Dos enunciados a seguir, adaptados da Revista Isto é, marque a alternativa em cujo discurso direto o verbo “dicendi” não está declarado.
Dos enunciados a seguir, adaptados da Revista Isto é, marque a alternativa em cujo discurso direto o verbo “dicendi” não está declarado.
Leia as assertivas abaixo a respeito de O Ateneu:
I - O Ateneu é uma crítica ao romantismo, na medida em que estabelece uma crítica à ingenuidade da infância enquanto espaço idílico e importante para a construção imaginária dos românticos, o que o transforma num precursor do romance psicológico.
II - O Ateneu é ao mesmo tempo uma crítica ao modelo de educação posto em prática no internato e uma crítica ao autoritarismo das elites brasileiras sustentadas pelo modelo político monárquico. Em certo sentido, o internato é uma metonímia da monarquia brasileira.
III - Raul Pompéia utiliza-se das avaliações apaixonadas de Sérgio na infância para fazer um romance com fortes traços impressionistas e simbolistas, romance que também antecipa certos aspectos da vanguarda expressionista, sobretudo nas descrições de Aristarco e dos personagens alinhados com ele.
Leia as assertivas abaixo a respeito da obra poética de João Cabral de Melo Neto:
I - Poesia de profunda consciência formal, que conseguiu aliar as conquistas poéticas do modernismo a uma reflexão sobre a realidade social brasileira, sobretudo do homem nordestino.
II - Filiou-se à Geração de 45, sendo um dos seus principais expoentes e o grande disseminador de seus pressupostos estéticos e ideológicos.
III - Opôs-se ao lirismo sentimental, dominante na história da poesia brasileira, e construiu uma poesia impessoal, com o intuito de alcançar pela palavra a dimensão mais concreta possível da realidade.
Leia as assertivas abaixo a respeito de Morte e vida severina:
I - Poema narrativo no qual predomina a construção imaginária de um Nordeste rico em tradições culturais, idealizando um espaço social sem divisões rígidas, onde a morte, tema principal do autor, aparece como signo da renovação constante, do nascimento e da vida.
II - Poema narrativo que usa preferencialmente o verso heptassílabo, ou redondilha maior, próprio à tradição ibérico-medieval e ao folclore nordestino, as duas principais influências temático-formais do texto.
III - Severino, que conota ao mesmo tempo sujeito e condição, substantivo e adjetivo (Severina), vai em busca da própria vida, retirando-se de um espaço pautado pela exclusão sócio-econômica em que predominam as diversas facetas da morte, reveladoras da própria divisão social;
IV - O acentuado cunho social de Morte e vida severina destoa da obra de João Cabral de Melo Neto, preocupada exclusivamente com os aspectos formais da poesia.
Leia os fragmentos 1 e 2, abaixo, e analise o que se afirma sobre eles em seguida.
1. “O meu nome é Severino,/não tenho outro de pia./Como há muitos Severinos,/que é santo de romaria,/deram então de me chamar/ Severino de Maria [...] Somos muitos Severinos/iguais em tudo na vida” (seis primeiros versos do poema Morte e vida severina)
2. “[...] E aqui arribou, onde havia tantos outros, Rosálios, chegados pelas mesmas veredas, macambúzios, revestidos de cinzenta tristeza [...]” (O vôo da guará vermelha. p. 12)
A leitura dos fragmentos permite o leitor perceber
I - que ambos convergem para um mesmo ponto semântico: a aproximação entre Severino e Rosálio, que, pelo nome, comum ou adotado de uma “linhagem sem precedentes”, enfatiza um sujeito social sem grande “função”, espécie de “peso morto”, aparentemente vivendo à revelia dos prazeres, uma vez que a prioridade na vida de ambos é a sobrevivência.
II - que, diferentemente de Severino, Rosálio sobrepõe-se à mera atividade funcional por ele desenvolvida, porque encontra alimento para o seu espírito no “prazer de ler”, e somente isso na vida lhe basta.
III - que Severino, assim como Rosálio, encontra nas tradições culturais de sua comunidade respostas para uma vida melhor, daí migrar do interior para centros urbanos mais desenvolvidos, onde, à custa de bastante sacrifício, encontra uma forma de viver dignamente.
É(São) correto(s) apenas:
Em O vôo da guará vermelha, Irene conta (e ouve) histórias de “fazer durar” ou estender o tempo, atitude similar a de Sherazade, que, para evitar a sua morte pelo sultão, seu esposo, cumpre a tarefa de, à noite, contar-lhe um “conto”, deixando a história em suspenso para que ele tome gosto e queira ouvir a continuação na noite seguinte. No que diz respeito a O vôo da guará vermelha, pode-se afirmar
O vôo da guará vermelha traz à tona momentos em que a sinestesia e recursos gráficos e fônicos, mais recorrentes na poesia, têm liberdade de se fazerem presentes na narrativa. Pode-se dizer que,
I - em “cores desmaiadas, manchadas, nas cores, todas as cores, em trapos de vestir, em colchas e cortinas, almofadas desbotadas e bonecas estropiadas,nos restos de tintas e papéis nas paredes [...] cores de vida, fanada mas vida, ainda pulsante, cores redobradas” (p. 15), é possível entender o chamar a atenção para o vermelho que é presente em toda a obra, seja com o significado de vida (paixão, desejo de viver), seja com o significado de morte (ave/mulher ferida, condenada = guará (vermelha), mulher (de vestido vermelho = prostituta).
II - em “Esta mulher saber ler!, leia mais, lia tudinho, me diga onde está ‘guará’ e onde está ‘vermelha’ e ‘sangue’ e ‘espinhos’ e ‘penas’. Aqui, ali, acolá, Rosálio corre as linhas buscando a guará vermelha nos espinheiros das letras até vê-la com clareza distinguir luminosos, espinhos, penas e sangue” (p. 24), os termos em destaque (guará, vermelho,sangue, espinhos, pena) compõem um conciso inventário terminológico que induz o leitor a entender que, articulados como se encontram, aludem à vida, paixão e morte de Irene.
III - em “Rosálio olha intrigado tentando compreender que, quando lê ‘avó’, por quê, quando lê ‘avô’, parece que alguma coisa lembra-lhe a ave guará? A mulher ri da pergunta e lhe explica o ‘a’, o ‘v’, o ‘ó’, o ‘ô’, e o ‘e’ e ele fica deslumbrado com as letras do abc” (p. 42), constrói-se uma harmonia fônica em que os grafemas e os sons de ‘ave’, ‘avó’ e ‘avô’ são, poeticamente, imaginados na seqüência “ave, avó, avô, guará”, jogo lingüístico-poético que atualiza, na história contada, o título da obra, disseminado ao longo da narrativa (ave – guará; avó/avô – vôo, guará – ave de coloração vermelha);
Está(ão) correta(s) a(s) proposição(ões)
m “Os olhos da mulher, súplica e esperança, o meio sorriso, ferida aberta no meio da cara [...] Mas ela nada diz de sua boca, impõe com as mãos febris, com as pernas magras, com o corpo esquálido de bicho fêmea que ele lhe entregue seu corpo duro de bicho macho [...] Ela vê volume nos bolsos dele, mete as mãos e as traz cheias de brita que atira pela janela, o dinheiro, cadê o dinheiro?” (p.16-17) e em “Irene [...] provado devagarinho, por primeira vez, quem sabe?, o sabor que pode ter tocar-se o corpo de um homem por nada, só por carinho” (p. 57), é possível afirmar
I - que o fio de esperança por dias melhores, alimentado por Irene, depois de conhecer Rosálio, opera uma mudança na sua forma de ver e de sentir o outro.
II - que, embora lutando por sobreviver e alimentar um “guri e uma velha”, Irene encontra momentos para pensar em si, cuidar de si, ao mesmo tempo em que cuida do outro (Rosálio);
III - que não há alusão a uma possível mudança na forma de Irene sentir a si e ao outro: ela apenas quis agradá-lo (como mostra o fragmento), depois retoma a dura vida de prostituta, uma vez que a sobrevivência é um imperativo maior que “o prazer de ler”;
Está(ão) correta(s) apenas a(s) proposição(ões)
Quanto ao cordel Romance do pavão misterioso, pode-se afirmar
Marque a alternativa correta.