"O Serviço Social na cena contemporânea", este texto, propõe apresentar uma visão panorâmica do Serviço
Social na atualidade, considerando esta temática central. Ele se compõe de quatro partes: a
introdução analisa, sob um viés crítico, as competências profissionais, resguardadas pela
legislação, no âmbito do projeto do Serviço Social brasileiro contemporâneo, comprometido
com a defesa dos direitos; a segunda parte apresenta a análise do Serviço Social no âmbito
das relações entre as classes socais e destas com o Estado e o significado social da profissão
no processo de reprodução das relações sociais; a terceira parte trata das relações entre
trabalho, “questão social” e Serviço Social na era das finanças; a quarta parte aborda os
direitos e competências profissionais no marco das tensas relações entre os princípios
norteadores do projeto profissional e a condição de trabalhador assalariado do assistente
social; finalmente, situa alguns desafios históricos que se apresentam aos assistentes sociais
na cena contemporânea.
Diferentes recortes temáticos na abordagem do Serviço Social : a tese do
sincretismo da prática indiferenciada (NETTO, 1991, 1992, 1996); a tese da identidade
alienada (MARTINELLI, 1989); a tese da correlação de forças (FALEIROS, 1980, 1981, 1987,
1999a 1999b); a tese da assistência social (SANTOS, 1982; YAZBEK, 1993, 1999); a tese da
proteção social (COSTA, 1995a, 1995b) e a tese da função pedagógica do assistente social
(ABREU, 2002).
O Serviço Social, no Brasil, afirmou-se como profissão requisitada pelo setor público, face à progressiva ampliação da função reguladora do Estado, e vinculada a organizações patronais privadas, de caráter empresarial, dedicadas às atividades produtivas e a prestação de serviços sociais (Iamamoto e Carvalho, 1986, p. 79).
Iamamoto (2008) ao analisar a tese da assistência social desenvolvida por
Yazbek, refere que a autora define o Assistente Social como o “profissional da
assistência”, ou seja, como aquele que se insere nos equipamentos
socioassistenciais e exerce o papel de mediador entre o Estado, a instituição e as
classes subalternas. Chama atenção para a relação de pulverização de demandas
que as instituições da Assistência estabelecem com o público-alvo, o que abre
caminho ao clientelismo no trato da questão social. O Assistente Social, ao executar
o que lhe é demandado pela instituição, apresenta em sua atuação, o que Yazbek
denomina de controle social, ou seja, permanece na aparência de efetuar uma
concessão de benefícios e não de reconhecimento de direitos.