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ID
105505
Banca
FCC
Órgão
DPE-SP
Ano
2010
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Contribuição de um antropólogo

A maior contribuição do antropólogo Claude Lévi-Strauss
(que, ainda jovem, trabalhou no Brasil, e morreu, centenário, em
2009) é de uma simplicidade fundamental, e se expressa na
convicção de que não pode existir uma civilização absoluta
mundial, porque a própria ideia de civilização implica a coexistência
de culturas marcadas pela diversidade. O melhor da
civilização é, justamente, essa "coalizão" de culturas, cada uma
delas preservando a sua originalidade. Ninguém deu um golpe
mais contundente no racismo do que Lévi-Strauss e poucos
pensadores nos ensinaram, como ele, a ser mais humildes.

Lévi-Strauss, em suas andanças pelo mundo, foi um
pensador aberto para influências de outras disciplinas, como a
linguística. Foi ele também quem abriu as portas da antropologia
para as ciências de ponta, como a cibernética, que era
então como se chamava a informática, conectando-a com novas
disciplinas como a teoria dos sistemas e a teoria da informação.
Isso deu um novo perfil à antropologia, que propiciou uma nova
abertura para as ciências exatas, e reuniu-a com as ciências
humanas.

Em 1952, escreveu o livro Raça e história, a pedido da
Unesco, para combater o racismo. De fato, foi um ataque feroz
ao etnocentrismo, materializado num texto onde se formulavam
de modo claro e inteligível teses que excediam a mera
discussão acadêmica e se apoiavam em fatos. Comenta o
antropólogo brasileiro Viveiros de Castro, do Museu Nacional:
"Ele traz para diante dos olhos ocidentais a questão dos índios
americanos, algo que nunca antes havia sido feito. O
colonialismo não mais podia sair nas ruas como costumava
fazer. Foi um crítico demolidor da arrogância ocidental: os
índios deixaram de ser relíquias do passado, deixaram de ser
alegorias, tornando-se nossos contemporâneos. Isso vale mais
do que qualquer análise."

Reconhecer a existência do outro, a identidade do outro,
a cultura do outro - eis a perspectiva generosa que Lévi-Strauss
abriu e consolidou, para que nos víssemos a todos como
variações de uma mesma humanidade essencial.

(Adaptado de Carlos Haag, Pesquisa Fapesp, dezembro 2009)

Ao renovar a antropologia, Lévi-Strauss fez a antropologia mais respeitada que nunca, pois soube articular a antropologia com outras ciências, dotando a antropologia de preciosas ferramentas de interpretação cultural.

Evitam-se as viciosas repetições do trecho acima substituindo- se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:

Alternativas
Comentários
  • Como os três verbos dos elementos sublinhados no texto são transitivos diretos, não admite-se o pronome oblíquo "lhe" como complemento verbal, já que ele exerce a função de objeto indireto. Portanto por exclusão, as alternativas B; C; D e E estão INCORRETAS.
  • Boa, nobre Gilvandro! Sua resposta foi de uma precisão cirúrgica! rs...Eu ia perder um tempão explicando um monte de regras para o pessoal, mas depois dessa sua cartada de mestre, fiquei sem graça! rs...O mais importante não é ter conhecimento, é saber aplicá-lo da forma mais eficiente!;)
  • GABARITO: A

    Já ouviu falar no “Fi-lo porque qui-lo”, atribuída a Jânio Quadros? Pois então... os pronomes oblíquos átonos de 3ª pessoa -o(s), -a(s), se estiverem ligados a verbos terminados em -r, -s e -z, viram -lo(s), -la(s); lembrando que tais consoantes ‘caem’:

    Ex.: Vou resolver uma questão = Vou resolvê-la. / Fiz o concurso porque quis o emprego de funcionário público = Fi-lo porque qui-lo.

    É isso que ocorre em “fez a antropologia = fê-la”. É estranho, mas é isso aí. O mesmo cabe em “articulá-la”. O verbo dotar é VTD e, portanto, exige um complemento não preposicionado, daí que temos “dotando-a”, em que o ‘a’ substitui ‘a antropologia’.

    Simples assim! :)