Conforme Cesar (1999), a institucionalização do Serviço Social nas empresas se deu mediante as exigências de eficácia, racionalidade e produtividade que o processo de modernização do capital impôs à sociedade. A necessidade de controle sobre a força de trabalho que emergiu, exigiu práticas profissionais que fossem capazes de conter os conflitos que surgiam nos processos de trabalho e que promovessem a integração dos trabalhadores mediante o que o processo produtivo determinava, garantindo assim a produtividade.
De acordo com a mesma autora, no âmbito privado “[...] o Serviço Social foi mobilizado para detectar e atenuar as tensões provenientes da intensificação do processo de exploração da força de trabalho e do movimento de resistência dos trabalhadores [...]” (CESAR, 1999 p. 170). Neste sentido, os assistentes sociais sempre desenvolveram funções como: execução de serviços sociais centrados numa linha de trabalho educativa e integrativa dos funcionários, com vistas a suprir necessidades, resolver problemas, prevenir conflitos tudo isso buscando o enquadramento dos trabalhadores às exigências da classe burguesa, fazendo prevalecer a colaboração entre capital e trabalho.
No pensamento de Cesar (1999), as principais atividades do assistente social na empresa, são desenvolvidas a partir dos problemas que interferem no processo de produção dos trabalhadores, como exemplo: “[...] absenteísmo, insubordinação, acidentes, alcoolismo e também nas questões relacionadas à vida privada do trabalhador [... tais como] conflitos familiares, dificuldades financeiras, doenças [...]” (idem, ibidem, p.170).
Ainda complementa que a partir dos anos 1990, com a reestruturação das empresas, novas estratégias de gestão foram criadas e, que as políticas de recursos humanos foram redefinidas. Através de uma série de incentivos materiais e simbólicos, da participação em grupos e círculos de qualidade, e do envolvimento com a empresa, os trabalhadores são levados a comprometer-se com as metas e os objetivos da organização. É claro que estas estratégias encobrem o real interesse do capital que é obter a adesão e o consentimento do trabalhador para alcançar resultados de melhor qualidade, maior produtividade e consequentemente o lucro.
O assistente social continuou sendo recrutado para trabalhar nos Recursos Humanos (RH) das empresas, mas agora sob a nova demanda de educar o trabalhador para esse novo comportamento exigido pelas empresas, para gerenciar a força de trabalho que está em condições mais precárias e intensivas. Neste sentido, a autora complementa que as novas táticas de gestão e controle sobre os trabalhadores, estão atribuindo ao exercício profissional dos assistentes sociais na empresa uma nova feição, ao mesmo tempo em que alteram as condições que esta atuação se realiza. Neste ponto podem ser destacadas as seguintes condições de trabalho vivenciadas pelos profissionais: “[...] intensificação do trabalho [...] racionalização do trabalho [...] redução dos postos de trabalho profissional [...] instabilidade e a insegurança [...] sujeitos à desqualificação [...] multifuncionalidade [...] aferição da performance individual e/ou grupal [...]” (CESAR, 1998, p. 135-136 - grifo da autora).