- ID
- 1130881
- Banca
- CEFET-MG
- Órgão
- CEFET-MG
- Ano
- 2014
- Provas
- 
                - CEFET-MG - 2014 - CEFET-MG - Administrador
- CEFET-MG - 2014 - CEFET-MG - Arquivista
- CEFET-MG - 2014 - CEFET-MG - Assistente Social
- CEFET-MG - 2014 - CEFET-MG - Bibliotecário Documentalista
- CEFET-MG - 2014 - CEFET-MG - Contador
- CEFET-MG - 2014 - CEFET-MG - Engenheiro Civil
- CEFET-MG - 2014 - CEFET-MG - Jornalista
- CEFET-MG - 2014 - CEFET-MG - Pedagogo
 
- Disciplina
- Português
- Assuntos
                       A língua não pode servir para a exclusão social 
        Dizer  em  voz  alta  que  as  formas  não  normatizadas  também  estão  corretas  é  impedir  que  o  conhecimento  da  norma  tradicional  seja usado  como um  instrumento de perseguição, de discriminação,  de  humilhação  do  outro,  ou  como  uma  espécie  de  saber  esotérico,  reservado para alguns iluminados de inteligência superior... 
Porque o verdadeiro problema, a verdadeira questão social implicada nisso tudo não tem a ver com o fato de se usar a regra A ou a regra B. Tem a ver, isso sim, com o uso social perverso que se faz do domínio desse suposto saber: “Eu sei usar a passiva sintética, eu sei usar o acento indicador de crase, eu sei usar os pronomes oblíquos, mas você não... Por isso eu sou mais inteligente, estou mais preparado para exercer o comando, pertenço a uma casta superior”.
É esse o discurso, muitas vezes não explicitado, dissimulado, oculto na atitude de quem usa o seu conhecimento da gramática normativa como um instrumento de distinção, como se saber a regência “correta” do verbo implicar implicasse em algum tipo de vantagem, de superioridade, de senha secreta para um ingresso num círculo de privilegiados.
Conhecer a história da língua, a tradição gramatical, a riqueza do nosso vocabulário, a beleza da nossa literatura oral e escrita, o potencial de nossa linguagem - tudo isso é muito bom, é precioso e deve ser cultivado. Só não podemos admitir que alguém transforme tudo isso numa arma, num arame farpado, numa cerca eletrificada ou em qualquer outro instrumento de exclusão social.
Porque o verdadeiro problema, a verdadeira questão social implicada nisso tudo não tem a ver com o fato de se usar a regra A ou a regra B. Tem a ver, isso sim, com o uso social perverso que se faz do domínio desse suposto saber: “Eu sei usar a passiva sintética, eu sei usar o acento indicador de crase, eu sei usar os pronomes oblíquos, mas você não... Por isso eu sou mais inteligente, estou mais preparado para exercer o comando, pertenço a uma casta superior”.
É esse o discurso, muitas vezes não explicitado, dissimulado, oculto na atitude de quem usa o seu conhecimento da gramática normativa como um instrumento de distinção, como se saber a regência “correta” do verbo implicar implicasse em algum tipo de vantagem, de superioridade, de senha secreta para um ingresso num círculo de privilegiados.
Conhecer a história da língua, a tradição gramatical, a riqueza do nosso vocabulário, a beleza da nossa literatura oral e escrita, o potencial de nossa linguagem - tudo isso é muito bom, é precioso e deve ser cultivado. Só não podemos admitir que alguém transforme tudo isso numa arma, num arame farpado, numa cerca eletrificada ou em qualquer outro instrumento de exclusão social.
BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso. Por uma pedagogia da variação linguística. São Paulo: Parábola editorial, 2007.
A linguagem figurada foi utilizada para criticar o uso da língua como instrumento a serviço do preconceito socioeconômico em