Posteriormente, segundo Blos, surgiria a fase de “Adolescência Precoce” na qual há declínio das tendências bissexuais, solidificação da polaridade dos princípios activo e passivo e a genitalidade toma a preponderância através da união dos instintos parciais (orais, anais…). A “Adolescência Propriamente Dita” será a fase descrita por Blos como aquela em que ocorre o já mencionado desinvestimento dos pais interiorizados, permitindo o investimento em objectos extra familiares; e por Ladame como a segunda fase, entre os 15 e os 17/18 anos, cujo cerne é a independência emocional face aos objectos parentais e subsequente independência a nível do pensamento, condutas e desejos, sendo também a fase na qual o grupo de pares começa a ser fundamental para a definição do que é normal ou anormal e que o corpo sexuado é experimentado. De acordo com Blos, a fase seguinte seria a “Adolescência Tardia” na qual se elabora a identidade do Eu e a fixação dos limites do Eu e, por último, a “PósAdolescência” na qual as pulsões e a organização interna do Eu finalizam a constituição da personalidade do indivíduo.
Blos (1998) denomina pré-adolescência, adolescência inicial, adolescência propriamente dita e adolescência final as diferentes etapas da adolescência, assim subdividida em função das principais conflitivas enfrentadas pelo jovem. Segundo o autor, na pré-adolescência, a partir das mudanças corporais, um estranhamento próprio começa a tomar conta do Eu. O grupo de amigos se torna muito importante, viabilizando movimentos identificatórios entre seus membros e possibilitando ao adolescente sentir-se fortalecido e amparado em suas dúvidas e seus conflitos.
Na subfase posterior, denominada adolescência inicial, o jovem se depara cada vez mais com as conflitivas típicas da experiência adolescente em comparação com a infância. É comum que ocorram, nessa etapa, tentativas do jovem de se separar dos pais, e, como decorrência desses movimentos, a confiança e segurança anteriormente depositadas nas figuras parentais serão agora buscadas em novos espaços e em novos objetos.
Segundo Blos (1998), o auge do processo adolescente ocorre na adolescência propriamente dita, uma vez que nela se dá o abandono de forma mais marcante dos objetos de amor infantil. A identidade vai tomando uma forma mais estruturada conforme o indivíduo consiga integrar seu passado com as experiências atuais (MACEDO; AZEVEDO; CASTAN, 2010). O adolescente terá, agora, que enfrentar e descobrir o mundo exogâmico.
Na última subfase descrita pelo autor e intitulada de adolescência final, o sentimento de identidade (noção do si mesmo) adquire maior estabilidade, resultado do trabalho psíquico de síntese, apropriação e elaboração das experiências vividas pelo adolescente. No final da adolescência, torna-se possível estabelecer planos nas mais variáveis áreas da vida. Logo, o que o adolescente projeta para o futuro está inserido em uma organização de planos interligados e conciliáveis, evidenciando uma ideia de continuidade que não podia existir em outros tempos. Percebe-se, na descrição das etapas que caracterizam a adolescência, que, mais do que uma descrição de aspectos ligados à idade, na proposta de subdivisão das etapas da adolescência, o autor enfatiza a condição do adolescente de enfrentamento com singulares conflitivas que marcam seu trajeto da infância à idade adulta. Desse intenso trabalho de ressignificação psíquica, resultará a condição de elaboração de perdas, de reconhecimento e integração na identidade das diferentes etapas do tempo vivido pelo jovem. Trata-se da integração no tempo presente das experiências de um tempo passado e de abertura a expectativas em relação a um tempo futuro.