A hipótese central é de que, no leito da crise brasileira dos anos 80,
vem sendo gestada uma cultura política da crise que recicla as bases
da constituição da hegemonia do grande capital. Dois vetores básicos
vêm sendo privilegiados na formação dessa cultura: a defesa do
processo de privatização, como forma de reduzir a intervenção estatal,
e a constituição do “cidadão-consumidor”, que é o sujeito político
nuclear da sociedade regulada pelo mercado. Esse movimento,
formador de cultura, expressa uma tendência geral de enfrentamento
da crise que perpassa as esferas da economia e da política e assume
especificidades nas diversas áreas da vida social, como é o caso dos
sistemas de seguridade social (MOTA, 1995, p. 24).