SóProvas


ID
83779
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
Instituto Rio Branco
Ano
2004
Provas
Disciplina
História
Assuntos

Com a queda da monarquia, em 1889, ainda que
preservada a dominação oligárquica, o novo regime acaba
beneficiando-se dos efeitos modernizadores, decorrentes da abolição
da escravatura (1888), sobre o desenvolvimento da economia
cafeeira que se dinamiza com a introdução do trabalho livre e de
imigrantes europeus. Com a Primeira República, extingue-se o
sistema censitário, mas os analfabetos são excluídos totalmente do
direito de voto.

As primeiras pressões democratizantes buscando alterar a
ordem liberal excludente se desencadeiam apenas na década de 20,
quando se inicia a crise da República Velha, que, com a Revolução
de 1930, submerge no centro de suas próprias contradições. As
insurreições sucessivas dos tenentes e a Coluna Prestes permitem,
mais tarde, que a Aliança Liberal, com a Revolução de 1930,
transcenda à mera disputa regionalista e se transforme em um
projeto nacional que busca legitimidade nas camadas médias urbanas,
superando os limites ideológicos das oligarquias dissidentes.
Essas aspirações crescentes do Brasil urbano serão, em parte,
frustradas, após 1930, pela conjugação de duas tendências
antiliberais - o estatismo crescente e o pensamento autoritário. A
radicalização político-ideológica dos anos críticos, entre 1934 e
1938, solapa o consenso revolucionário e produz efeitos perversos.
Na república populista, após o Estado Novo de Vargas, persiste o
mesmo padrão dominante da lógica liberal e da práxis autoritária. A
estruturação partidária de 1945 a 1966 foi dominada pela
hegemonia dos partidos conservadores.

Hélgio Trindade . Brasil em perspectiva: conservadorismo liberal e democracia
bloqueada. In: Carlos Guilherme Mota (Org.). Viagem incompleta: a experiência
brasileira (1500-2000) - a grande transação. São Paulo: SENAC, 2000, p. 357-64
( c o m a d a p t a ç õ e s ) .

A partir do texto acima, j u lgue os itens que se seguem, relativos
à evolução histórica do Brasil republicano.

Nos estertores do regime monárquico, a abolição do trabalho escravo pela L ei Áurea, ainda que tenha desagradado a uma significativa parcel a da classe proprietária, não foi capaz de promover a inc l u s ão social dos negros recém-libertados, reforçando um quadro de subalternidade dos afrodescendentes ainda visível em pleno início do século XXI.

Alternativas
Comentários
  • Vale lembrar que antes da Lei Áurea existiu a Lei de terras, que deixou o acesso à terra praticamente impossível aos negros libertados. Nenhuma ação foi feita para a inserção dos negros na sociedade, mantendo-os excluídos.

  •  Complementando o comentário anterior: com a transição do emprego de mão-de-obra escrava para a assalariada, além do impedimento geral de acesso à propriedade da terra, abusos foram cometidos tanto contra imigrantes como ex-escravos. Porém, enquanto aqueles contavam com a assistência de seu país de origem para condenar os maus-tratos e tinham mais condições para se organizar e lutar pelos próprios direitos, os ex-escravos não dispunham de qualquer amparo legal, social ou político.

  • A Lei Áurea em si é bastante enxuta e trata “apenas” da Abolição da Escravatura, sem oferecer soluções sociais para os negros recém-libertados.

    Ou seja, a Abolição da Escravatura não garantiu o exercício da cidadania para este contingente de brasileiros, já que foi incapaz de promover a inclusão social dos negros que acabavam de deixar as senzalas.

    Os grandes proprietários de terra também pouco contribuíram para este período de transição, pois na maior parte das vezes optavam por empregar nas lavouras imigrantes europeus recém-chegados ao Brasil – e não os negros que já conheciam o trabalho.

    Resposta: Certo