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ID
938059
Banca
FUNCAB
Órgão
PC-ES
Ano
2013
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

No texto “O problema econômico do masoquismo” (1924), Freud constata que, no masoquismo, a dor e o desprazer podem constituir-se como metas pulsionais, deixando o princípio do prazer paralisado, narcotizando sua função de guardião da vida psíquica. Esse incômodo que o masoquismo desperta, levou Freud a distinguir três tipos de masoquismo. São eles:

Alternativas
Comentários
  • No artigo "O problema econômico do masoquismo", Freud (1924/1974) descreve três experiências subjetivas distintas: o masoquismo erógeno primordial, o masoquismo feminino e o masoquismo moral: "O masoquismo apresenta-se à nossa observação sob três formas: como condição imposta à excitação sexual, como expressão da natureza feminina e como norma de comportamento – é o masoquismo erógeno, o feminino e o moral" (Freud, [1924] 1974: 201).

    A libido tem a tarefa de neutralizar os poderes destrutivos da pulsão de morte e realiza isso desviando essa pulsão, em grande parte, para o exterior. Uma parte dessa pulsão, entretanto, não se associa a esse movimento de transposição para fora, ficando no organismo, sendo neste momento de encontro entre a libido e a pulsão de morte que Freud reconhece o masoquismo erógeno originário:

    A libido tem a missão de tornar inócuo o instinto destruidor e a realiza desviando esse instinto, em grande parte, para fora – e em breve com o auxílio de um sistema orgânico especial, o aparelho muscular – no sentido de objetos do mundo externo. [...] Outra porção não compartilha dessa transposição para fora; permanece dentro do organismo e, com o auxílio da excitação sexual acompanhante acima descrita, lá fica libidinalmente presa. É nessa porção que temos que identificar o masoquismo original, erógeno (Freud, 1924/1974: 204).

    Assim, o masoquismo originário é também erógeno, pois se constitui a partir da liga entre Eros e pulsão de morte, sendo um remanescente do momento do encontro originário entre as duas pulsões, constituindo-se a partir da porção que não é deslocada para fora do organismo.

    O masoquismo moral centra-se na submissão ao outro da moral – uma espécie de obediência irrestrita às injunções do outro social, o que levou Theodor Reik (1941) a denominá-lo de "masoquismo social". Constitui-se como um efeito do sentimento de culpa, sendo que o sofrimento aqui aparece como um destino (o que Freud denominou de "neurose de destino") que seria alheio ao sujeito, como obra do acaso. Enquanto o masoquismo moral é a relação do sujeito com o social, o masoquismo feminino se materializa no relacionamento com o outro, ao qual o sujeito se oferece como objeto para ser aviltado e humilhado. No masoquismo feminino, o que está em questão é a posição de humilhação frente ao objeto amoroso, pois aqui se faz necessária a encenação masoquista com o outro, diferentemente do masoquismo moral, no qual a figura do outro aparece sob a forma das injunções da cultura.

  •  “O masoquismo apresenta-se à nossa observação sob três formas: como condição imposta à excitação sexual - masoquismo erogeno primordial-, como expressão da natureza feminina - masoquismo feminino - e como norma de comportamento moral– é o masoquismo erógeno, o feminino e o moral” (Freud, [1924] 1974: 201). 

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  • Nas próprias palavras de Sigmund Freud em  “O problema econômico do masoquismo": 
    “O masoquismo apresenta-se à nossa observação sob três formas: como condição imposta à excitação sexual, como expressão da natureza feminina e como norma de comportamento (behaviour). Podemos, por conseguinte, distinguir um masoquismo erógeno, um masoquismo feminino e um masoquismo moral. O primeiro masoquismo, o erógeno - prazer no sofrimento - jaz ao fundo também das outras duas formas. Sua base deve ser buscada ao longo de linhas biológicas e constitucionais e ele permanece incompreensível a menos que se decida efetuar certas suposições sobre assuntos que são extremamente obscuros. A terceira, e sob certos aspectos a forma mais importante assumida pelo masoquismo, apenas recentemente foi identificada pela psicanálise como um sentimento de culpa que, na maior parte, é inconsciente; ela, porém, já pode ser completamente explicada e ajustada ao restante de nosso conhecimento. O masoquismo feminino, por outro lado, é o mais acessível às nossas observações e o menos problemático, e pode ser examinado em todas as suas relações".
     
    Explicando de maneira sucinta. O masoquismo erógeno, também denominado masoquismo primário, do qual derivam o feminino e o moral, pode ser explicado através da “fusão" e “desfusão" das pulsões de morte e libidinais. Ao deparar-se com a pulsão de morte, a libido, como pulsão de vida, expulsaria boa parte da pulsão de morte, dirigindo-a a objetos do mundo externo, porém, a outra parte continuaria dentro do organismo, e lá, com a ajuda da solidariedade excitatória sexual entre a dor e o prazer, teria sido fixada libidinalmente, e esse tomaria como objeto o próprio organismo. 
    O masoquismo feminino repousa totalmente sobre o masoquismo erógeno, ele seria um resquício das pulsões de morte no momento em que sobrevém as pulsões de vida. Diz respeito à ação passiva, na relação ativo-passivo, na situação típica da condição feminina, ou seja, ser castrado, ser objeto de coito, que serve para preparar-se para o ato sexual, ou é realizado como fim em si próprio. Feminino esse que relaciona-se com o infantil, como um sujeito que, na verdade, quer ser tratado como uma criança desobediente e má, que necessita ser repreendida por alguma autoridade, ou qualquer 'imago' suscitado pelos pais. O masoquista busca sofrimento, mas também punição ou alguém que lhe imponha limites, o que está relacionado à função paterna de reconhecimento de uma hierarquia, alguém que estabeleça uma relação de poder sobre ele através da obediência que deve prestar ao outro. 
    Já o masoquismo moral, que é o mais genérico, demonstra que há um preço a pagar pela cultura que criamos. Somos todos obrigados a ceder em nossos desejos e nossa libido para um fim social. O trabalho, o estudo, a fidelidade, a monogamia, são exemplos desse sofrimento que, consentidamente, infligimos a nós mesmos. Isto é o que constituiria o princípio de realidade, espécie de estratégia psíquica que desloca o prazer imediato da libido para ganhos secundários, porém mais duradouros. Aceitar esse jogo, entretanto, implica numa renúncia ao prazer imediato, e num certo consentimento ao sofrimento com vistas a um ganho futuro. As exigências da cultura nos transformam, portanto, em masoquistas por excelência.
     

    GABARITO: E

  • ERÓGENO >>>>>>>>>>>>> Que produz uma sensação de prazer sexual, que é o seu objeto ou ponto de partida.

    Zona erógena (boca, mamilos, clítoris, etc.).