Comentando a poesia brasileira contemporânea (pós-década de 1970), Cereja & Cochar (2003, p. 495) dizem que, “de modo geral, o que caracteriza essa vasta produção poética [eles apresentam uma relação de poetas e tendências literárias] é o experimentalismo, a recuperação da oralidade, a preocupação ideológica e a irreverência”. Sobre Terra de Santa Cruz, de Adélia Prado, é possível afirmar:
I. O espírito rígido do uso da linguagem poética, no trato com as temáticas, na apresentação das falas, idéias e leitores virtuais, não se aplica à obra Terra de Santa Cruz, cuja linguagem se aproxima da oralidade cotidiana de nossa cultura, apesar da oralidade trabalhada na feitura dos poemas, não simplesmente transposta diretamente do cotidiano e posta no contexto poemático.
II. A linguagem em que se encontra Terra de Santa Cruz é extremamente irreverente, uma vez que se utiliza do coloquialismo, da oralidade da linguagem escrita, para brincar em seus versos, para dizer piadas e rir de Deus, como os seus poemas que trazem uma vertente religiosa.
III. Os poemas de Terra de Santa Cruz se caracterizam por um experimentalismo lingüístico, quando propõe a renovação da linguagem poética pela recorrência ao poema-piada, aos versos curtos, à não metrificação e não musicalidade dos versos, ao re- arranjo do vocabulário selecionado para explicar o mundo a que faz referência, como ocorre em todos os textos da obra em pauta.