SóProvas


ID
899596
Banca
INEP
Órgão
ENEM
Ano
2011
Provas
Disciplina
História
Assuntos

Até que ponto, a partir de posturas e interesses diversos, as oligarquias paulista e mineira dominaram a cena política nacional na Primeira República? A união de ambas foi um traço fundamental, mas que não conta toda a história do período. A união foi feita com a preponderância de uma ou de outra das duas frações. Com o tempo, surgiram as discussões e um grande desacerto final.
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: EdUSP, 2004 (adaptado).

A imagem de um bem-sucedido acordo café com leite entre São Paulo e Minas, um acordo de alternância de presidência entre os dois estados, não passa de uma idealização de um processo muito mais caótico e cheio de conflitos. Profundas divergências políticas colocavam-nos em confronto por causa de diferentes graus de envolvimento no comércio exterior.
TOPIK, S. A presença do estado na economia política do Brasil de 1889 a 1930. Rio de Janeiro: Record, 1989 (adaptado).

Para a caracterização do processo político durante a Primeira República, utiliza-se com frequência a expressão Política do Café com Leite. No entanto, os textos apresentam a seguinte ressalva a sua utilização:

Alternativas
Comentários
  • - A opção  A apresenta corretamente o poder de São Paulo por conta de ser o maior exportador de café mas, ao enunciar que SP não precisava de alianças a afirmativa se torna incorreta. Nessa época Minas Gerais era o estado mais populoso da federação, tendo, portanto, mais eleitores e o maior número de deputados na Câmara Federal. Assim sendo, SP precisa ao menos da aliança com MG para conseguir ter o controle da câmara por maioria e, desta forma, dominar  todo o processo  eleitoral
    2- O erro apresentado na opção B é o de afirmar que a federação e, por conseguinte,  a maior autonomia dos estados invalidava alianças. Fazer alianças é prerrogativa da ação política, ainda mais em uma federação. A autonomia garante, na verdade, a possibilidade de articulações políticas que resguardem os interesses das partes da federação.
    3- Nota-se que a opção  C estabelece um ângulo diferente da questão pois as outras opções destacam a questão da aliança entre SP e MG, enquanto esta destaca que a aliança não significava concordância em todos os momentos. Os conflitos eram parte do processo de articulação dos interesses diversos. Há os interesses comuns mas as divergências existiam, até mesmo porque a economia de MG era muito mais voltada para o mercado interno ( leite e carne) e a de SP para a exportação (café)
    4- A opção D apresenta um erro conceitual. Se há uma Federação e não se configura uma ditadura, não há centralização no poder executivo.
    5- A opção E apresenta duas incorreções: diversificação da produção e economia voltada majoritariamente para mercado interno. Ao contrário, um dos problemas da economia brasileira à época era exatamente a pouca diversificação, o que levava `a uma maior vulnerabilidade às oscilações  do mercado externo. A economia era principalmente agro-exportadora e não voltada para o mercado interno. Essa é a segunda incorreção
  • Ficou conhecida como "política do café-com-leite" o arranjo político que vigorou no período da Primeira República (mais conhecida pelo nome de República Velha), envolvendo as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais e o governo central no sentido de controlar o processo sucessório, para que somente políticos desses dois estados fossem eleitos à presidência de modo alternado. Assim, ora o chefe de estado sairia do meio político paulista, ora do mineiro.

     

    Era fácil concluir com isso que os presidentes eleitos representariam os interesses das duas oligarquias, mas não eram necessariamente de origem mineira ou paulista, a exemplo do último presidente eleito por meio deste esquema, Washington Luís, que nasceu no Rio de Janeiro, mas fez toda sua carreira política em São Paulo.

     

    Após a proclamação da República, a 15 de novembro, dois militares se sucederam no comando do país, os marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. A partir daí, a história do Brasil foi marcada por acordos entre as elites dos principais centros políticos do país, que à época eram Minas Gerais e São Paulo. Os "coronéis", grandes fazendeiros, optavam por candidatos da política café-com-leite, e estes, além de concentrar suas decisões na proteção dos negócios dos latifundiários, concediam regalias, cargos públicos e financiamentos.

     

    O surgimento do nome "café-com-leite" batizando tal acordo seria uma referência à economia de São Paulo e Minas, grandes produtores, respectivamente, de café e leite. Entretanto, alguns autores contestam tal explicação para o surgimento da expressão, pois o Rio Grande do Sul seria o maior produtor de leite à época. O leite como referência a Minas Gerais teria vindo na verdade das características da cozinha mineira, representada pelo queijo minas ou mesmo pelo pão de queijo, e que assim, combinada com o a palavra "café", há muito associada a São Paulo (por ser este estado, sim, o grande produtor de café e seu maior representante), remeteria à expressão ainda hoje conhecida de "café-com-leite", usada para designar a pessoa que participa de uma ação com neutralidade, que não pode dar conselho e não pode ser aconselhado, que participa com condições especiais em algum evento.

     

    Com a quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, o preço do café brasileiro caiu drasticamente, o que levou os cafeicultores paulistas a terem uma crise de superprodução. Esta fragilidade econômica de São Paulo foi decisiva para que Minas Gerais se unisse ao Rio Grande do Sul e à Paraíba, formando a chamada Aliança Liberal, a qual resultou na eleição do gaúcho Getúlio Vargas à presidência encerrando o ciclo da política café-com-leite.

  •  A opção apresenta corretamente o poder de São Paulo por conta de ser o maior exportador de café mas, ao enunciar que SP não precisava de alianças a afirmativa se torna incorreta. Nessa época Minas Gerais era o estado mais populoso da federação, tendo, portanto, mais eleitores e o maior número de deputados na Câmara Federal. Assim sendo, SP precisa ao menos da aliança com MG para conseguir ter o controle da câmara por maioria e, desta forma, dominar todo o processo eleitoral

    2- O erro apresentado na opção B é o de afirmar que a federação e, por conseguinte, a maior autonomia dos estados invalidava alianças. Fazer alianças é prerrogativa da ação política, ainda mais em uma federação. A autonomia garante, na verdade, a possibilidade de articulações políticas que resguardem os interesses das partes da federação.

    3- Nota-se que a opção C estabelece um ângulo diferente da questão pois as outras opções destacam a questão da aliança entre SP e MG, enquanto esta destaca que a aliança não significava concordância em todos os momentos. Os conflitos eram parte do processo de articulação dos interesses diversos. Há os interesses comuns mas as divergências existiam, até mesmo porque a economia de MG era muito mais voltada para o mercado interno ( leite e carne) e a de SP para a exportação (café)

    4- A opção D apresenta um erro conceitual. Se há uma Federação e não se configura uma ditadura, não há centralização no poder executivo.

    5- A opção E apresenta duas incorreções: diversificação da produção e economia voltada majoritariamente para mercado interno. Ao contrário, um dos problemas da economia brasileira à época era exatamente a pouca diversificação, o que levava `a uma maior vulnerabilidade às oscilações do mercado externo. A economia era principalmente agro-exportadora e não voltada para o mercado interno. Essa é a segunda incorreção

  • Letra C

    Resumidamente, na aliança entre São Paulo e Minas Gerais, havia divergências a todo momento. Não era uma aliança que mantinha uma certa estabilidade, pelo contrario.

  • SOBRE A REPÚBLICA VELHA ou REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1894-1930)

    • Oligarquia: Poder nas mãos de poucos (nas mãos da elite cafeicultora).

    • Política do café com leite: aliança entre São Paulo (PRP – Partido Republicano Paulista. SP exportava café) e Minas Gerais (PRM – Partido Republicano Mineiro. Também exportava café – o “leite” é só pra diferenciar) para as candidaturas políticas no Brasil. 

    • Esses dois partidos, PRP PRM, costumavam revezar a campanha eleitoral para presidente. Em um ano um estado indicava um candidato e o outro apoiava; no outro ano, acontecia o inverso, e assim sucessivamente. 

    • Eles conseguiam eleger-se através o “voto de cabresto” (mecanismo de acesso aos cargos eletivos por meio da compra de votos com a utilização da máquina pública ou o abuso de poder econômico). 

    • O poder regional (coronéis) influencia diretamente os poderes estadual e federal. 

    • Convenio de Taubaté: acordo que determinava que o governo ajudasse os cafeicultores em caso de crise (do café).

    • Tratado de Petrópolis (1903): O Brasil adquire o Acre da Bolívia através de compra. Objetivo: ciclo da borracha. Extração do látex do seringal para a indústria automobilística mundial. 

    • Com o início da 1ª Guerra Mundial, em 1914, o Brasil reduziu a exportação do café, tendo que passar por um surto um surto industrial para regular a economia. 

    • Crise da República Velha: teve ligação com o declínio da economia cafeeira. 

    • Crise de 1929: com o rompimento da exportação pelos EUA, o café brasileiro passou a ser comprado e queimado pelo próprio governo.

    • Para as eleições de 1929, Washington Luís (SP) rompe com Minas Gerais e indica Júlio Prestes, de São Paulo, para concorrer à presidência. 

    • Minas Gerais passa a fazer parte da Aliança Liberal, composta por Rio Grande do Sul, de Getúlio Vargas, e Paraíba, de João Pessoa. 

    • Os paulistas também recebiam oposição dos tenentistas – movimento de classe média e média patente no exército – que eram liderados pop Luís Carlos Prestes. 

    • Coluna prestes: os tenentes caminharam por cerca de 25.000 km pelo Brasil, procurando apoio contra a oligarquia. 

    • Nas eleições de 1929, Júlio Prestes venceu a Aliança Liberal, mas Vargas acusou os paulistas de cometerem fraudes no processo eleitoral.

    • Revolução de 1930: em outubro de 1930, a Aliança Liberal e Getúlio Vargas aplicam um golpe de Estado a Washington Luís e colocam fim a república velha.