SóProvas


ID
90004
Banca
FCC
Órgão
TRE-AL
Ano
2010
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O século XX escolheu a democracia como forma predominante
de governo e, para legitimá-la, as eleições pelo voto
da maioria. O momento eleitoral passou a mobilizar as energias
da política e trazer ao debate as questões públicas relevantes.
No entanto, demagogias de campanha e mandatos mal cumpridos
foram aos poucos empanando a festa de cidadania do
sufrágio universal.

Pierre Rosanvallon propõe como um dos critérios para
avaliar o grau de legitimidade de uma instituição a sua capacidade
de encarnar valores e princípios que sejam percebidos
pela sociedade como tais. Assim como a confiança entre pessoas,
legitimidade é uma entidade invisível. Mas ela contribui
para a formação da própria essência da democracia, levando à
adesão dos cidadãos. Afinal, a democracia repousa sobre a
ficção de transformar a maioria em unanimidade, gerando uma
legitimidade sempre imperfeita. O consentimento de todos seria
a única garantia indiscutível do respeito a cada um.

Mas a unanimidade dos votos é irrealizável. Por isso a
regra majoritária foi introduzida como uma prática necessária.
Na democracia os conflitos são inevitáveis, porque governar é
cada vez mais administrar os desejos das várias minorias em
busca de consensos que formem maiorias sempre provisórias.
Há, assim, uma contradição inevitável entre a legitimidade dos
conflitos e a necessidade de buscar consensos. Fazer política
na democracia implica escolher um campo, tomar partido.
Quanto mais marcadas por divisões sociais e por
incertezas, mais as sociedades produzem conflitos e necessitam
de lideranças que busquem consensos. Como o papel do
Poder Executivo é agir com prontidão, não lhe é possível gerir a
democracia sem praticar arbitragens e fazer escolhas. Mas
também não há democracia sem o Poder Judiciário, encarregado
de nos lembrar e impor um sistema legal que deve expressar
o interesse geral momentâneo; igualmente ela não existe sem
as burocracias públicas encarregadas de fazer com que as
rotinas administrativas essenciais à vida em comum sejam realizadas
com certa eficiência e autonomia.

(Gilberto Dupas. O Estado de S. Paulo, A2, 17 de janeiro
de 2009, com adaptações)

De acordo com o texto,

Alternativas
Comentários
  • Justificativa está no 2º paragrafo do texto:Mas ela (legitimidade) contribuipara a formação da própria essência da democracia, levando àadesão dos cidadãos. Afinal, a democracia repousa sobre aficção de transformar a maioria em unanimidade, gerando umalegitimidade sempre imperfeita. O consentimento de todos seriaa única garantia indiscutível do respeito a cada um.
  • A) INCORRETA: A autonomia de uma rotina administrativa não está se referindo ao conceito de democracia e sim à ideia da burocracia pública
    B)INCORRETA: Em nenhum momento diz que é ilegítimo. O próprio texto diz que não há como ter uma vontade unanime, um método em que 100% da população esteja concordando, por isso a democracia tenta ser a mais justa possível, com a decisão da maioria.
    C)INCORRETA: o texto não leva para esse foco, de criticar os políticos.
    D)INCORRETA: não encontrei no texto essa obrigação explícita.
    E)CORRETA: "Afinal, a democracia repousa sobre a
    ficção de transformar a maioria em unanimidade, gerando uma
    legitimidade sempre imperfeita. O consentimento de todos seria
    a única garantia indiscutível do respeito a cada um.
  • "Afinal, a democracia repousa sobre a ficção de transformar a maioria em unanimidade, gerando uma legitimidade sempre imperfeita. O consentimento de todos seria a única garantia indiscutível do respeito a cada um."

    Foi exatamento por esse trecho que considerei a alternativa "E" como incorreta, pois a legitimidade só estará garantida se houver um consenso das pessoas e não um consenso entre a maioria das pessoas, sendo assim estaríamos na democracia com legitimidade imperfeita.

    Mas emfim, interpretação é sempre complicado discutir, alguém concorda com isso?

     

  • Não concordo com tal resposta.
    O texto afirma: " A democracia repousa sobre a ficção de transformar a maioria em unanimidade, gerando uma legitimidade sempre imperfeita. O consentimento de todos seria a única garantia indiscutível do respeito a cada um."
    Já a alternativa E afirma que  a maiori a por si só gera A legitimidade. 
    Não deveria ser o consenso de todos para gerar a legitimidade em vez de a simple maioria?

    Em concursos de tribunais, normalmente, passa quem erra menos, agora como pode fechar uma prova de portugues com questoes de tamanha subjetividade? Questões objetivas não deveriam proporcionar todo este debate.

    O vidinha difícil essa de concurseiro essa viu!! rsrs
  • Assim como o colega anterior, também não concordei com a resposta, aliás, com nenhuma alternativa.
  • Não concordo com o gaba..