Errado
Para o método fenômeno-estrutural a desordem psíquica de uma pessoa é consequência de um descompasso espaço-temporal
Segundo essa visão, o princípio da saúde mental se encontra na relação estabelecida entre o tempo e o espaço, que pode ser compreendida em duas dimensões: a do tempo e espaço externo, denominada cronológica, e a do tempo e espaço interno, chamada de experiência vivida. Essas duas noções coexistem e não podem ser dissociadas uma da outra, pois é na relação existente entre elas que o contato vital com a realidade é percebido e apreendido. Segundo Augras (1986 citado por Amparo, 2002), o tempo vivido surge não como dimensão do mundo, mas como orientação significativa do ser. Já o espaço vivido revela a forma de perceber o real, sua qualidade espacial, o que implica a qualidade da relação com o outro, a distância em relação ao objeto, bem como a apreensão do corpo próprio na sua relação dialética entre a parte e a totalidade.
Dessa forma, o mundo interno se liga com o externo, e é dentro deste aspecto dinâmico e instável que se estabelece a afetividade e a noção do contato vital com a realidade. Segundo Minkowski (1933/1995), o mundo externo é marcado por objetos sólidos e imutáveis, que dão suporte para o mundo objetivo ao qual se atribui a qualificação de real. Já o mundo interno é marcado por aspectos subjetivos, que estão sob a total influência de um mundo comum e compartilhado.
Para o método fenômeno-estrutural, uma pessoa que interage somente com o seu mundo interno perde a relação viva e ativa com o externo e esta fixação egocêntrica de �buscar o ser� a todo instante implica no desaparecimento de uma relação dinâmica com a realidade, além de acentuar a existência do Eu em seu aspecto mais instintivo. Para (Minkowski 1933/1995), a deformação do espaço- -temporal pode ser apreendida quando uma pessoa rejeita o mundo externo e se conecta somente com o seu mundo imaginário, que é livre da noção de limite e de medida; ela confunde o tempo vivido com o tempo mensurável e o espaço geométrico com o espaço vivido
O pouco reconhecimento das fronteiras foi definido por Minkowski (1933/1995) como uma forma de expressão do mecanismo psicopatológico Spaltung, que coloca em evidência a disjunção do esquema espacial, seja ele interno ou externo, que tende a separar os objetos que por natureza deveriam estar unidos, afastando os fatos desagradáveis da vida.
Na obra Le temps vecu, Minkowski (1933/1995) demonstra que a desordem psíquica de uma pessoa é consequência de um descompasso espaço-temporal, que pode ser apreendido a partir do modo como as pessoas se expressam verbalmente. Segundo o autor, a linguagem oral torna o mundo interno palpável, isto é, as alterações do tempo e espaço vivido podem ser capturadas pelo discurso falado.
Fonte: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1677-04712012000300004&script=sci_arttext