Leia o texto para responder às questões de números 01 a 03.
Pequenos delitos
Vou fazer as compras do mês. Percorro as prateleiras do supermercado
olhando gulosamente tudo aquilo que é bom, mas
engorda. Um senhor magro e grisalho para diante dos iogurtes.
Olha em torno, cautelosamente. Agarra uma garrafinha sabor
morango, abre e vira na boca, bem depressa. Esconde a embalagem.
Disfarço, mas sigo o homem. Podem me chamar de abelhudo.
Sou. Dali a pouco o homem pega um pacote de bolachas.
Abre. Come algumas. A sobremesa? Na banca de frutas. Uvas-
-itália tiradas do cacho. Um pêssego pequeno. Devora. Esconde
o caroço no bolso. É um senhor com jeito de vovozinho e trajes
de classe média. Termina as compras de barriga cheia e com expressão
de vitória.
– Faço tudo para não praticar pequenos delitos – conta uma
amiga. – É uma responsabilidade pessoal.
Culposamente, lembro de quando vou comprar fruta seca.
Adoro uva-passa. Com a desculpa de experimentar, pego uma.
Duas. Três. Trezentas!
Hoje em dia se fala muito em ética. Mas, quando podem dar
o golpe nas pequenas coisas, muita gente se sente orgulhosa.
E quando o troco vem errado? Confesso que a minha primeira
reação é de alegria! De repente, tenho mais dinheiro do
que pensava. Em seguida lembro que a diferença será paga pelo
caixa. Devolvo. Já vi gente feliz da vida porque o dono da loja
fez confusão nos preços. Outra coisa que odeio é emprestar e não
receber. Há pessoas que não têm vontade de pagar quando a dí-
vida é pequena. Mesmo quem empresta fica sem jeito de cobrar.
Roubar um queijinho no supermercado parece não ter sequer
importância. Mas os pequenos delitos, quando somados, tornam
a vida ainda mais selvagem.
(Walcyr Carrasco. Pequenos delitos e outras crônicas. Adaptado
Segundo o texto, a maior preocupação do autor é com