O nosso projeto profissional foi construído no contexto histórico de
transição dos anos 1970 aos 1980, num processo de redemocratização da sociedade brasileira, recusando o conservadorismo profissional presente no Serviço Social brasileiro. Constata-se o seu amadurecimento na década de 1990, período de
profundas transformações societárias que afetam a produção, a economia, a política, o Estado, a cultura, o trabalho, marcadas pelo modelo de acumulação flexível (Harvey) e pelo neoliberalismo.
Condições necessárias para desenvolver e aprofundar o projeto ético-político:
- Condição política, que teve na luta pela democracia seu principal rebatimento, onde as aspirações democráticas e populares foram
incorporadas e intensificadas pelas vanguardas do Serviço Social.
- Espaço legitimado na academia, que permitiu a profissão estabelecer fecunda interlocução com as Ciências Sociais e criar e revelar
quadros intelectuais respeitados no conjunto da categoria.
- Debate sobre a formação profissional, cujo empenho foi dirigido no sentido de adequá-la às novas condições postas, em um marco democrático da questão social. Em suma, a construção de um novo perfil profissional.
No interior da categoria profissional, modalidades prático-interventivas tradicionais foram ressignificadas e novas áreas e campos
de intervenção foram emergindo devido, sobretudo, às conquistas dos direitos cívicos e sociais que acompanharam a restauração democrática na sociedade brasileira (práticas interventivas junto a categorias sociais como criança, adolescente, mulheres, e outras.
Fonte: http://cress-es.org.br/projetoetico.htm
Para matar essa questão basta lembrar do III CONGRESSO
BRASILEIRO DE ASSISTENTES SOCIAIS que aconteceu em São Paulo em 1979. Esse congresso foi promovido pelo Conselho Federal de
Assistentes Sociais sobre o tema "Serviço Social e
política social". O evento questionou o conservadorismo de sua
própria organização, foi denominado de "Congresso da Virada", constituindo-se em marco no processo de politização e mobilização dos
profissionais e estudantes de Serviço Social e na reativação das entidades
sindicais em todo o país.
Significou rompimento
do Serviço Social tradicional, ruptura com a neutralidade da profissão. É considerado por muitos teóricos como o maior
acontecimento que reflete o posicionamento de se romper com o conservadorismo
no Serviço Social, pois é nele que os profissionais passam a afirmar seu compromisso com a
classe trabalhadora, contribuindo
para consolidar uma consciência da prática profissional, bem como influenciando
na construção do projeto ético-político da
categoria. Conforme
José Paulo Netto, pág. 141: “Este período marca um momento importante no
desenvolvimento do Serviço Social no Brasil, vincado especialmente pelo
enfrentamento e pela denuncia do conservadorismo profissional.”
Nas palavras de Netto, o objeto deste debate – e, sobretudo, a própria construção deste projeto no marco do Serviço Social no Brasil – tem uma história que não é tão recente, iniciada na transição da década de 1970 à de 1980. Este período marca um momento importante no desenvolvimento do Serviço Social no Brasil, vincado especialmente pelo enfrentamento e pela denúncia do conservadorismo profissional. É neste processo de recusa e crítica do conservadorismo que se encontram as raízes de um projeto profissional novo, precisamente as bases do que se está denominando projeto ético-político.
Por José Paulo Netto - A Construção do Projeto Ético-Político do Serviço Social∗