SóProvas


ID
1238158
Banca
FCC
Órgão
TCE-PI
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                        Fundas canções

        “Existirmos, a que será que se destina?" - pergunta um verso de Caetano Veloso em sua bela canção “Cajuína", nascida numa visita a amigo em Teresina. Que faz numa canção popular essa pergunta fundamental sobre o propósito mesmo da vida humana? - perguntarão aqueles que preferem separar bem as coisas, julgando que somente os gêneros “sérios" podem querer dar conta das questões “sérias". O preconceito está em não admitir que haja inteligência - e das fulgurantes, como a de Caetano Veloso - entre artistas populares. O fato é que a pergunta dessa canção, tão sintética e pungente, incide sobre o primeiro dos nossos enigmas: o da finalidade da nossa existência.

        Não seria difícil encontrarmos em nosso cancioneiro exemplos outros de pontos de reflexão essencial sobre nossa condição no mundo. Em “A vida é um moinho", de Cartola, ou em “Esses moços", de Lupicínio Rodrigues, ou ainda em “Juízo final", de Nelson Cavaquinho, há agudos lampejos reflexivos, nascidos de experiências curtidas e assimiladas. Não se trata de “sabedoria popular": é sabedoria mesmo, sem adjetivo, filtrada por espíritos sensíveis que encontraram na canção os meios para decantar a maturidade de suas emoções. Até mesmo numa marchinha de carnaval, como “A jardineira", do Braguinha, perguntamos: “Ó jardineira, por que estás tão triste? Mas o que foi que te aconteceu?" - para saber que a tristeza dela vem da morte de uma camélia. Essa pequena tragédia, cantada enquanto se dança, mistura-se à alegria de todos e funde no canto da vida o advento natural da morte: “Foi a camélia que caiu do galho, deu dois suspiros e depois morreu..."

        Mesmo em nosso folclore, compositores anônimos alcançaram um tom elevado na dicção aparentemente ingênua de uma cantiga de roda. Enquanto se brinca, canta-se: “Menina, minha menina / Faz favor de entrar na roda / Cante um verso bem bonito / Diga adeus e vá-se embora". Não será essa uma expressão justa do sentido mesmo de nossa vida: entrar na roda, dizer a que veio e ir-se embora? É o que cantam as alegres crianças de mãos dadas, muito antes de se preocuparem com a metafísica ou o destino da humanidade.


(BARROSO, Silvino, inédito)

Quanto ao tempo e ao modo, todas as formas verbais encontram-se adequadamente articuladas na seguinte construção:

Alternativas
Comentários
  • Resposta correta Letra C!


    a) a tese que defendemos


    b) e haveríamos de encontrar


    c) correta! apesar de parecer estranho, essa forma de conjugação do verbo surpreender está certinha:

    eu surpreender-me-ei
    tu surpreender-te-ás
    ele surpreender-se-á 
    nós surpreender-nos-emos 
    vós surpreender-vos-eis
    eles surpreender-se-ão


    d) caso tenha interesse....o estudioso entrangeiro encontrará


    e) Ao menos...



  • Por mais que tenha pesquisado não encontrei o erro da letra e. "A menos que" é invariável. Se alguém souber o erro e me deixar um recado em meu perfil, ficarei muito agradecido.

  • Acredito que o item E corrigido ficaria assim: A menos que desapareçam todos os preconceitos, sempre haverá quem negue poesia às nossas canções populares.

  • Juliana, acho que não é possível concordar presente do subjuntivo (que desapareçam) com preterito imperfeito do subjuntivo (negasse)
    Voupassar -, só acrescentando: o "surpreender-nos-emos" é devido à mesóclise. Pode tirar o "nos" para ver como o verbo fica: surpreenderemos