho, que por ali ainda existisse, para comprar, talvez
encomenda de algum doutor da capital, e entrou, com seu Opala, carro de praça, ruas adentro, nenhuma calçada. Ninguém melhor
para fazer favor que o pessoal do interior. Não sabia ao certo por que deixou a estrada e entrou.
(Wladimir Souza Carvalho. Valor do cão da rapariga do cabo. In: Feijão de Cego. Curitiba: Juruá, 2010. p. 131)
Entre as afirmativas que compõem o período acima identificam-se, respectivamente,