Meu Deus,
me dá cinco anos.
Me dá um pé de fedegoso com formiga preta,
me dá um Natal e sua véspera,
05 o ressonar das pessoas no quartinho.
Me dá a negrinha Fia pra eu brincar,
me dá uma noite pra eu dormir com minha mãe.
Me dá minha mãe, alegria sã e medo remediável,
me dá a mão, me cura de ser grande,
10 ó meu Deus, meu pai,
meu pai.
PRADO, A. Orfandade. Bagagem. 29. ed. Rio de Janeiro: Record, 2010. p.12.
A inaceitação e a inadaptação do sujeito lírico ao mundo subjacente à escritura do texto, está evidente na expressão “me cura de ser grande” .