- ID
- 1164355
- Banca
- FAFIPA
- Órgão
- Câmara Municipal de Guairáça - PR
- Ano
- 2013
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
                    Manifestações no Brasil: quais as razões? 
          O início das manifestações populares no  Brasil, desde o meio de junho, deixou perplexas as  autoridades da União, estados e municípios. De um  protesto contra o aumento da passagem dos ônibus, a  população incorporou temas pouco discutidos. Em  que cenário surgiram os questionamentos por parte da  população? São vários, mas alguns desses assuntos  refletem diretamente na vida das pessoas. 
          O cenário econômico internacional revela que  nossos problemas internos não são causados por  fatores vindos de fora; o cenário interno revela  aumento da inflação, baixo crescimento da economia  sem perspectivas de melhora no curto e médio prazo,  perda de poder aquisitivo face a reajustes automáticos  de serviços públicos privatizados (pedágio, transporte  coletivo, telecomunicações, energia) e serviços  prestados ao povo sem o padrão Fifa; para a Copa de  2014, houve gastos questionáveis para construir  estádios particulares sem a transparência adequada e  necessária. A Fifa, uma entidade privada internacional,  impõe (e o governo aceita) exigências que ignoram  nossa soberania. 
          Além disso, há uma sensação de que os  condenados pelo mensalão não irão ficar atrás das  grades. Aumenta a corrupção porque a impunidade  assegura meios de os políticos corruptos escaparem  da prisão. A PEC 37, já derrubada, defendia que o  Ministério Público não tivesse mais o poder  investigativo (contra corrupção, desvio de recursos,  obras superfaturadas etc.), e pergunta-se: quem se  beneficiaria com a exclusão do MP das investigações? 
          Há um silêncio sepulcral por parte dos  governantes (nas três esferas) quando a população  questiona algum gasto público não esclarecido quanto  ao seu objetivo ou necessidade. Nenhuma discussão  sobre a adoção de medidas econômicas que podem  afetar a política fiscal, em que mais gastos são  autorizados sem contrapartida de receita. Não se  propõe uma reforma tributária com menos impostos,  gastos com maior retorno econômico e social, com um  substancial corte de despesas da União, estados e  municípios. 
          No dia 21, a presidente da República falou  para a nação em cadeia nacional de rádio e televisão,  buscando dar respostas aos anseios da população.  Atitude louvável, mas o que o povo questiona já não  deveria ser de conhecimento de todas as autoridades?  A presidente pode dar as respostas junto com os  demais poderes. Que cada poder assuma suas  atribuições de fato, cortando os próprios privilégios.  Hoje, o político cassado volta para sua casa legislativa,  o condenado pelo Supremo não está na cadeia e à  população cabe somente a tarefa de pagar impostos. 
          O Brasil precisa mudar, e muito. E que comece  pelo poder político, que é a reforma mais urgente de  que a nação precisa. A reforma política de verdade  deve contemplar fidelidade partidária, voto distrital,  mandato do partido e não do político, fim da reeleição  para todos os níveis, vereador como trabalho  voluntário e não remunerado, cargos comissionados  representando no máximo 2% do total de servidores, e  fim do aparelhamento do Estado com indicações  políticas. O que é necessário para mudar o país de  agora e do futuro não são medidas pontuais para  baixar o preço da passagem, mas medidas profundas,  estruturais, de curto, médio e longo prazo. 
Moisés Farah Jr., economista, é professor do mestrado  profissional de Planejamento e Governança Pública da 
 Cargo: SECRETÁRIO EXECUTIVO  
UTFPR.  	Disponível 
	
em: 
http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao   	 
 
Identifique o núcleo do sujeito desta oração: "O início das manifestações populares no Brasil, desde o meio de junho, deixou perplexas as autoridades da União, estados e municípios" (1º parágrafo).