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Prova UNICENTRO - 2010 - UNICENTRO - Vestibular - Literatura 1


ID
3791710
Banca
UNICENTRO
Órgão
UNICENTRO
Ano
2010
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

    Sou um homem arrasado. Doença? Não. Gozo perfeita saúde.
  O que estou é velho. Cinquenta anos pelo S. Pedro. Cinquenta anos perdidos, cinquenta anos gastos sem objetivo, a maltratar-me e a maltratar os outros. O resultado é que endureci, calejei, e não é um arranhão que penetra esta casca espessa e vem ferir cá dentro a sensibilidade embotada.
    Cinquenta anos! Quantas horas inúteis! Consumir-se uma pessoa a vida inteira sem saber para quê! Comer e dormir como um porco! Levantar-se cedo todas as manhãs e sair correndo, procurando comida! E depois guardar comida para os filhos, para os netos, para muitas gerações. Que estupidez! Que porcaria! Não é bom vir o diabo e levar tudo?

RAMOS, Graciliano. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 1979. p. 179-180.


Na percepção que constrói de si mesmo, o sujeito-narrador

Alternativas

ID
3791713
Banca
UNICENTRO
Órgão
UNICENTRO
Ano
2010
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

     Compreende-se que o ponto da lição era difícil, e que o Raimundo, não o tendo aprendido, recorria a um meio que lhe pareceu útil para escapar ao castigo do pai. Se me tem pedido a coisa por favor, alcançá-la-ia do mesmo modo, como de outras vezes, mas parece que era lembrança das outras vezes, o medo de achar a minha vontade frouxa ou cansada, e não aprender como queria, — e pode ser mesmo que em alguma ocasião lhe tivesse ensinado mal,–– parece que tal foi a causa da proposta. [...]
      Não queria recebê-la, e custava-me recusá-la. Olhei para o mestre, que continuava a ler, com tal interesse, que lhe pingava o rapé do nariz.
      — Ande, tome, dizia-me baixinho o filho. [...]
      –– Tome, tome...
      Relancei os olhos pela sala, e dei com os do Curvelo em nós; disse ao Raimundo que esperasse. Pareceu-me que o outro nos observava, então dissimulei; mas daí a pouco deitei-lhe outra vez o olho, e –– tanto se ilude a vontade! –– não lhe vi mais nada. Então cobrei ânimo.
     –– Dê cá...

ASSIS, Machado de. Conto de Escola. Contos. São Paulo: Ática. 1989. p. 34. ( Série Bons Livros).

Tem comprovação no texto a ideia de

Alternativas

ID
3791716
Banca
UNICENTRO
Órgão
UNICENTRO
Ano
2010
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

      Tornou-se Pereira pálido, franzindo os sobrolhos e olhando de esguelha para quem tão imprudentemente elogiava assim, cara a cara, a beleza de sua filha; Inocência enrubesceu que nem uma romã; Cirino sentiu um movimento impetuoso, misturado de estranheza e desespero, e, lá da sua pele de tamanduá-bandeira, ergueu-se meio apavorado o anão.
       Nem reparou Meyer e com a habitual ingenuidade prosseguiu:
   –– Aqui, no sertão do Brasil, há o mau costume de esconder as mulheres.
      Viajante não sabe de todo se são bonitas, se feias, e nada pode contar nos livros para o conhecimento dos que leem. Mas, palavra de honra, senhor Pereira, se todas se parecem com esta sua filha, é coisa muito e muito digna de ser vista e escrita! Eu...
   –– O senhor não quer retirar-se? Interrompeu Pereira com modo áspero.
   –– Pois não! Replicou o alemão.

TAUNAY, Visconde de. Inocência. Disponível em: <www.nead.unama.br> . Acesso em: 19 jun. 2010.


O diálogo entre as personagens Meyer, que representa a ideologia europeia, e Pereira, que traduz os valores sertanejos, evidencia

Alternativas

ID
3791719
Banca
UNICENTRO
Órgão
UNICENTRO
Ano
2010
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

Consolo na praia

Vamos, não chores.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.

Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis carro, navio, terra.
Mas tens um cão.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Consolo na praia. A rosa do povo. Rio de Janeiro: Record, 1989. p. 129.

Para o eu poético,

Alternativas

ID
3791722
Banca
UNICENTRO
Órgão
UNICENTRO
Ano
2010
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

        Aniceto fora cedo tirar o atestado de óbito no cartório de Palmeira e chegou no meio da tarde, encontrando grande confusão, o padre não permitia o enterro no cemitério de Santa Bárbara, era uma ateia.
      –– Mas vivemos na República –– gritou Rossi, que tinha ido acertar o sepultamento.
    –– A igreja é maior que o governo –– revidou o padre. –– Temos o direito de ser enterrados no cemitério.
     –– Essa terra só conhece católicos. — E o padre bateu a porta da sacristia.
   Quando souberam da proibição, os anarquistas se revoltaram, iam marchar juntos contra o padre e enterrar Gentille à força, viviam em um país livre, eram trabalhadores, davam lucro ao estado, ninguém era obrigado a ter religião para ser enterrado dignamente.

SANCHES NETO, Miguel. Um amor anarquista. 3. ed. Rio de Janeiro: Record, 1998. p. 219.

O texto, contextualizado na obra em sua totalidade, permite afirmar:

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