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ID
70645
Banca
FCC
Órgão
TRT - 3ª Região (MG)
Ano
2009
Provas
Disciplina
Serviço Social
Assuntos

O Serviço Social nas empresas mantém-se reconhecido como uma atividade auxiliar e subsidiária no exercício do controle da força de trabalho, intervindo sobre a vida do trabalhador, por meio dos serviços sociais. A sua função técnica na empresa é

Alternativas
Comentários
  • Conforme Cesar (1999), a institucionalização do Serviço Social nas empresas se deu mediante as exigências de eficácia, racionalidade e produtividade que o processo de modernização do capital impôs à sociedade. A necessidade de controle sobre a força de trabalho que emergiu, exigiu práticas profissionais que fossem capazes de conter os conflitos que surgiam nos processos de trabalho e que promovessem a integração dos trabalhadores mediante o que o processo produtivo determinava, garantindo assim a produtividade.

    De acordo com a mesma autora, no âmbito privado “[...] o Serviço Social foi mobilizado para detectar e atenuar as tensões provenientes da intensificação do processo de exploração da força de trabalho e do movimento de resistência dos trabalhadores [...]” (CESAR, 1999 p. 170). Neste sentido, os assistentes sociais sempre desenvolveram funções como: execução de serviços sociais centrados numa linha de trabalho educativa e integrativa dos funcionários, com vistas a suprir necessidades, resolver problemas, prevenir conflitos tudo isso buscando o enquadramento dos trabalhadores às exigências da classe burguesa, fazendo prevalecer a colaboração entre capital e trabalho.

  • No pensamento de Cesar (1999), as principais atividades do assistente social na empresa, são desenvolvidas a partir dos problemas que interferem no processo de produção dos trabalhadores, como exemplo: “[...] absenteísmo, insubordinação, acidentes, alcoolismo e também nas questões relacionadas à vida privada do trabalhador [... tais como] conflitos familiares, dificuldades financeiras, doenças [...]” (idem, ibidem, p.170).

    Ainda complementa que a partir dos anos 1990, com a reestruturação das empresas, novas estratégias de gestão foram criadas e, que as políticas de recursos humanos foram redefinidas. Através de uma série de incentivos materiais e simbólicos, da participação em grupos e círculos de qualidade, e do envolvimento com a empresa, os trabalhadores são levados a comprometer-se com as metas e os objetivos da organização. É claro que estas estratégias encobrem o real interesse do capital que é obter a adesão e o consentimento do trabalhador para alcançar resultados de melhor qualidade, maior produtividade e consequentemente o lucro.

    O assistente social continuou sendo recrutado para trabalhar nos Recursos Humanos (RH) das empresas, mas agora sob a nova demanda de educar o trabalhador para esse novo comportamento exigido pelas empresas, para gerenciar a força de trabalho que está em condições mais precárias e intensivas. Neste sentido, a autora complementa que as novas táticas de gestão e controle sobre os trabalhadores, estão atribuindo ao exercício profissional dos assistentes sociais na empresa uma nova feição, ao mesmo tempo em que alteram as condições que esta atuação se realiza. Neste ponto podem ser destacadas as seguintes condições de trabalho vivenciadas pelos profissionais: “[...] intensificação do trabalho [...] racionalização do trabalho [...] redução dos postos de trabalho profissional [...] instabilidade e a insegurança [...] sujeitos à desqualificação [...] multifuncionalidade [...] aferição da performance individual e/ou grupal [...]” (CESAR, 1998, p. 135-136 - grifo da autora).

  • É sabido que após as transformações ocorridas na década de 1970, em que o capital para sair da crise propõe no âmbito da produção a reestruturação produtiva e no campo ideo-político as ideias neoliberais, são implementadas novas formas de organização e gestão da produção e do trabalho. Essa nova era, cunhada também como acumulação flexível, vai acarretar novas formas de intensificação da exploração do trabalho, com a adição no processo produtivo de inovações científicas e tecnológicas, o que também irá gerar a extinção de diversos postos de trabalho, devido ao maior investimento em capital constante (meios de produção) em detrimento de capital variável (força de trabalho humana). Além disso, a classe trabalhadora também sofre impactos sem precedentes, atingindo sua consciência de classe para si, ao passo que são implementadas formas manipulatórias de participação e colaboração do trabalhador dentro da empresa, visando cooptar e desarticular movimentos e sindicatos; as organizações representativas dos trabalhadores diante da flexibilização dos vínculos empregatícios, da ameaça do desemprego, passam por uma grave crise, atuando na defensiva, optando por negociações sistemáticas entre empresa e trabalhador. Nesse contexto, passam a ser demandas ao assistente social novas e antigas requisições em todos os espaços ocupacionais em que esse profissional se encontra, principalmente, no âmbito das empresas. Assim, demandas históricas agora renovadas, como aquelas referentes a ações educativas e programas assistenciais, no sentido de integrar o trabalhador a empresa, buscando o seu bem estar para que sua produção esteja assegurada assim como o seu rendimento na empresa e também a neutralização de possíveis focos de conflitos entre trabalhador e empresa, fizeram e ainda fazem parte do trabalho do assistente social nesse campo. Desse modo, também são recorrentes que esse profissional desenvolva ações relacionadas à saúde do trabalhador, acidentes de trabalho, qualidade de vida, capacitação, administração de benefícios e serviços sociais, visando do ponto de vista do capital, a preservação e reprodução da força de trabalho bem como o controle dos trabalhadores.


    RESPOSTA: A