Leia o poema de João Cabral de Melo Neto
O ferrageiro de Carmona
Um ferrageiro de Carmona,
que me informava de um balcão:
“Aquilo? É de ferro fundido,
foi a fôrma que fez, não a mão.
Só trabalho em ferro forjado
que é quando se trabalha ferro;
então corpo a corpo com ele;
domo-o, dobro-o, até onde quero.
O ferro fundido é sem luta,
é só derramá-lo na fôrma.
Não há nele a queda de braço
e o cara a cara de uma forja.
Existe grande diferença
do ferro forjado ao fundido;
é uma distância tão enorme
que não pode medir-se a gritos.
Conhece a Giralda em Sevilha?
De certo subiu lá em cima.
Reparou nas flores de ferro
dos quatro jarros das esquinas?
Pois aquilo é ferro forjado.
Flores criadas numa outra língua.
Nada têm das flores de fôrma
moldadas pelas das campinas.
Dou-lhe aqui a humilde receita
ao senhor que dizem ser poeta:
O ferro não deve fundir-se,
nem a voz ter diarreia.
Forjar: domar o ferro à força,
não até uma flor já sabida,
mas ao que pode até ser flor…
se flor parece a quem o diga.”
Identifique abaixo as afirmativas verdadeiras ( V ) e
as falsas ( F ).
( ) A frase: “O ferro não deve fundir-se” poderia
apresentar corretamente uma próclise na colocação pronominal: “O ferro não se deve fundir”.
( ) Estão corretas quanto à acentuação as seguintes frases: “A forma de bolo é redonda.” e “Eu
dou a forma que quero ao meu trabalho”.
( ) O poema termina com aspas para representar
o final de uma resposta dada a uma pergunta
não explícita no texto.
( ) A expressão “corpo a corpo” não possui crase
já que “corpo” é palavra masculina. Diferente
seria em “cara a cara”, em que a crase é facultativa, pois “cara” é vocábulo feminino.
( ) Na primeira estrofe do poema (as quatro primeiras linhas), há a explicação do que é forjamento no trabalho com ferro.
Assinale a alternativa que indica a sequência correta,
de cima para baixo.