SóProvas


ID
843115
Banca
UFBA
Órgão
UFBA
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO:
Costuma-se contar a história do samba em dois momentos opostos. O primeiro, quando os sambistas eram perseguidos pela polícia — que reprimia manifestações culturais dos negros — e obrigados a tocar escondidos, em vielas dos morros e fundos de quintal. No segundo momento, acontece o contrário: o governo passa a incentivar 5 – o carnaval e as músicas populares. Em 1995, com a publicação do livro O Mistério do Samba, o antropólogo Hermano Vianna revelou que a mudança de postura com relação à música não aconteceu assim tão de repente. Estilos negros e populares faziam parte de festas dos ricos e famosos séculos antes de o desfile das escolas de samba virar uma festa oficial. Em 1802, por exemplo, o comerciante inglês Thomas 10 – Lindley escreveu que as festas dos baianos ricos eram animadas pela “sedutora dança dos negros, misto de coreografia africana e fandangos espanhóis e portugueses". Até mesmo em Portugal, os músicos populares brasileiros eram bem recebidos. No fim do século 18, poucos anos antes de a corte portuguesa fugir para o Brasil, o músico Caldas Barbosa, mestiço filho de uma escrava, encantou a corte de 15 – dona Maria I, a rainha louca, tocando lundus. Hermano Vianna revelou também que o samba, em sua origem, tinha muito pouco de folclórico ou nacionalista. Os estilos europeus fazem parte da raiz ancestral do samba tanto ou mais que a percussão africana. Os primeiros sambistas liam partituras, tocavam instrumentos clássicos, participavam de bandas de jazz, adoravam 20 – ouvir tango e conhecer as novidades musicais nos cabarés parisienses. A cara que o samba tem hoje, de símbolo da “autenticidade brasileira" e da resistência da cultura negra dos morros cariocas, é uma criação mais recente, que de certa forma abafou a primeira. NARLOCH, Leandro. O samba antes do folclore. Guia politicamente incorreto da História do Brasil. São Paulo: Leya, 2009. p. 126-127. Responda:
C, se a proposiçao é certa;
E, se a proposição é errada.

A expressão “Até mesmo em Portugal" (l.12) constitui um discurso em que há um juízo de valor preconceituoso em relação à cultura brasileira.

Alternativas
Comentários
  • Se tem uma coisa que nunca faltou aos portugueses é preconceito em relação ao Brasil.
    E naquela época éramos colônia deles, e os 'negros brasileiros', seus escravos.
    Li recentemente esse ótimo livro do Narloch: os negros mortos devido ao tráfico negreiro
    foram milhões. Um verdadeiro holocausto.
    Como o samba vinha dos negros...

    assertiva correta!
  • Concordo com o Carlos Guilherme...
    De acordo com o texto, a expressão “Até mesmo em Portugal”, na minha opinião, NÃO constitui um discurso em que há um juízo de valor preconceituoso em relação à cultura brasileira.
  • É imprecionante o quanto o nosso páis sofre com o preconceito dos países desenvolvidos de primeiro mundo!
  • realmente é impreCionante...
  •  Eu também não concordo com o gabarito. 

    Se a frase for invertida ficando assim: "Os músicos populares brasileiros eram bem recebidos até mesmo em Portugal".

    Não me parece uma interpretação negativa ou preconceituosa. 

    Dá margem de interpretação de que esses músicos são bem recebidos em outros lugares, até mesmo em Portugal. 

    Não configurando um juízo de valor preconceituoso em relação à cultura brasileira.

    Mas o gabarito tá dizendo que tá certo então...

  • O examinador quis com essa questão avaliar nossa inferência cultural, nosso conhecimento de mundo no texto. Para respondê-la acertadamente, é preciso saber da relação entre Portugual e Brasil, período de colonização. E de fato, a cultura brasileira era subjugada e até mesmo negada por Portugal. 
    Eu não gostei foi da montagem da questão, me pergunto se esse tipo de pergunta subjetiva é pertinente em provas de concursos. 
  • CORRETO. No período em que o samba era marginalizado aqui no Brasil, em Portugal, os músicos populares brasileiros eram bem recebidos. 

    Costuma-se contar a história do samba em dois momentos opostos. O primeiro, quando os sambistas eram perseguidos pela polícia — que reprimia manifestações culturais dos negros — e obrigados a tocar escondidos, em vielas dos morros e fundos de quintal. No segundo momento, acontece o contrário: o governo passa a incentivar 5 – o carnaval e as músicas populares.

    ....  “Até mesmo em Portugal"

     

    Outro ponto: Os primeiros sambistas liam partituras, tocavam instrumentos clássicos, participavam de bandas de jazz, adoravam 20 – ouvir tango e conhecer as novidades musicais nos cabarés parisienses. A cara que o samba tem hoje, de símbolo da “autenticidade brasileira" e da resistência da cultura negra dos morros cariocas, é uma criação mais recente, que de certa forma abafou a primeira. Ou seja,os primeiros liam partituras e tocavam instrumentos clássicos e os de hoje não fazem isso. Pelo menos é possivel perceber nesta passagem do texto.

  • Também não concordo com o gabarito.

    Podemos constatar analisando alguns trecho: 

    "Os estilos europeus fazem parte da raiz ancestral do samba tanto ou mais que a percussão africana."

    "Thomas 10 – Lindley escreveu que as festas dos baianos ricos eram animadas pela “sedutora dança dos negros, misto de coreografia africana e fandangos espanhóis e portugueses""