Em abril de 2010, após intensa pressão externa, o governo grego aceitou um primeiro pacote de ajuda dos países europeus e do Fundo Monetário Internacional (FMI), de 110 bilhões de euros ao longo de três anos.
Em contrapartida, o governo grego aprova um plano de austeridade fiscal que inclui alta no imposto de valor agregado (IVA), um aumento de 10% nos impostos de combustíveis, álcool e tabaco, além de uma redução de salários no setor público, o que sofre forte rejeição da população.
Apesar da ajuda, a Grécia segue com problemas. Em meados de 2011, foi aprovado um segundo pacote de ajuda, em recursos da União Europeia, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do setor privado. A contribuição do setor privado foi estimada em 37 bilhões de euros. Um programa de recompra de dívidas deve somar outros 12,6 bilhões de euros vindos do setor privado, chegando a cerca de 50 bilhões de euros.
Em outubro, ainda com o país à beira do colapso financeiro, os líderes da zona do euro alcançaram um acordo com os bancos credores, que reduz em 50% a dívida da Grécia, eliminando o último obstáculo para um ambicioso plano de resposta à crise. Com o plano, a dívida grega terá um alívio de 100 bilhões de euros após a aceitação, pela maior parte dos bancos, de uma redução superior a 50% do valor dos títulos da dívida.
Os desafios impostos à Grécia se intensificam e prolongam a agonia da situação econômica do país, agravada desde a crise financeira internacional de 2008.
A tentativa de formar um novo governo, anunciada pelo premiê George Papandreou, é uma medida extrema para que o país possa ser socorrido pela Comunidade Européia e pelo Fundo Monetário Internacional o mais rápido possível.
O pacote necessário, segundo analistas internacionais, pode chegar a mais de 100 bilhões de euros. Para ser aprovado, as entidades financeiras estão exigindo mais cortes de gastos e mais austeridade fiscal do país, além de um programa de privatização das empresas estatais gregas de até 50 bilhões de euros.
A Grécia vive hoje a seguinte situação: tem uma dívida que representa 150% do PIB do país. Para se ter uma idéia, a dívida brasileira está hoje em de 43% do PIB. O desemprego lá está acima de 15%, a economia estagnou e a arrecadação de impostos cresce menos do que o esperado.
Em 2010, depois de repetir o socorro ao sistema bancário feito pelas maiores economias para salvar o mundo de uma derrocada financeira, a Grécia já estava com as contas fiscais desequilibradas. Por isso, recebeu uma ajuda de 110 bilhões de euros no ano passado para cobrir o vencimento de dívidas do país até 2012.
Não é mais suficiente. A Grécia precisa de mais dinheiro e mais prazo para não quebrar de vez sua economia. Agora, os ministros das Finanças da zona do Euro, querem exigir a participação de credores privados nas garantias de socorro à Grécia.
A Alemanha é o país que mais pressiona para que bancos, fundos de pensão e seguradoras participem do salvamento, garantindo a prorrogação dos títulos da dívida pública grega por sete anos, aceitando perder muito dinheiro.
A Grécia não seria um enorme problema para o mundo, se não estivesse rodeada de potências econômicas. O Euro valorizado age como uma camisa-de-força, prejudicando uma retomada do país, já que não há espaço para medidas cambiais que aliviem a economia, injetando um pouco de competitividade.
Salvar a Grécia é também salvar os mais fortes e a própria existência do Euro. O grande medo dos líderes europeus é que, uma derrocada da Grécia, leve junto com ela seus vizinhos Portugal, Irlanda e Espanha, que vivem hoje uma enorme fragilidade econômica e ainda sem uma solução de curto prazo.
O dever de casa dos vizinhos é o mesmo: reduzir gastos públicos, diminuir os salários, pagar compromissos financeiros, crescer, gerar empregos. Na lista de prioridades políticas e sociais, já não é possível exigir mais das populações, com o atual nível de desemprego e endividamento dos países.
Quanto mais o tempo passa e o descontrole político e social se agrava, mais difícil encontrar uma saída que conte com todos os envolvidos. É difícil imaginar que os mais ricos deixem o mundo desabar novamente por causa da Grécia, país que acolheram na zona do Euro e que sofreu com mais intensidade as crises recentes.