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Prova CPCON - 2011 - UEPB - Vestibular


ID
4066513
Banca
CPCON
Órgão
UEPB
Ano
2011
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

Sobre o Naturalismo literário, é correto afirmar:


I - Ao aprofundar aspectos realistas da literatura, cientificiza um discurso, assumido no plano estético pela ficção, induzindo o leitor a buscar não somente entretenimento em seus romances, mas também a problematização de estruturas sociais e de aspectos psicológicos das personagens.

II - O romance de tese, a exemplo de O cortiço, é o melhor projeto para o naturalista, uma vez que este só é considerado naturalista na medida em que sua produção literária se realiza unicamente no chamado romance de tese.

III - O realce de traços físicos e psicológicos nos romances de tese ratifica a ideia de o naturalismo, em suas narrativas, acentuar as tensões sociais e de demandas coletivas como proposta a ser problematizada a partir do elemento com o qual o leitor estabelece um grau de intimidade ou identificação, a saber, a personagem de ficção.

Alternativas

ID
4066516
Banca
CPCON
Órgão
UEPB
Ano
2011
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

Sobre O Cortiço de Aluísio Azevedo, é correto afirmar:


I - Romance cujo enredo traz à tona questões de ordem pessoal (de determinadas personagens) e coletiva (há personagens cujas tensões vividas remetem o leitor para questões de ordem mais geral, centradas num coletivo). As questões problematizadas numa perspectiva coletiva podem ser visualizadas em episódios como aquele em que os moradores do Carapicus e do Cabeça-de-gato se enfrentam e a tensão criada denuncia uma demanda coletiva e não apenas individual.

II - Romance cujo enredo aponta, embora timidamente, para a resolução de conflitos coletivos, visando uma melhoria do espaço urbano em que se assentam os cortiços Carapicus e Cabeça-de-gato, principalmente no que diz respeito ao projeto de saneamento básico e do fornecimento de energia elétrica, projetos que davam início à modernização dos centros urbanos do País no final do século XIX.

III - Romance cujo enredo problematiza muito mais as questões do pré-modernismo brasileiro, com a construção de um pensamento sanitarista e de modernização do espaço urbano do Rio de Janeiro do início do século XX, do que a proposta naturalista que insistia nas tensões particulares de suas personagens, demanda da “escola naturalista” cujas narrativas são as melhores representantes, no Brasil, dessa época.

Alternativas

ID
4066519
Banca
CPCON
Órgão
UEPB
Ano
2011
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

Depois de analisar O Cortiço, é correto afirmar:


I - A relação direta das tensões entre os “donos” dos cortiços se estabelece não só no acirramento das diferenças entre os moradores de ambos os cortiços, como também na própria nominação desses espaços coletivos nos quais se percebe, metaforicamente, uma relação animalesca e predatória entre os cabeça-de-gato (termo que alude à imagem do predador) e os carapicus (termo cujo valor semântico, vinculado ao de cabeça-de-gato, atualiza a imagem de presa).

II - O final trágico de Bertoleza e o “diploma de sócio benemérito” dado a João Romão pela “comissão de abolicionistas” expressam as dissimetrias sociais, de gênero, étnico-culturais, dentre outras, viabilizando os estratagemas naturalistas que apontavam para suas personagens fortes, tornando improdutiva, em determinados momentos, a luta dos vencidos ou dos que procuravam sair da condição de menor, de fraco.

III - No trecho “E, durante muito tempo, fez-se um vaivém de mercadores. Apareceram os tabuleiros de carne fresca e outros de tripas e fatos de boi; só não vinham hortaliças, porque havia muitas hortas no cortiço” (cap. 3), percebe-se que o espaço do cortiço formava uma espécie de mundo à parte e à margem da sociedade em que se assentava. Parecia independente, autônomo, inclusive em seus aspectos econômicos.

Alternativas

ID
4066522
Banca
CPCON
Órgão
UEPB
Ano
2011
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

Vejam-se as seguintes expressões e/ou ditos extraídos d’As velhas, de Lourdes Ramalho: igual cantiga de perua – de pior a pior; quem se abaixa demais... aparece; o futuro a Deus pertence; pernas pra que te quero; duro com duro não dá bom muro; todo penso é torto; o pouco com Deus é muito, o muito sem Deus é nada; falou do mau – prepare o pau; cobrir o sol com a peneira.

Sobre a ocorrência desses ditos ou expressões, podemos afirmar:


I - Os ditos e expressões acima demonstram uma pobreza vocabular por parte da dramaturga porque, longe de sair do esquema de apropriação vocabular regional ou local e de se valer de uma dinâmica de maior projeção linguístico-cultural, repete, através dos ditos e expressões, ideias já cimentadas no cancioneiro popular.

II - A apropriação, pela dramaturga, de ditos e expressões do cotidiano popular dá um maior movimento e leveza às falas das personagens, de modo a criar, no leitor (ou no expectador), uma identificação não só com a variante linguística do homem comum, mas, e sobretudo, com a dinâmica do falar popular, através das imagens recorrentes e atualizadas nas expressões citadas.

III - A recorrência, na peça, de expressões/ditos populares ratifica o papel regional ou local da representação literária, embora os conflitos internos das personagens e a dinâmica sociocultural em que elas estão inseridas apontem para questões humanas universais.


Está(ão) correta(s):

Alternativas

ID
4066525
Banca
CPCON
Órgão
UEPB
Ano
2011
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

As razões do divórcio entre o poeta e seu leitor na poesia moderna reside mais na preferência dos poetas pelos temas intimistas e individualistas. Pesquisas no sentido de se encontrarem formas ajustadas às condições de vida do homem moderno, principalmente através da utilização dos meios técnicos de difusão que surgiram em nossos dias, poderão contribuir para resolver, ao menos até certo ponto, o que parece o problema principal da poesia hoje – que é de sua própria sobrevivência. Quando nada, a consciência desse problema poderá ajudar aqueles poetas contemporâneos menos individualistas, capazes de interesse por temas da vida em sociedade e que também não encontraram ainda o veículo capaz de levar a poesia à porta do homem moderno. A falta de tal veículo está, também, condenando a poesia destes últimos autores à espera, desesperançada, de leitores que venham espontaneamente à sua procura, leitores, de resto, cada dia mais problemáticos.

MELO NETO. J.C. Da função moderna da poesia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998 (adaptado).


O fragmento acima permite concluir, corretamente, que

Alternativas

ID
4066528
Banca
CPCON
Órgão
UEPB
Ano
2011
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

O mar e o canavial


O que o mar sim aprende do canavial:
a elocução horizontal de seu verso;
a geórgica de cordel, ininterrupta,
narrada em voz e silêncio paralelos.
O que o mar não aprende do canavial:
a veemência passional da preamar;
a mão de pilão das ondas na areia,
moída e miúda, pilada do que pilar.

O que o canavial sim aprende do mar:
o avançar em linha rasteira da onda;
o espraiar-se minucioso,de líquido,
alagando cova a cova onde se alonga.
O que o canavial não aprende do mar:
desmedido do derramar-se da cana;
o comedimento do latifúndio do mar,
que menos lastradamente se derrama.


MELO NETO. J.C. A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Alfaguara/Objetiva, 2009.


Com base no poema “O mar e o canavial” NÃO é correto afirmar:

Alternativas

ID
4066531
Banca
CPCON
Órgão
UEPB
Ano
2011
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

O nome da rapsódia é Macunaíma, mas não é só Macunaíma. Mario de Andrade quis dizer alguma coisa do seu protagonista e acrescentou ao título um atributo paradoxal: O herói sem nenhum caráter. O nome, Macunaíma, centro da rapsódia. O epíteto, herói. A diferença está na cauda de cada proposição: no começo, sem nenhum caráter; no fim, de nossa gente. O que se pode inferir é a presença viva, no autor, de duas motivações tão fortes que se converteram em molas da composição da obra: a) por um lado, o desejo de contar e cantar episódios em torno de uma figura lendária que o fascinara pelos mais diversos motivos e que trazia em si os atributos do herói, entendido no senso mais lato possível de um ser entre humano e mítico, que desempenha certos papéis, vai em busca de um bem essencial, arrosta perigos, sofre mudanças extraordinárias, enfim, vence ou malogra. b) por outro lado, o desejo não menos imperioso de pensar o povo brasileiro, nossa gente, percorrendo as trilhas cruzadas ou superpostas da sua existência selvagem, colonial e moderna, à procura de uma identidade que, de tão plural que é, beira a surpresa e a indeterminação; daí ser o herói sem nenhum caráter. Compreender Macunaíma é sondar ambas as motivações: a de narrar, que é lúdica e estética; a de interpretar, que é histórica e ideológica.

BOSI. A. Situação de Macunaíma. In: ANDRADE. M. Macunaíma. São Paulo: Scipione Cultural, 1997 (adaptado).


Com base no fragmento acima do crítico literário Alfredo Bosi é possível inferir que o Macunaíma de Mário de Andrade

Alternativas

ID
4066534
Banca
CPCON
Órgão
UEPB
Ano
2011
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

Em relação à peça As velhas, de Lourdes Ramalho, marque a única questão que não se coaduna com o texto dramatúrgico:

Alternativas

ID
4066537
Banca
CPCON
Órgão
UEPB
Ano
2011
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

Quando se compara literatura e cinema, o primeiro fato que ocorre ao estudioso é o do enorme fosso semiótico que separa, aparentemente de modo inconciliável, essas duas formas de expressão, fundadas, cada uma, em espécies de signos e códigos tão diferentes. A literatura, acredita-se, não vai ter nunca a mobilidade plástica do cinema, e este, por sua vez, nunca o nível de abstração da literatura. Por outro lado, por grande e intransponível que seja esse fosso, há um número considerável de semelhanças que podem ser apontadas e que mantêm literatura e cinema numa espécie de estado sincrônico de compatibilidade permanente.

BRITO. J.B. Literatura no cinema. São Paulo: Unimarco, 2006.


Os diálogos entre literatura e cinema, frutos da reflexão de diversos pensadores, como o crítico de cinema paraibano João Batista de Brito, e da prática artística de inúmeros escritores e diretores, NÃO permitem concluir que

Alternativas

ID
4066540
Banca
CPCON
Órgão
UEPB
Ano
2011
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

Mario de Andrade assumiu uma perfeita “atitude antropofágica” sem estar completamente integrado no movimento de Oswald de Andrade. Encontrando a antropofagia na mitologia do índio, acolhe-a no romance, dá-lhe função simbólica, mas não a transforma na razão norteadora. A diferença básica e mais importante entre o livro e o filme é, portanto, que o canibalismo é a “razão norteadora” do filme, não, porém, do livro. Seria mais preciso dizer que o filme é Mário de Andrade e Oswald de Andrade “revistos” por Joaquim Pedro de Andrade à luz da situação sócio-econômica e política enfrentada pelo Brasil nos anos 60.

JOHNSON. R. Cinema e literatura. Macunaíma: do modernismo na literatura ao cinema novo. São Paulo: T.A.Queiroz, 1987 (adaptado).


Com base no fragmento acima do crítico de cinema Randal Johnson sobre o filme Macunaíma, NÃO é verdadeiro afirmar:

Alternativas
Comentários
  • Vou dar um exemplo que vai facilitar:

    Imagine que um servidor do DETRAN de determinado Estado ingressou na carreira mediante fraude em concurso público. Passados alguns anos, descobre-se o crime e, então, o ato de admissão desse servidor foi anulado.

    Concorda que os atos por ele praticados também foram ilegais e, consequentemente, devem ser anulados, visto que estão eivados de ilegalidade?

    Seria justo que os atos anulados praticados de boa fé por ele tivessem efeitos ex tunc (retroativos)?

    Imagina que vc depois de um bom tempo tivesse que refazer o seu processo de Habilitação pq o servidor que tirou a foto da sua CNH fraudou o concurso. Seria justo/razoável?

    Por esse motivo, caso seja comprovada a boa-fé do servidor que praticou o ato ilegal, a anulação produzirá efeito ex nunc.