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ID
1119352
Banca
FGV
Órgão
DPE-RJ
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

XÓPIS

Não foram os americanos que inventaram o shopping center. Seus antecedentes diretos são as galerias de comércio de Leeds, na Inglaterra, e as passagens de Paris pelas quais flanava, encantado, o Walter Benjamin. Ou, se você quiser ir mais longe, os bazares do Oriente. Mas foram os americanos que aperfeiçoaram a ideia de cidades fechadas e controladas, à prova de poluição, pedintes, automóveis, variações climáticas e todos os outros inconvenientes da rua. Cidades só de calçadas, onde nunca chove, neva ou venta, dedicadas exclusivamente às compras e ao lazer - enfim, pequenos (ou enormes) templos de consumo e conforto. Os xópis são civilizações à parte, cuja existência e o sucesso dependem, acima de tudo, de não serem invadidas pelos males da rua.

Dentro dos xópis você pode lamentar a padronização de lojas e grifes, que são as mesmas em todos, e a sensação de estar num ambiente artificial, longe do mundo real, mas não pode deixar de reconhecer que, se a americanização do planeta teve seu lado bom, foi a criação desses bazares modernos, estes centros de conveniência com que o Primeiro Mundo - ou pelo menos uma ilusão de Primeiro Mundo - se espraia pelo mundo todo. Os xópis não são exclusivos, qualquer um pode entrar num xópi nem que seja só para fugir do calor ou flanar entre as suas vitrines, mas a apreensão causada por essas manifestações de massa nas suas calçadas protegidas, os rolezinhos, soa como privilégio ameaçado. De um jeito ou de outro, a invasão planejada de xópis tem algo de dessacralização. É a rua se infiltrando no falso Primeiro Mundo. A perigosa rua, que vai acabar estragando a ilusão.

As invasões podem ser passageiras ou podem descambar para violência e saques. Você pode considerar que elas são contra tudo que os templos de consumo representam ou pode vê-las como o ataque de outra civilização à parte, a da irmandade da internet, à civilização dos xópis. No caso seria o choque de duas potências parecidas, na medida em que as duas pertencem a um primeiro mundo de mentira que não tem muito a ver com a nossa realidade. O difícil seria escolher para qual das duas torcer. Eu ficaria com a mentira dos xópi

No texto aparece a expressão “primeiro mundo” grafada de duas maneiras distintas: “...ou pelo menos uma ilusão de Primeiro Mundo” e “... as duas pertencem a um primeiro mundo de mentira...”.

Isso se explica pelo fato de :

Alternativas
Comentários
  • Ué, e por qual motivo não poderia ser a D?

  • Errei essa também. Pelo visto ele não ironiza, até porque ressalta que o primeiro mundo, em minúsculas, é de mentira. O que muda dos termos em maiúscula, para os em minúscula, descartando a possibilidade de ironia, seria, realmente a letra E, visto que descartariam-se as demais.  

  • Não seria a D porque o texto diz "na medida em que as duas pertencem a um primeiro mundo de mentira que não tem muito a ver com a nossa realidade". Se "não tem muito a ver com nossa realidade", então o termo não pode ironizar a nossa realidade, já que o "primeiro mundo de mentira" não se refere a ela.

  • Gab. (E)

    O texto mostra uma realidade sobre duas óticas, a de dentro do xópis, e a de fora do xópis. A de dentro transmite a sensação de ''Primeiro Mundo'', aquele que é idealizado em nossas cabeças, do lindo e esplendoroso. Já a de fora, mesmo estando em um Primeiro Mundo, nos situa a realidade social nua e crua, ou seja, a de ''primeiro mundo'' real e não imaginário.

  • duas realidades dentre Primeiro Mundo e a de fora primeiro mundo