"Ao todo, a empresa irá fechar o ano com 310 lojas, distribuídas em 16 Estados do país."
De uns tempos para cá, tornou-se constante o emprego da construção “Fulano irá fazer” no lugar de “Fulano vai fazer”. Passou-se a flexionar o verbo auxiliar no futuro simples do indicativo, coisa que contraria os registros da norma-padrão da língua.
O verbo “ir” no presente do indicativo (não no futuro) emprega-se normalmente como auxiliar de um verbo no infinitivo, indicando o tempo futuro, matizado das ideias de firme propósito de executar a ação ou de certeza de que ela será realizada num futuro próximo. Surgem, assim, construções que são nossas velhas conhecidas: “Fulano vai fazer algo”, “A empresa vai fechar o ano”, “O prefeito vai inaugurar a obra” etc., todas corretas.
Se o redator desejar usar o futuro simples, que o faça aplicando-o ao verbo principal, evitando, assim, a locução e obtendo as seguintes construções: “Fulanofará algo”, “A empresa fechará o ano”, “O prefeito inaugurará a obra” etc.
Ora, o que se tem visto é o uso do futuro simples no verbo auxiliar. É possível que esse comportamento se deva ao fenômeno da hipercorreção. O redator imagina que o modo como fala é “incorreto” ou “coloquial” e cria uma forma pseudoculta. Para evitar isso, seguem, abaixo, duas sugestões de reformulação do trecho.
Observe-se ainda no mesmo fragmento a regência do verbo distribuir. Distribui-se algo a uns e a outros, entre uns e outros ou por uns e outros.
Do ponto de vista da organização do período, vale observar que o recuo da expressão "ao todo" dá a entender que ela se refere à empresa, mas não é esse o caso. Refere-se, na verdade, ao total de lojas (310 lojas ao todo). Veja, abaixo, as sugestões:
A empresa vai fechar o ano com um total de 310 lojas, distribuídas por 16 Estados do país.
A empresa fechará o ano com um total de 310 lojas, distribuídas por 16 Estados do país.