SóProvas


ID
1116319
Banca
FCC
Órgão
TRT - 19ª Região (AL)
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Banguê

Cadê você meu país do Nordeste
que eu não vi nessa Usina Leão de minha terra?
Ah, Usina, você engoliu os banguezinhos do país das
Alagoas!
Você é grande, Usina Leão!
Você é forte, Usina Leão!

..................

Onde é que está a alegria das bagaceiras?
O cheiro bom do mel borbulhando nas tachas?
A tropa dos pães de açúcar atraindo arapuás?
Onde é que mugem os meus bois trabalhadores?
Onde é que cantam meus caboclos lambanceiros?
Onde é que dormem de papos para o ar os bebedores
de resto de alambique?
E os senhores de espora?
E as sinhás-donas de cocó?

........................

O meu banguezinho era tão diferente,
vestidinho de branco, o chapeuzinho do telhado sobre os olhos,
fumando o cigarro do boeiro pra namorar a mata virgem.
Nos domingos tinha missa na capela
e depois da missa uma feira danada:
a zabumba tirando esmola para as almas;
e os cabras de faca de ponta na cintura,
a camisa por fora das calças:
"Mão de milho a pataca!"
"Carretel marca Alexandre a doistões!"
Cadê você meu país de banguês
com as cantigas da boca da moenda:
"Tomba cana João que eu já tombei!"
E o eixo de maçaranduba chorando
talvez os estragos que a cachaça ia fazer!

.......................

Cadê a sua casa-grande, banguê,

...............

com as suas Donanas alcoviteiras?
Com seus Totôs e seus Pipius corredores de cavalhadas?
E as suas molecas catadoras de piolho,
e as suas negras Calus, que sabiam fazer munguzás,
manuês,
cuscuz,
e suas sinhás dengosas amantes dos banhos de rio
e de redes de franja larga!
Cadê os nomes de você, banguê?

...........................................

Ah, Usina Leão, você engoliu
os banguezinhos do país das Alagoas!

...............................


Glossário - banguê: engenho de açúcar primitivo, movido a força animal.

(LIMA, Jorge de. Poesias Completas. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1974, v. I, p. 161-163)


O poema alude

Alternativas
Comentários
  • Graziela, entendo que que seja a LETRA A, pelo seguinte:


    cultura popular, tradições nordestinas, cotidianos dos engenhos (banguê) são as palavras chave:


    "Nos domingos tinha missa na capela
    e depois da missa uma feira danada:
    a zabumba tirando esmola para as almas;
    e os cabras de faca de ponta na cintura,
    a camisa por fora das calças: "


    cultura e tradições lá do nordeste, segundo o poema.


    "O cheiro bom do mel borbulhando nas tachas?
    A tropa dos pães de açúcar atraindo arapuás?
    Onde é que mugem os meus bois trabalhadores? "


    cotidiano dos engenhos.


    OBS: são apenas partes exemplificativas. no poema há mais partes.

  • Na letra "E" há extrapolação na interpretação, visto que fala de desenvolvimento regional, o que não é citado no poema.

  • Discordo da resposta, mas a FCC coloca o que ela quer.

  • "época colonial"?????????

    Onde diz isso no texto???