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ID
119065
Banca
FCC
Órgão
TRF - 4ª REGIÃO
Ano
2010
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                              O cosmopolita desenraizado

      Quando Edward Said morreu, em setembro de 2003, após batalhar por uma década contra a leucemia, era provavelmente o intelectual mais conhecido do mundo. Orientalismo, seu controvertido relato da apropriação do Oriente pela literatura e pelo pensamento europeu moderno, gerou uma subdisciplina acadêmica por conta própria: um quarto de século após sua publicação, a obra continua a provocar irritação, veneração e imitação. Mesmo que seu autor não tivesse feito mais nada, restringindo-se a lecionar na Universidade Columbia, em Nova York - onde trabalhou de 1963 até sua morte ?, ele ainda teria sido um dos acadêmicos mais influentes do final do século XX.


      Mas ele não viveu confinado. Desde 1967, cada vez com mais paixão e ímpeto, Edward Said tornou-se também um comentarista eloquente e onipresente da crise do Oriente Médio e defensor da causa dos palestinos. O engajamento moral e político não chegou a constituir um deslocamento da atenção intelectual de Said - sua crítica à incapacidade do Ocidente em entender a humilhação palestina ecoa, afinal, em seus estudos sobre o conhecimento e ficção do século XIX, presentes em Orientalismo e em obras subsequentes. Mas isso transformou o professor de literatura comparada da Universidade de Columbia num intelectual notório, adorado ou execrado com igual intensidade por milhões de leitores.

      Foi um destino irônico para um homem que não se encaixava em quase nenhum dos modelos que admiradores e inimigos lhe atribuíam. Edward Said passou a vida inteira tangenciando as várias causas com as quais foi associado. O "porta-voz" involuntário da maioria dos árabes muçulmanos da Palestina era cristão anglicano, nascido em 1935, filho de um batista de Nazaré. O crítico intransigente da condescendência imperial foi educado em algumas das últimas escolas coloniais que treinavam a elite nativa nos impérios europeus; por muitos anos falou com mais facilidade inglês e francês do que árabe, sendo um exemplo destacado da educação ocidental com a qual jamais se identificaria totalmente.

      Edward Said foi o herói idolatrado por uma geração de relativistas culturais em universidades de Berkeley a Mumbai, para quem o "orientalismo" estava por trás de tudo, desde a construção de carreiras no obscurantismo "pós-colonial" até denúncias de "cultura ocidental" no currículo acadêmico. Mas o próprio Said não tinha tempo para essas bobagens. A noção de que tudo não passava de efeito linguístico lhe parecia superficial e "fácil". Os direitos humanos, como observou em mais de uma ocasião, "não são entidades culturais ou gramaticais e, quando violados, tornam-se tão reais quanto qualquer coisa que possamos encontrar".

            (Adaptado de Tony Judt. "O cosmopolita desenraizado". Piauí, n. 41, fevereiro/2010, p. 40-43)

Observam-se corretamente as regras de concordância verbal e nominal em:

Alternativas
Comentários
  • a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como entre os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofisticadas às mais humildes, SÃO (Concorda com desenraizamento)cada vez mais comuns nos dias de hoje. - Errado b) A importância de intelectuais como Edward Said e Tony Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões polêmicas de seu tempo, não ESTÃO (Concorda com importância) apenas nos livros que escreveram. - Errado c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre árabes e judeus, responsável por tantas mortes e tanto sofrimento, ESTEJAM (Concorda com conflito) próximos de serem resolvidos ou pelo menos de terem alguma trégua. - Errado d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a verdade, ainda que conscientes de que esta é até certo ponto relativa, costumam encontrar muito mais detratores que admiradores. - Correto e) No final do século XX já não se VIAM muitos intelectuais e escritores como Edward Said, que não apenas era notícia pelos livros que publicavam como pelas posições que corajosamente assumiam. - Errado
  • O que o IRRAILSON FERREIRA falou não é macete, se quiser acertar sem chutar, apelando apenas para seu ouvido ou boa impressão vai quebrar a cara.


  • A frase tem que ser analisada como um todo, mas a dica que o colega deu ajuda e muito, pois depois de verificar a oração principal podemos analisas as subordinadas. 
  • a)O desenraizamento, não só entre intelectuais como entre os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofisticadas às mais humildes, são cada vez mais comuns nos dias de hoje. ERRADO.

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    O desenraizamento é cada vez mais comum nos dias de hoje, não só entre intelectuais como entre os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofisticadas às mais humildes.

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    b)A importância de intelectuais como Edward Said e Tony Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões polêmicas de seu tempo, não estão apenas nos livros que escreveram. ERRADO..

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    A importância de intelectuais como Edward Said e Tony Judt, que não se furtaram (eles) ao debate sobre questões polêmicas de seu tempo, não está apenas nos livros que escreveram.

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    A importância de intelectuais como Edward Said e Tony Judt não está apenas nos livros que escreveram...

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    c)Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre árabes e judeus, responsável por tantas mortes e tanto sofrimento, estejam próximos de serem resolvidos ou pelo menos de terem alguma trégua. ERRADO.

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    Nada indica que o conflito entre árabes e judeus no Oriente Médio, responsável por tantas mortes e tanto sofrimento, esteja próximo de ser resolvido ou pelo menos de ter alguma trégua.

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    d)Intelectuais que têm compromisso apenas com a verdade, ainda que conscientes de que esta é até certo ponto relativa, costumam encontrar muito mais detratores que admiradores. CORRETA.

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    Os intelectuais (conscientes) têm compromisso. Os intelectuais costumam...

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    e)No final do século XX já não se via muitos intelectuais e escritores como Edward Said, que não apenas era notícia pelos livros que publicavam como pelas posições que corajosamente assumiam. ERRADO.

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    Já não se viam muitos intelectuais e escritores como Edward Said no final do século XX, que não apenas era notícia pelos livros que publicavam como pelas posições que corajosamente assumiam.

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    Muitos intelectuais e escritores (como Edward Said), no final do século XX, já não se viam...

  • LETRA D. 

    a)O desenraizamento, não só entre intelectuais como entre os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofisticadas às mais humildes, são cada vez mais comuns nos dias de hoje.ERRADO 

    O desenraizamento ...É cada vez mais COMUM nos dias de hoje. 

      b) A importância de intelectuais como Edward Said e Tony Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões polêmicas de seu tempo, não estão apenas nos livros que escreveram. ERRADO 

    A importância (núcleo do sujeito) ... não ESTÁ apenas nos livros que escreveram 

      c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre árabes e judeus, responsável por tantas mortes e tanto sofrimento, estejam próximos de serem resolvidos ou pelo menos de terem alguma trégua.ERRADO 

    ....que o conflito..... ESTEJA próximo de SER RESOLVIDO ou pelo menos de TER alguma trégua. 

      d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a verdade, ainda que conscientes de que esta é até certo ponto relativa, costumam encontrar muito mais detratores que admiradores.CORRETO 

    Intelectuais ... COSTUMAM ENCONTRAR muito amais detratores... 

      e) No final do século XX já não se via muitos intelectuais e escritores como Edward Said, que não apenas era notícia pelos livros que PUBLICAVA como pelas posições que corajosamente ASSUMIA.

    VER- Verbo transitivo direito (vtd) + se(particula apassivadora) : Se o verbo é transitivo direto e vem acompanhado de "se", esse será particula apassivadora e haverá sujeito - 

    Muitos intelectuais e escritores (sujeito paciente) já não se VIAM no final do século XX...

    Edward Said  que (pronome relativo refere-se ao termo que o antecede) PUBLICAVA ... ASSUMIA 

  • Sobre a letra D (O gabarito): 

    É possível suprimir a preposição "do" no caso de comparações com "mais" e com "menos"; mas a presença da preposição pode dar mais clareza ao discurso, enquanto que a omissão da preposição pode muitas vezes deixar a frase mais eufônica.

      

      

    Ex:

      
    -Queremos mais do que isso. / Queremos mais que isso.

      

    -Pago menos do que isso. / Pago menos que isso.

      

    -Todos sabem menos do que o gênio. / Todos sabem menos que o gênio.

       

     

     

    Fonte: Instituto Euclides da Cunha