Atenção: As questões de números 1 a 9 baseiam-se no texto
apresentado abaixo.
É impossível não nos maravilharmos com as inúmeras
formas vivas. Basta darmos uma passeada num parque e olharmos
para as árvores, flores, insetos, pássaros, cachorros e seus
donos, e nos damos conta da incrível criatividade da vida em
suas várias adaptações na água, terra e ar. À primeira vista,
parece mesmo difícil que as asas de uma abelha, os olhos de
um gato, as nadadeiras de um peixe tenham surgido por acaso,
resultado de acidentes no nível molecular. Mas foi isso o que
ocorreu, ao longo dos 3,5 bilhões de anos (no mínimo), desde
que a vida surgiu na Terra.
Darwin propôs sua teoria da evolução para dar conta do
que percebeu ser, ao longo de observações cuidadosamente
catalogadas em viagens pelo globo, a característica fundamental
da vida: sua capacidade de se adaptar a ambientes diversos.
Sua idéia de que as espécies variam no tempo devido a
pequenas mudanças que são transmitidas de geração em gera-
ção permanece essencialmente intacta. A seleção natural, como
já diz o nome, seleciona, dentre as várias mudanças, as que
beneficiam a espécie. Com isso, os benefícios são passados
aos poucos para novas gerações, até que façam parte de toda a
população.
A grande inovação veio em torno dos anos 1950, com a
biologia molecular. Ficou claro que as variações (ou mutações)
ocorrem no nível molecular, nos genes. Com o mapeamento do
genoma humano durante a última década, mais surpresas ocorreram.
Esperava-se que espécies mais sofisticadas, como os
humanos, teriam muito mais genes do que as mais simples,
como os vermes. Bem, humanos têm praticamente tantos genes
quanto ratos. Se o número de genes não mede a complexidade
de uma espécie, o que, então, a determina? A resposta encontra-se
num novo ramo da biologia molecular, que estuda como
os genes se comportam durante o desenvolvimento de um
embrião, como as alterações na atividade de cada um deles
geram um ser complexo, seja ele uma mosca, um morcego ou
uma baleia.
Genes são essencialmente moléculas extremamente
longas, como corredores cheios de portas. Os biólogos descobriram
que certas moléculas funcionam como chaves que ligam
ou desligam as partes dos genes responsáveis pela produção
de enzimas específicas. À medida que o embrião evolui,
diferentes portas são abertas e fechadas, cada uma responsável
por parte de seu corpo. É como se o animal tivesse um
mapa de seu desenvolvimento, que determina quais portas
devem ser abertas ou fechadas seqüencialmente. O incrível é
que todos os seres vivos têm genes similares. A variação da
vida vem da ativação de partes diferentes dos genes e não de
genes diferentes. A evolução da vida é conseqüência de muta-
ções que ocorrem nas “portas” moleculares e não nos genes.
Somos todos essencialmente o mesmo animal, variações sobre
o mesmo tema.
(Adaptado de Marcelo Gleiser. Folha de S. Paulo, Mais!, 7 de
maio de 2006, p. 9)
O segmento cujo sentido original está corretamente retomado, em outras palavras, é: