SóProvas


ID
916525
Banca
FUNCAB
Órgão
PC-ES
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 1:

        Primeira experiência em tantas viagens: o piloto do enorme avião que me levava era uma mulher. Jovem, não muito alta, bonita e alegre – por que pensei que mulher comandante (recuso termos como pilota e comandanta) teria que ser grandona feito eu, e sisuda? Minha surpresa, nascida do preconceito inconsciente, passou para alegria: olha ela ali, casada, com filhos pequenos, sem ar de mãe culpada ou profissional, tendo de mostrar ferozmente sua competência. Nela se viam naturalidade, segurança e simpatia. 
        No meu encontro com altas executivas, aquele incidente acabou simbólico. A gente pode aprender e assimilar muita coisa: neste momento nós, mulheres e homens, enfrentamos muitas novidades, num mundo fascinante, vertiginoso, belo e às vezes cruel. Com tecnologias efêmeras e atordoantes, estamos condenados à brevidade, à transitoriedade, depois de séculos em que os usos e costumes duravam muitos anos, e qualquer pequena mudança causava um alvoroço. A convivência de homens e mulheres também mudou, muitíssimo, tema para muita literatura e seminários, fonte de muitos problemas pessoais. Mudanças trazem o stress nosso de cada dia.
       Eu devia falar sobre a carreira na vida de uma mulher, e seus desafios. Em muitas empresas as mulheres trabalham ombro a ombro com colegas homens, e eventualmente assumem cargos de comando. Como agimos, como nos portamos, como nos reinventamos, nós homens e mulheres? Estamos criando novas parcerias: se homens, enfrentando às vezes o comando de uma mulher; se mulheres, tentando descobrir como lidamos com o poder. Poder e dinheiro, dois fatores novos para nós, interligados e ainda inusitados. Conheço mulheres altamente capacitadas, com bons cargos e salários invejáveis, que no fim do mês entregam o dinheiro ao marido, ou têm uma conta conjunta que ele maneja, “para que ele não se sinta mal por eu ganhar mais.” Realmente, essa mulher com poder precisa de um parceiro com muito caráter, seguro e bem-humorado, para que o convívio faça crescer os dois, com cumplicidade e alegria. 
      Quando eu era adolescente, minhas tias e avós, achando que eu lia demais, profetizavam que eu “não conseguiria marido”, pois “os homens não gostam de mulheres muito inteligentes”. Hoje, celebro os tempos em que ser inteligente ou ter algum conhecimento não precisa ser escondido pelo arcaico medo de “ficar sozinha”. Tendo por escolha, sorte e acaso uma vida profissional sem patrão ou colegas diretos, admiro a diária superação das mulheres que ocupam cargo de mando. Pois se – além de sermos consideradas seres humanos (nem sempre fomos), hoje podemos votar, estudar, trabalhar, controlar o número de filhos e até escapar de casamentos infelizes –, assumimos muito conflito e confusão, os sentimentos humanos continuam os mesmos. Todos queremos dar algum sentido à nossa vida, queremos nos sentir importantes ao menos para alguém, desejamos realizações, mas também aconchego e escuta amorosa. 
      Como conciliamos as mais atávicas e legítimas emoções com as exigências duríssimas de trabalho? Nem sempre temos como deixar as crianças bem atendidas, mesmo tendo a melhor babá ou escolinha; se antes o marido chegava cansado, hoje muitas vezes marido e mulher voltam do trabalho exaustos e tensos. Nem sempre temos na vida pessoal ou no trabalho o parceiro que nos entende, apoia e aprecia, em vez de nos lançar vagas ironias ou quem sabe tentar nos boicotar – coisas que aos poucos desaparecem, pois também os homens estão aprendendo esse novo convívio.
    “Os homens estão assustados com essa mulher que está surgindo?”, perguntam-me seguidamente, e digo: “Os bobos se assustam, ironizam, procuram nos diminuir; os inteligentes – que são os que nos interessam – hão de gostar de ter no trabalho uma colaboradora e em casa uma boa parceira, em lugar de uma funcionária ou gueixa aturdida e queixosa”. Como resolver tudo isso? Vivendo e enfrentando com alguma grandeza esses novos tempos e essas novas gentes que somos agora. (LUFT, Lya. “Homens, mulheres e poder”. Rev. Veja: 19/12/2012, p. 26.) 

O sentido fundamental de: “Tendo por escolha, sorte e acaso uma vida profissional sem patrão ou colegas diretos, admiro a diária superação das mulheres que ocupam cargo de mando.” (§ 4) altera-se com a seguinte redação:

Alternativas
Comentários
  • Na oração, entendo que autora não participa desse mundo "ombro a ombro" com os homens por opção e que admira as mulheres que o encaram. Então, a primeira ideia é uma consequência relacionada a segunda. Quando observamos a última alternativas, verificamos que nela existe uma estrutura que indica causa, sendo justamente o contrário do que a autora quer passar. A alternativa correta é a "e".
  • Significados de Porquanto :

    Visto que, porque.
  • Não entendi! Não consegui enxergar a relação de causa e consequência presente em cada uma das frases. Você poderiam explicar para mim de forma mais detalhada? Grato!

  • Letra E ... letra D... letra C (...) letra A  Letra  W : COMENTÁRIOS ASSIM ENCHEM NOSSO DIA, DE CONCURSEIRO, DE CONTEÚDO  obrigado aos intelectuais que disponibilizam tais comentários, muito grato!

  • Pra o pessoal que não é assinante ou só quer saber o gabarito, basta clicar no ícone da impressora ao lado do número da questão que vai abrir outra página com o gabarito da questão.

  • porque a B e A tão erradas? pra mim dá no mesmo, essa banca é toda louca nas questões.

  • Olácaros colegas, vou dar a minha opinião acerca da questão: 

    “Tendo por escolha, sorte e acaso uma vida profissional sem patrão ou colegas diretos,admiro a diária superação das mulheres que ocupam cargo de mando.”

    A primeira ideia é a de que a autora não participa,por opção dela mesma, desse universo em que as mulheres disputam ombro a ombro com os homens, a segunda ideia é a de que a autora admira as mulheres que vivem esse contexto a que ela chama de “diária superação” das que ocupam cargo demando.

     
    A única alternativa em que há comprometimento da relação  entre a primeira ideia e a segunda é a alternativa “E”

    e)Tenho por escolha, sorte e acaso uma vida profissional sem patrão ou colegas diretos, porquanto admiro a diária superação das mulheres que ocupam cargo de mando.

    Porquanto = conjunção coordenativa => Por isso que - torna o trecho um contexto de causa, fugindo da relação original do texto uma vez que a autora apenas diz que optou e teve a sorte de uma carreira autônoma, mas não diz que fez essa opção por  ser difícil o contexto das mulheres que ocupam cargo de mando. Não há na frase original essa relação de causa.

    As demais alternativas mantém a mesma relação proposta pela frase original.

    Espero ter ajudado.

    Bons estudos.

  • e) Tenho por escolha, sorte e acaso uma vida profissional sem patrão ou colegas diretos, porquanto admiro a diária superação das mulheres que ocupam cargo de mando. Alternatica correta.

    Porquanto : Oração Coordenada sindética Explicativa.

    Poderia ser alterado sem mudança de sentido por : porque,posto que, pois.