Alternativas
Em busca de tornar-se senhor do tempo, o homem
debruça-se sobre o passado, com a clara intenção de
haver-se com o presente, de modo que o amanhã seja
seu. Vencer a esfera milenar é criar o novo tempo, a
nova história, a nova sociedade, livre dos achaques da
anterior.
Transposto da linguagem teológica para a política ou historiográ?ca, essa preocupação representa simbolicamente a luta contra as circunstâncias do aqui e do agora, em nome de valor maior a recuperar ou a alcançar.
Mesmo que haja abstração da tradição cristã, cuja in?uência na matriz de pensamento ocidental é, contudo, inegável, pela re?exão e pelo agir históricos, caracteriza a ação humana
O impasse da destruição iminente, o sofrimento agudo, a ameaça de perda de identidade, o risco de aniquilação, eis experiências radicais que engendram rapidamente o recurso à re?exão histórica, e à ação política, para domesticar o tempo que pareceria escapar, qual areia, por entre os dedos.
Tanto na Antigüidade tardia, no choque entre judeus e Roma que resultaram na destruição de Jerusalém, quanto no Portugal órfão de Dom Sebastião ou ainda no Brasil de Antônio Conselheiro, apanhado na transição da monarquia para a república a projeção de um ideal salvador traz para atores e pensadores o quadro de uma domesticação do tempo.