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ID
1213741
Banca
AOCP
Órgão
INES
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Alarmismo ambiental e consumo

Maílson da Nóbrega

   1.§ Muitos previram o fim do mundo nos últimos 200 anos. Thomas Malthus (1766-1834) falava em risco de catástrofe humana. Para ele, como a população crescia em progressão geométrica e a produção de alimentos em progressão aritmética, a fome se alastraria. Assim, para controlar a expansão demográfica, Malthus defendia a abstinência sexual e a negação de assistência à população em hospitais e asilos. O risco foi superado pela tecnologia, que aumentou a produtividade agrícola. 
    2.§ Hoje, o alarmismo vem de ambientalistas radicais. A catástrofe decorreria do aquecimento global causado basicamente pelo homem, via emissões de dióxido de carbono. Em 2006, o governo britânico divulgou relatório de grande repercussão, preparado por sir Nicholas Stern, assessor do primeiro-ministro Tony Blair. Stern buscava alertar os que reconheciam tal aquecimento, mas julgavam que seria um desperdício enfrentá-lo. O relatório mereceu dura resposta de Nigel Lawson, ex-ministro de Energia e da Fazenda de Margaret Thatcher, hoje no grupo dos “céticos”, isto é, os que duvidam dos ambientalistas. No livro An Appeal to Reason (2008), Lawson atribuiu objetivos políticos ao documento, que não teria mérito nas conclusões nem nos argumentos. 
   3.§ Lawson afirma que o aquecimento não tem aumentado desde a virada do século e que são comuns oscilações da temperatura mundial. Há 400 anos, o esfriamento conhecido como “pequena era do gelo” fazia o Rio Tâmisa congelar no inverno. Mil anos atrás, bem antes da industrialização — que se diz ser a origem da mudança climática —, houve um “aquecimento medieval”, com temperaturas tão altas quanto as atuais. “Muito antes, no Império Romano, o mundo era provavelmente mais quente”, assinala. De fato, sempre me chamou atenção o modo de vestir de gregos e romanos, que aparecem em roupas leves em pinturas da Grécia e da Roma antigas. Nunca vi um deles metido em pesados agasalhos como os de hoje. 
   4.§ Entre Malthus e os ambientalistas, surgiram outros alarmistas. Em 1968, saiu o livro The Population Bomb, do biologista americano Paul Ehrlich, no qual o autor sustentava que o tamanho excessivo da população constituiria ameaça à sobrevivência da humanidade e do meio ambiente. Em 1972, o Clube de Roma propôs o “crescimento zero” como forma de enfrentar a exaustão rápida de recursos naturais. Ehrlich defendia a redução do crescimento populacional; o Clube de Roma, a paralisia do crescimento econômico. Nenhum dos dois estava certo. 
   5.§ Em artigo na última edição da revista Foreign Affairs, Bjom Lomborg, destacado “cético”, prova o enorme fracasso das previsões catastróficas do Clube de Roma. Dizia-se que em uma geração se esgotariam as reservas de alumínio, cobre, ouro, chumbo, mercúrio, molibdênio, gás natural, petróleo, estanho, tungstênio e zinco. As de mercúrio, então sob forte demanda, durariam apenas treze anos. Acontece que a inovação tecnológica permitiu substituir o mercúrio em baterias e outras aplicações. Seu consumo caiu 98%; o preço, 90%. As reservas dos demais metais aumentaram e outras inovações reduziram sua demanda. O colapso não ocorreu. 
  6.§ Como o Clube de Roma pode ter errado tanto? Segundo Lomborg, seus membros desprezaram o talento e a engenhosidade do ser humano e “sua capacidade de descobrir e inovar”. Se as sugestões tivessem sido acatadas, meio bilhão de chineses, indianos e outros teriam continuado muito pobres. Lomborg poderia ter afirmado que o Brasil estaria mais desigual e não haveria a ascensão da classe C. 
   7.§ Apesar de tais lições, volta-se a falar em limites físicos do planeta. Na linha do Clube de Roma, defende-se o estancamento da expansão baseada no consumo de bens materiais. Se fosse assim, inúmeros países seriam congelados em seu estado atual, sem poder reduzir a pobreza nem promover o bem-estar. 
   8.§ Mesmo que o homem não seja a causa básica do aquecimento, é preciso não correr riscos e apoiar medidas para conter as emissões. Mas também resistir a ideias de frear o consumo. Além de injusta, a medida exigiria um impossível grau de coordenação e renúncia ou um inconcebível comando autoritário. Desprezaria, ademais, a capacidade do homem de se adaptar a novas e desafiantes situações.

Revista Veja, edição 2.285. p. 24.

Assinale a alternativa cuja expressão destacada NÃO remete a algo já mencionado no texto.

Alternativas
Comentários
  • QUestão estranha...todas as palavras são encontradas nos paragrafos correspondentes... inclusive a "ceticos"

  • Não compreendi esta questão... todas as palavras são encontradas no texto

  • Na letra A e B ele retoma o crescimento da população e o da produção agricola

    Na letra C ele resume "alarmismo" na frase dita anteriormente, quando muitos previam o fim do mundo
    Na letra D ele resume "documentos", quando cita "Em 2006, o governo Britânico divulgou relatórios
    A letra E é a unica que não remete a algo mencionado. Os céticos podem ser os alarmistas que acreditavam no fim do mundo, ou aos que não acreditavam.

  • Priscilla Silva, perceba que o comando da questão pede

    Assinale a alternativa cuja expressão destacada NÃO remete a algo já mencionado no texto


  • Rafael e Priscilla, todas as palavras são encontradas no texto. Entretanto, como a Paolla falou, o comando da questão pede para destacar a alternativa cujo o termo em destaque não remete a algo já mensionado no texto. Como se vê, o termo "cético" não se refere àqueles que são opositores aos ambientalistas, uma vez que tal entendimento é encontrado na oração apositiva explicativa que vem depois do termo. :)
  • a) expansão demográfica - retoma a população crescia em progressão artimética.

    b) a produtividade agrícola - retoma a produção de alimentos em progressão artimética.

    c) alarmismo - retoma a previsão do fim do mundo.

    d) documento - retoma em 2006, o Governo britânico divulgou o relatório.

    e) Céticos - Existem aqueles que eram alarmistas e existem aqueles que não acreditaram naquele alarmismo todo ou sejam desconfiavam daquelas teorias alarmistas todas. Assim, a gente consegue inferir quem são os céticos, mas não porque esta palavra tenha uma referência anterior no texto, a referência está na nossa pressuposição, porque se existem os alarmistas e existem os céticos nós temos que entender que os céticos são aqueles que não são os alarmistas, mas, isto, não está mencionado no texto..

     

    Gabarito: E

     

    Fonte: Professora Isabel (QC)

  • Não é que as palavras são encontradas anteriormente no texto. O que existe é clara referência a elas antes mesmo delas aparecerem. Coisa que não se verifica em "céticos"

     

    "Cético" não retoma algo anteriomente citado, mas antecede o termo "os que duvidam dos ambientalistas..." apenas mirando o "isto é" , explicação que segue... dava pra presumir.

    Avante!

  • A questão não é se os termos aparecem no texto, e sim qual deles não faz menção, por meio de sinônimo a algo já dito. É um recurso de coesão.

  • Céticos é o único com referência catáforica (os que duvidam dos ambientalistas), todas as demais alternativas possuem referencial anafórico