SóProvas


ID
757840
Banca
FUMARC
Órgão
TJ-MG
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO I

Cidadezinha qualquer


Casas entre bananeiras

Mulheres entre laranjeiras

Pomar amor cantar.


Um homem vai devagar.

Um cachorro vai devagar.

Um burro vai devagar.


Devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia poética. 2. ed. São Paulo: Abril, 1982, p. 37.)



TEXTO II

Cidadezinha Qualquer versus Nadópolis

1. Cidadezinha Qualquer, os leitores fiquem sabendo logo, é uma cidade comum localizada em uma região distante de um longínquo país. O que os leitores não sabiam ainda, pois eu ainda não lhes contei, e agora conto, é que existe uma cidade chamada Nadópolis, sede de um município fronteiriço com Cidadezinha Qualquer. (...) Nadópolis era uma cidade meio antipática mesmo. Não, não era birra dos cidadãos cidadequalquerianos: Nadópolis tinha um ar arrogante e antipático! A começar pelo nome pomposo. Esse “polis” grego e sofisticado no final do nome, essa pose forçada que destoa do ambiente natural da região, renega a história... Isso para não falar da mania que tinham os nadopolenses de apregoar as vantagens de viver em um município como o seu. Era comum ouvi-los dizer:

2. - “Nadópolis é a cidade mais porreta da região; lá todo mundo veve bem e nóis não tem os pobrema qui as outra cidade de perto tudo tem...”

3. Para que os leitores não julguem o autor muito parcial é bom que se diga: realmente Nadópolis era mais próspera do que Cidadezinha Qualquer. Graças ao incremento de sua agricultura e à grande soma de recursos e trabalho que isto envolve, Nadópolis, àquela época, vivia o seu período de esplendor. Grandes e suntuosas construções erguiam-se por toda parte, o comércio local atraía compradores de toda a proximidade, a vida noturna era agitadíssima. Grupos de visitantes eram levados para pontos estratégicos para serem orientados por um agente turístico sobre as maravilhas da cidade. Como não podia deixar de ser, a arrecadação da Prefeitura local também era das melhores.

(COTRIM, Fabiano. http://www.faroldacidade.com.br. Postado em 01/04/2008. – Texto adaptado)

Compare o Texto I com o Texto II e avalie as afirmativas.

I. No Texto I, o último verso funciona como elemento surpresa, pois introduz um comentário que muda totalmente a proposta do poema.
II. No Texto II, o narrador confere um tom irônico e bem-humorado à narrativa e faz uso da gíria para caracterizar a fala dos habitantes do lugar.
III. Nos dois textos, as cidades às quais os autores se referem são reais, embora apresentem também características fantasmagóricas.
IV. No Texto II, em alguns momentos, o narrador dialoga com o leitor, na tentativa de torná-lo cúmplice do que pretende relatar.

Está de acordo com os textos o que se afirma SOMENTE em

Alternativas
Comentários
  • Alternativa correta letra C
    I - CORRETA: O tema surpresa que muda totalmente o poema, está na última estrofe do texto: "Eita vida besta Meu Deus", principalmente pelo lirismo da vida descrita de tranquilidade.
    II ERRADA: não há irônica à narrativa e há transcrição literal da fala de um dos habitantes, marcado pelas aspas.
    III ERRADA: Absurda não há como afirmar que a cidade do texto I exista, principalmente por ser um texto literário.
    IV- CORRETA, as passagens que o autor dialoga com o leitor e tenta torná-lo cumplice do que vai relatar, está no primeiro parágrafo do texto em: "O que os leitores não sabiam ainda, pois eu ainda não lhes contei, e agora conto....". Há também a passagem no último parágrado: "Para que os leitores não julguem o autor muito parcial..."
  • Ridícula essa questão. 

    O ítem II na minha opinão também está correto.

    Muito mal feita a prova de português da FUMARC.

  • Alternativa correta: "C", conforme a banca, né?!

     

    A alternativa correta teria que ser, necessariamente, a "D"

     

    Ora, o item II está corretíííííííssimo, pois o autor usa da ironia, sim, e também usa gíria local; ou a palavra "porreta" pode, agora, ser usada na linguagem formal? As outras palavras como "nois", "veve", "pobrema" etc, tudo bem, o autor quis apenas imitar o matuto, mas "porreta"?

  • na  II acho q só está errada PORQUE A FALA NÃO É IRÔNICA.

  • No Texto I, o último verso funciona como elemento surpresa, pois introduz um comentário que muda totalmente a proposta do poema. 

    Mas não é no Texto II em que o último verso funciona como elemento surpresa? 

  • Creio que a alternnativa II está errada pelo seguinte motivo:

    O autor náo usa gíria para caracterizar a fala dos habitantes do lugar. Se olharmos no texto, percebemos que o autor diz o seguinte da fala dos habitantes: 

    "Isso para não falar da mania que tinham os nadopolenses de apregoar as vantagens de viver em um município como o seu. Era comum ouvi-los dizer:"

    E em seguida observamos a fala do habitante. Essa sim contém gíria (porreta)

    Nadópolis é a cidade mais porreta da região; lá todo mundo veve bem e nóis não tem os pobrema qui as outra cidade de perto tudo tem...

  • As aspas podem ser utilizadas (dentre outras regras) para:

    1) abrir e fechar citações;

    2) quando surgir dentro do texto gírias, neologismos, arcaísmos.

    Para responder a questão era necessário ter isso em mente, tendo em vista que esta claro no texto que trata-se de uso de aspas para indicar citação.