SóProvas


ID
732064
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
MPE-PI
Ano
2012
Provas
Disciplina
Administração Pública
Assuntos

Com relação às abordagens clássica, burocrática e sistêmica da administração pública, tendo por base as reformas administrativas no Brasil após 1930, julgue os itens a seguir.

A reforma do Estado brasileiro rumo à administração gerencial baseou-se no modelo britânico de reforma, em que as ilusões românticas do liberalismo foram deixadas de lado em favor do pragmatismo.

Alternativas
Comentários
  • Surgiu no gerencialismo puro, na Inglaterra, no governo de Margareth Thatcher em 1979.
  • Acrescentando ao comentário do colega (a experiência inglesa foi paradigmática para o modelo brasileiro):

    (...) transforma o modelo gerencial inglês, que

    per si já não é monolítico, em paradigma global de mudança, devendo ser

    transportado assim à realidade brasileira. Porém, o que há hoje é um pluralismo

    organizacional no setor público, adequando-se desta maneira às respostas

    administrativas às especificidades das nações. (Luiz Fernando Abrucio - O impacto do modelo gerencial na Administração Pública)
     

  • É interessante notar que a Administração Gerencial brasileira não pode ser classificada como autóctone, pois foi " importada" da Inglaterra e dos EUA
  • Só para somar: O Pragmatismo adota como critério da verdade a utilidade prática. É a filosofia de resultados. Na administração Gerencial adota-se o

    controle dos resultados diferente da Administração burocrática onde era adotado o controle dos procedimentos.

    Resposta: Correta.
  • A reforma do Estado brasileiro por meio do PDRAE se baseou na visão da  nova  gestão  pública,  amplamente  discutida  no  Reino  Unido,  nos  Estados Unidos e na Nova Zelândia, sendo uma visão mais pragmática da atuação do Estado, dada a crise de seu papel.
  • Colegas de estudo, tentarei sintetizar em poucas palavras, o essencial para entender esse assunto.

    Questão 1: O que é o Pragmatismo (definição histórica)?
    Pragmatismo pode ser considerado como um movimento filosófico, principalmente difundido nos EUA, surgido entre o final do século XIX e início do século XX. O pragmatismo prega a avaliação das ideias e ações a partir das suas consequências, de modo que apenas estas consequências seriam aptas a atribuir-lhes o seu efetivo significado.

    Questão 2: Qual a relação do pragmatismo com o mundo jurídico?

    A orientação filosófica pragmatista concorreu para a formação de corrente de pensamento jurídico voltada a obter a solução que, na visão do aplicador do direito, melhor corresponder às necessidades e expectativas humanas e sociais.

    Questão 3: Então, o que seria o pragmatismo jurídico?
    O Pragmatismo Jurídico é esta forma de pensamento que apresenta um teor essencialmente prático: volta-se para o futuro, analisa as necessidades humanas presentes e futuras, e é avesso a princípios fechados, característicos do racionalismo. 

    Questão 4:  Como se configura essa relação do Pragmatismo com o Direito Brasileiro?
    Configura-se com a preocupação que os juristas têm quanto ao impacto que as decisões (pontuadas na lei) refletem na sociedade. Logo, constata-se que a racionalidade que orienta a visão pragmatista é vetor utilizado pelos Tribunais Pátrios, os quais, em muito, assim o fazem alicerçados no espectro de liberdade conformadora-concretizadora que o direito positivo resta por deferir, em certa medida, aos órgãos jurisdicionais.

    (Formulei essa explicação, em forma de perguntas, com base na leitura de um artigo de Silvio Lima - Mestre em Direito e Juiz Federal - ).



  • Pragmatismo: Doutrina filosófica que adota como critério da verdade a útilidade prática, identificando o verdadeiro como útil; senso prático. (Dicionário informal)  (  
  • com base na experiência brasileira de reforma gerencial iniciada em 1995, e na experiência britânica, que serviu como principal referência para a do Brasil. O modelo estrutural de gerência pública é um modelo histórico, porque existiu historicamente como tipo ideal, e porque em sua formulação usou-se um método histórico, derivado da experiência de países que empreenderam a reforma, e buscou-se generalizar a partir de suas principais características. Mas é também um modelo normativo, porque é impossível não ser normativo em questões que envolvem teoria política e políticas públicas — especificamente a reforma da organização do Estado. É um modelo de reforma da gestão pública que deve ser levado em conta por outros países em desenvolvimento como uma ferramenta para seu crescimento econômico. É um modelo estrutural porque, como veremos, não se limita a estratégias de gestão mas envolve mais do que mudanças organizacionais: implica mudanças na estrutura do Estado, porque envolve todo tipo de parcerias público-privadas, porque os serviços sociais e científicos que a sociedade exige que o Estado forneça são terceirizados para organizações não-estatais. É um modelo de gerência que é também um modelo de "governança" porque envolve outros atores, além do próprio governo, no processo de governar.
    http://www.scielo.br http://www.scielo.br
    Paz de Cristo a todos.
  • Só complementando!! Relação entre a Administração Gerencial brasileira com a reforma britânica!

    O modelo de administração gerencial teve uma evolução que
    podemos classificar em três momentos: inicia-se com o que chamamos de gerencialismo puro (ou managerialism), depois se volta para o “consumerism” e o PSO - “Public Service Orientation”. As reformas administrativas implantadas nos países anglo-saxões a partir dos anos 70 do século passado, e depois disseminadas para os outros países, ficaram conhecidas pelo nome de Nova Gestão Pública (ou New Public Management – NPM).  O primeiro impulso da Nova Gestão Pública veio com o gerencialismo puro (ou managerialism – em inglês). De acordo com Abrucio (1997), a Inglaterra, no governo Thatcher em 1979, foi um dos primeiros países a adotar os conceitos do NPM. O contexto era de exaustão das finanças do Estado e de incapacidade do mesmo em atender a todas as demandas sociais que a sociedade cobrava. As primeiras ações buscaram reduzir custos e pessoal. O objetivo era devolver ao Estado a condição de investir através da redução de custos e do aumento da eficiência. Dentro deste prisma, estava toda uma estratégia de reposicionar o papel do Estado na sociedade, reduzindo o número de atividades que eram exercidas. O primeiro impulso deste modelo, portanto, foi na direção de melhorar as finanças e a produtividade dos órgãos públicos. A burocracia era vista como excessivamente rígida e centralizadora, tornando o Estado lento e pouco responsivo às demandas do meio externo. Além disso, acabou gerando uma mentalidade no setor público de busca do cumprimento de regras e regulamentos, e não dos resultados. Dentre as iniciativas de Thatcher estavam: a privatização, a desregulamentação, a redução de cargos públicos, a definição clara dos objetivos de cada setor e outras com o intuito de reduzir os gastos. O movimento ficou conhecido como “rolling back the state”, algo como “retração da máquina estatal”.
    Então como diz na própria questão é deixado de lado a visão ilusória que tudo era perfeito para cair na realidade, na qual passava-se por tempos difíceis e a máquina estatal ainda piorava a situação devido ser extremamente pesada com seus altos custos e com toda esta situação era necessária uma forte redução de custos para chegar a eficiência,sendo este o grande motivador do gerencialismo puro, a busca pela eficiência. Trazendo estes fatos para o contexto brasileiro a passagem que se dá entre o modelo burocrático para o gerencial também foi com base na procura da eficiência, na redução de custos e melhoria na qualidade dos serviços públicos

    Bons Estudos!!

  • Só uma dica pros próximos colegas que forem postar...

    A resposta da colega acima está ótima, mas só valendo muito a pena pra conseguirmos ler o texto até o fim com todas essas linhas amarelas.
  • Ok! Espero que meu comentário ajude a tirar a dúvida que permanece. A questão gira em torno da interpretação de termos. É necessário ter afinidade com os termos para saber porque a banca os utilizou nesse contexto. Vejam:

    A reforma do Estado brasileiro rumo à administração gerencial baseou-se no modelo britânico de reforma (de fato é o modelo europeu, da social democracia, que tenta conciliar o socialismo com o liberalismo econômico), em que as ilusões românticas do liberalismo foram deixadas de lado em favor do pragmatismo (o liberalismo prega que o mercado se autoregula através da relação produção-consumo. Portanto, no modelo social-democrata, prevalece uma compreensão pragmática, isto é, não se acredita nessa capacidade "ilusória romântica" da autoregulação do mercado. Portanto, a privatização é regulada pela interferência necessária no Estado). 

    Críticas à parte: Só o CESPE para fazer uma questão idiota desse tipo. A social-democracia é também uma forma ilusória de administrar a economia, mas por enquanto, rezemos nas cartilhas desse papa.

  • Creio que a questão foi retirada da fonte abaixo:


    " Se tomarmos a classificação de Pollitt & Bouckaert, a proposta do PDRAE não poderia ser considerada como uma aplicação pura do modelo New Public Management (NPM), aquele que, na visão desses autores, existiria apenas em teoria e que é a expressão do pensamento da modernização conservadora, ou seja, um modelo de liberalismo clássico que prevê o estado mínimo, apenas com as funções que o setor privado não tivesse capacidade para ou vontade de assumir. 

     As propostas contidas no PDRAE estariam mais próximas daquelas de certos países que adotaram um modelo próximo do NPM, como o Reino Unido, por exemplo. As propostas do PDRAE são assim sintetizadas: 

     Ajustamento fiscal duradouro; 

     Reformas econômicas orientadas para o mercado, que, acompanhadas de uma política 

    industrial e tecnológica, garantissem a concorrência interna e criassem condições para 

    o enfrentamento da competição internacional; 

     A Reforma da previdência Social; 

     A Inovação dos instrumentos de política social, proporcionando maior abrangência e 

    promovendo melhor qualidade para os serviços sociais; 

     A reforma do aparelho do Estado, com vistas a aumentar sua governança, ou seja, sua 

    capacidade de implementar de forma eficiente políticas públicas (MARE, 1995, p. 11). 

    Fonte: http://www.anpad.org.br/admin/pdf/2012_EnAPG396.pdf

  • Modelo Margareth Tatcher. Descentralização, controle de resultados, eficiência.

  • A reforma do Estado brasileiro por meio do PDRAE se baseou na visão da nova gestão pública, amplamente discutida no Reino Unido, nos Estados Unidos e na Nova Zelândia, sendo uma visão mais pragmática da atuação do Estado, dada a crise de seu papel.

  • Samuel mandou bem demais!!!

  • Excelente comentário o do Samuel. Mas tenho um questionamento.

     

    Se o modelo Social-Democrata não funciona, como o Samuel mesmo falou, o que podemos dizer de países como Canadá, Austrália e Noruega?

    Afinal, esses países possuem uma grande liberdade econômica, aos mesmo tempo que possui um Estado forte e organizado.

     

  • Lucas, respondendo a sua pergunta, nestes países com grande produtividade e altas rendas, como os citados, o governo pode taxar mais e distribuir rendas a todos. Já num país de renda média ou baixa, é impossível distribuir riqueza como a pregada pela social-democracia porque os salários são baixos e há baixa produtividade na economia. O governo não pode taxar muito, então o caminho seria aumentar a dívida pública e o resto a gente é só ver a nossa economia.

  • Pragmatismo = não importa os meios, e sim os fins (resultados).

  • tipo filosofia

     

  • Bem romântico.

  • pragmatismo diz respeito aos fins justificarem os meios,ou seja,foco no resultado.

  • bem viajado

  • Ilusões românticas? Que viagem essa questão...

     

  • Ufa, ainda bem que fomos salvos pelo liberalismo.

  • “(...) o modelo gerencial não é um arcabouço conceitual fechado e está em plena construção. O desafio que se apresenta é a construção de um modelo de gestão pública que alie a busca da eficiência e da efetividade na prestação de serviços públicos às noções de democracia e accountability, ou seja, construir um modelo de gestão pública gerencial que seja eficiente e efetivo, mas também democrático e responsável perante a sociedade”.

    ...

    E sobre o PDRAE, no governo de FHC:

    ...

    "(...) a proposta buscou se distanciar do ideário neoliberal - que além de ser 'irrealista' se revelou 'utópico' - e objetivava separar a formulação das políticas públicas - entendida como definição de missão, objetivos, metas de desempenho e indicadores - de sua operação".

    ...

    "Além disso, FHC defendia a ideia de socialdemocracia, que não aceitava a tese do quanto menos governo, melhor, pois nem sempre as leis de mercado e da livre concorrência são capazes de harmonizar automaticamente os interesses particulares e o interesse geral da sociedade, como afirmam os liberais".

    ...

    MOREIRA, Elisabete de Abreu Moreira. Administração geral e pública. Salvador: Juspodivm, 2018.

     

     

  • Essas questões de 2013 pra trás são um absurdo.
  • Além do Escola sem partido, precisamos do Concurso sem partido.

  • Favor desconsiderar tal questão

  • CERTO

    SURREAL RS

  • PDRAE,1995 (de Bresser Pereira)

    "A reação imediata à crise - ainda nos anos 80, logo após a transição democrática - foi ignorá-la. Uma segunda resposta igualmente inadequada foi a neoliberal, caracterizada pela ideologia do Estado mínimo. Ambas revelaram-se irrealistas: a primeira, porque subestimou tal desequilíbrio; a segunda, porque utópica. Só em meados dos anos 90 surge uma resposta consistente com o desafio de superação da crise: a ideia da reforma ou reconstrução do Estado, de forma a resgatar sua autonomia financeira e sua capacidade de implementar políticas públicas."

  • A administração pública evoluiu por meio de três modelos básicos: a administração pública patrimonialista, a burocrática e a gerencial. Segundo Chiavenato (2018), essas três formas se sucedem no tempo, sem que, no entanto, qualquer uma delas seja inteiramente abandonada.

    Destaca-se que na administração pública gerencial a ideia foi a de importar ferramentas da iniciativa privada para a gestão pública, sendo considerada como a última fronteira das Reformas do Estado nos anos 1990.

    Naquele momento, o modelo nacional baseou-se no modelo britânico que destacava a chamada New Public Management (ou Nova Gestão Pública), que visava saltos qualitativos nos serviços públicos e de eficiência nos gastos governamentais.

    As reformas advindas desse movimento buscaram encorajar uma mentalidade competitiva e comercial dentro das organizações públicas e na burocracia, sem a crença ilusória da auto regulação do mercado presente no liberalismo. Tinha-se a ideia de que as mudanças seriam naturalmente assimiladas pelo “cidadão-cliente", isto é, o indivíduo supostamente guiado por instintos racionais e individualistas.


    Gabarito do Professor: CERTO.