SóProvas


ID
1106029
Banca
FCC
Órgão
TJ-RJ
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Fomos uma geração de bons meninos. E acreditem: em boa parte por causa dos heróis dos quadrinhos. Éramos viciados em gibis. Nosso ideal do bem e mesmo a prática do bem podem ser creditados ao Batman & Cia. tanto quanto ao medo do inferno, aos valores da família e aos ensinamentos da escola. Os heróis eram o exemplo máximo de bravura, doação pessoal e virtude.
Gibis abasteciam de ética o vasto campo da fantasia infantil, sem cobrar pela lição. Não era só por exigência da família, da escola ou da religião que os meninos tinham de ser retos e bons; eles queriam ser retos e bons - como os heróis. Viviam o bem na imaginação, porque o bem era a condição do herói. A lei e a ordem eram a regra dentro da qual transitavam os heróis. Eles eram o lado certo que combatia o lado errado.
Atualmente não sei. Parei de ler gibis, só pego um ou outro da seção nostalgia. Nos anos de 1970 e 80 ainda surgiram heróis interessantes, mas alguns parecem cheios de rancor, como o Wolverine, ou vítimas confusas sem noção de bem e mal, como o Hulk, ou exilados freudianos, como o belo Surfista Prateado, ou presas possíveis da vaidade, como o Homem- Aranha. Complicou-se a simplicidade do bem. Na televisão, os heróis urram, gritam, destroem, torturam, tão estridentes quanto os arqui-inimigos maléficos. Não são simples, e retos, e fortes, e afinados com seus dons, como os heróis clássicos; são complexos, e dramáticos, e ambíguos, como ficou o mundo.

(Fragmento de Ivan Angelo. Meninos e gibis. Certos homens. Porto Alegre: Arquipélago, 2011. p.147-9)


Ao tratar da leitura de gibis, o autor contrapõe

Alternativas
Comentários
  • O dever de praticar o bem imposto pelas instituições sociais??? Alguém explica? A virtude como aspiração pessoal - ok.

  • Acredito que seja baseado nesse trecho do texto a resposta da questão: " E acreditem: em boa parte por causa dos heróis dos quadrinhos. (...)  Nosso ideal do bem e mesmo a prática do bem podem ser creditados ao Batman & Cia. tanto quanto ao medo do inferno, aos valores da família e aos ensinamentos da escola (aqui o autor cita instituições sociais: igrejas, família e escola). Os heróis eram o exemplo máximo de bravura, doação pessoal e virtude."

     O autor relata que antes da década de 70 e 80, as histórias dos quadrinhos tinham bem presente a Teoria Maniqueísta, que é uma concepção filosófica e com seu uso passou a ser um adjetivo para toda doutrina fundada nos dois princípios opostos do bem - heróis- e do mal -vilões-;um se opondo ao outro. 

    Tendo em vista a seguinte afirmação do autor:

    "Nos anos de 1970 e 80 ainda surgiram heróis interessantes, mas alguns parecem cheios de rancor, como o Wolverine, ou vítimas confusas sem noção de bem e mal, como o Hulk, ou exilados freudianos, como o belo Surfista Prateado, ou presas possíveis da vaidade, como o Homem- Aranha. Complicou-se a simplicidade do bem."

    O autor nos declara que os heróis deixaram de ser puramente bons.

  • Errei e demorei a entender, acredito que a resposta está no seguinte trecho:

    ''Não era só por exigência da família, da escola ou da religião que os meninos tinham de ser retos e bons ; eles queriam ser retos e bons - como os heróis.''

    Além da exigência das instituições sociais (família, escola ou religião) de que os meninos fossem retos e bons (esta era a aspiração pessoal que essas instituições tinham para os meninos) , esses meninos almejavam ser como os heróis, tendo estes como parâmetro. Por isso a assertiva correta é a letra c.

    c) a virtude como aspiração pessoal, despertada pelo exemplo dos heróis, ao dever de praticar o bem, imposto pelas instituições sociais.

    Em outra ordem para facilitar a compreensão: 

    O dever de praticar o bem o qual é imposto pelas instituições sociais como virtude/aspiração pessoal, despertada pelo exemplo dos heróis.

  • Nossa, demorei para entender.. estava na dúvida entre a 'b' e a 'c'. Marquei errado. Mas a resposta somente poderia ser a letra 'c' porque o autor NÃO EXPLICITA que há ausência de heróis no mundo atual. Ao contrário, ele só diz que os heróis de hoje em dia são interessantes, porém, ambíguos. E realmente, no texto, ele diz que ser bom era um exemplo que a criança queria seguir mais por causa de um herói do que pela exigência escolar, familiar ou religiosa.